“A JUSTIÇA ÀS VEZES TARDA E FALHA”
Esse é o sentimento expressado pela família de Elias Costa, 44 anos, com a decisão desta quarta-feira (23) do juiz Helthon Neves Farias que concedeu liberdade à Ana Paula Gonçalves dos Santos acusada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MPES) de matar o marido e tentar dissolver o corpo dele com o uso de cal em Pinheiros, no Norte do Espírito Santo.
Em conversa com a reportagem de A Parresia, familiares da vítima lembram que a mulher tida como assassina, só foi presa em 23/08/2022, quase seis anos após o crime, a pedido do advogado da família da vítima. No entanto, segundo a família, causa “estranheza” a ordem de soltura vir 90 dias após o que chamaram de “temporada de férias na cadeia”, feita por Ana Paula.
A família de Elias argumenta que Ana Paula fez “de tudo” para ocultar o crime e evitar a punição. Primeiro, diz a família, ela matou o companheiro [envenenado, como diz o laudo cadavérico]. Em seguida, ocultou o corpo em um caixão improvisado e tentou desfazer do cadáver utilizando cal para buscar acelerar o processo de decomposição. A acusada ainda se passou pelo homem morto, utilizando-se do celular dele para mandar mensagem de feliz natal aos familiares. Quando era questionada por vizinhos sobre o paradeiro da vítima, ela dizia que ele havia ido viajar. E ainda, matou um gato e colocou no quintal da casa para confundir o odor sentido pela vizinhança. Depois, Ana Paula fugiu para Itaberaba, cidade baiana a cerca de 900 quilômetros de Pinheiros. Segundo a família, todo o enredo do crime, constataria agiu de forma livre e consciente no planejamento e execução da trama criminosa.
SOLTURA APÓS 90 DIAS NA PRISÃO
Ana Paula Gonçalves dos Santos passou pouco tempo na cadeia: foi presa no dia 23 de agosto deste ano, no município de Itaberaba, na Bahia, para onde fugiu após cometer o crime, ocorrido em 16 de dezembro de 2016, no bairro Jundiá, em Pinheiros. Na ocasião, segundo consta no laudo cadavérico, Elias Costa, 44 anos, foi assassinado por envenenamento. A acusada, Ana Paula, construiu um caixão com peças de guarda roupas, armazenou o corpo, jogou cal para tentar dissolver e adiantar o processo de decomposição, e “lacrou” o quarto para buscar evitar vazamento do odor da putrefação do corpo.
Elias Costa, foi dado como desaparecido pela família no dia 16 de dezembro de 2016 e a acusada foi vista deixando o imóvel às pressas. Dez dias depois, em 26 de dezembro daquele ano, o corpo da vítima foi encontrado em adiantado estado de decomposição no interior da casa do casal, escondido dentro de um caixão improvisado com peças de guarda-roupas. Segundo a Polícia Civil, Ana Paula alegou que matou o marido pois estava cansada de apanhar dele. Vizinhos corroboram essa versão. No entanto, a Polícia diz ter ficado comprovado que ela matou o marido intencionalmente e depois ocultou o corpo no interior da casa. Ou seja, teria sido um crime orquestrado.
Na decisão judicial em que mandou soltar a acusada, o magistrado argumenta que “a prisão preventiva da acusada foi decretada a fim de assegurar a lisura e efetividade da investigação criminal e futura instrução processual, bem como, para garantir a aplicação da lei penal, eis que esta não foi localizada no endereço anteriormente fornecido à Autoridade Policial, dando conta da fuga desta”.
“Contudo, após a juntada dos documentos que acompanham o pedido de revogação da preventiva, observo que a acusada possui endereço fixo, residindo atualmente na Vila São Vicente, zona rural de Itaberaba/BA, inclusive tendo se casada novamente, demonstrando, a princípio, ser pessoa trabalhadora, pelo que se pode intuir das declarações juntadas aos autos”, escreveu o juiz Helthon Neves Farias no alvará de soltura.
O juiz impôs medidas cautelares como “não mudar [de endereço]; proibição de ausentar-se de seu domicílio por mais de 5 (cinco) dias sem autorização prévia deste juízo; manter atualizados seu endereço e telefones nos autos”. Caso descumpra uma dessas medidas, o juiz pode a mandar prender novamente.
A reportagem de A Parresia tenta contato com a defesa da acusada citada no texto.
Aparresia