O avanço da Covid-19 na região noroeste capixaba, que começou nos primeiros dias de maio e já atingiu todos os municípios – apenas Alto Rio Novo, que fica entre Mantenópolis e Pancas – ainda está invicto – foi destaque na prestigiada coluna de Leonel Ximenes, em A Gazeta, nesta quinta-feira, 21. De posse de informações muito consistentes, a coluna mostra porque cidades como Barra de São Francisco, Ecoporanga e Baixo Guandú, além de Colatina, tiveram uma explosão de casos da doença em poucos dias.
No caso de Barra de São Francisco, o colunista observa que o primeiro foco da doença aconteceu justamente onde não deveria, ou seja, no Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho (Hedamf), onde “a falta de exame rápido numa paciente suspeita”, provocou a explosão de casos que se vê hoje no município. Até o início da noite de ontem já havia 63 casos confirmados e 192 casos suspeitos.
“Quando se descobriu, dezenas de servidores estavam com o coronavírus, levando até médico de grupo de risco a pedir licença”, relata o colunista. O fato foi divulgado em primeira mão pelo site ocontestado.com, que, por sua vez, obteve a informação de servidores do próprio hospital.
O ex-diretor do Hedamf, Gustavo Lacerda, que deixou o cargo para tentar uma candidatura a prefeito da cidade, admitiu à nossa reportagem que a única paciente que veio a óbito no município foi quem desencadeou a contaminação no hospital.
De lá para cá, com a chegada dos testes rápidos, o número de servidores do Hedamf infectados chegou a mais de 30. Só que, antes da testagem, eles circularam pela cidade sem saber que estavam com a doença e o próprio prefeito Alencar Marim, admite que praticamente toda a sequência de contaminação no município teve origem no nosocômio.
Ecoporanga – No caso de Ecoporanga, que hoje tem 39 casos confirmados, 3 óbitos e 106 casos suspeitos, o colunista de A Gazeta observa que a tragédia teve como causa a “teimosia da família da primeira pessoa infectada, no distrito de Joassuba”.
Fontes da prefeitura confirmaram que, no primeiro momento, os casos se concentraram naquela localidade, mas que atualmente estão na Sede.
“Apesar do alarme e das medidas do prefeito, a população não está colaborando. As pessoas estão fazendo festa, se encontrando nas fazendas, saindo de casa. Isso só piora a situação”, disse uma fonte ligada a autoridades municipais de Ecoporanga.
Água Doce do Norte – Outra cidade onde os índices também estão altos é Água Doce do Norte, com 15 casos confirmados. Sem leitos de UTI, o pequeno município é totalmente dependente e Barra de São Francisco e Colatina para os casos graves e, por isso, o prefeito também decretou fechamento total do comércio local.
Baixo Guandu – Um pouco mais distante de Barra de São Francisco e no limite regional, o município, que também guarda a divisa do Espírito Santo com Minas Gerais, é tema do colunista Ximenes, que relata sobre um motorista de van que esteve em São Paulo e foi quem disseminou a doença pela cidade após entregar mercadorias em várias lojas, beber em botecos e jogar futebol com os amigos. “Quando sentiu os sintomas, o estrago já estava feito”. (Weber Andrade)