Por: SECOM/PMBSF
Mãe de duas crianças com transtorno do espectro autista (TEA), Alcina Alves da Silva não contém a emoção quando fala do projeto em andamento em Barra de São Francisco para implantar uma grande clínica voltada exclusivamente para as crianças com essa particularidade.
Diante dos elogios das coordenadoras da futura clínica, Jamile Justino e Camila Cardoso, ela se emociona ainda mais e os olhos ficam marejados.
”É um sonho não só meu, mas de mais de uma centena de mães de Barra de São Francisco, que anseiam por um espaço adequado para que seus filhos com autismo sejam tratados dignamente. O nosso prefeito municipal está fazendo um trabalho excepcional em todas as áreas, mas aqui ele está realizando o nosso sonho, o sonho das famílias que têm filhos e filhas autistas”, comenta ela.
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A Clínica dos Autistas de Barra de São Francisco tem previsão de ser inaugurada no dia 2 de abril, data em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A data, estabelecida em 2007, tem por objetivo difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno.
“Estamos correndo contra o tempo, porque o prefeito é muito determinado e quer dar esse presente às famílias que possuem filhos e filhas com essa diferença de comportamento, mas estamos contando com o apoio da Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo, que trouxe uma equipe grande de funcionários para cá e, principalmente, com a ajuda da Alcina. Sem ela, acho que isso aqui não estaria evoluindo tão rápido. Ela faz café, cozinha, cuida de tudo. É o nosso braço direito”, elogia a pedagoga e especialista em TEA, Jamile Justino.
De acordo com Jamile, antes mesmo de começar, a clínica já tem 120 pessoas com TEA cadastradas e muitas mães até visitam o local. “Até mesmo famílias de municípios vizinhos já estão vindo aqui conhecer. Com certeza, será uma referência para toda a região”, prevê a pedagoga.
Para as três mulheres que estão à frente do projeto, em sintonia com o prefeito, o espaço vai trazer tranquilidade para os pais e mães de autistas que precisam trabalhar e também precisam cuidar dos seus filhos.
“Teremos aqui uma equipe de profissionais completa, com neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente social e nutricionista, entre outros, para dar suporte aos autistas e vamos buscar não apenas o tratamento convencional, mas também o tratamento alternativo, que os ajudem a ser melhor compreendidos, a conseguir viver em sociedade sem preconceitos. Teremos brinquedotecas, sala sensorial, banheiros adaptados para os autistas e um espaço maravilho, amplo”, observa Jamile.
E a clínica já tem um frequentador assíduo e excepcional: Paulo, o Mestrinho, que diz não conseguir ficar longe da amiga Jamile e elogia o prefeito. “Ele é o melhor prefeito, já me deu até uma viagem para ir ao Maracanã ver o Flamengo jogar”, conta, com um brilho de felicidade nos olhos.
Apoio externo
Jamile conta ainda que o empreendimento de saúde está sendo feito exclusivamente com recursos municipais. “Prefeito está fazendo essa obra sem nenhum apoio externo, exceto o do sobrinho dele, o deputado estadual Mazinho dos Anjos, que prometeu se empenhar totalmente para ajudar a trazer recursos e proporcionar o atendimento necessário ao funcionamento da clínica”, finaliza ela.
SOBRE O TEA
Os transtornos do espectro autista (TEAs) aparecem na infância e tendem a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, eles se manifestam nos primeiros 5 anos de vida. As pessoas afetadas pelos TEAs frequentemente têm condições comórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O nível intelectual varia muito de um caso para outro, variando de deterioração profunda a casos com altas habilidades cognitivas.
Embora algumas pessoas com TEAs possam viver de forma independente, existem outras com deficiências severas que precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas. As intervenções psicossociais baseadas em evidência, tais como terapia comportamental e programas de treinamento para pais, podem reduzir as dificuldades de comunicação e de comportamento social e ter um impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida de pessoas com TEAs e seus cuidadores. As intervenções voltadas para pessoas com TEAs devem ser acompanhadas de atitudes e medidas amplas que garantam que os ambientes físicos e sociais sejam acessíveis, inclusivos e acolhedores.
Sintomas
De acordo com o quadro clínico, os sintomas podem ser divididos em 3 grupos:
– ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
– o paciente é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
– domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite levar a vida próxima do normal.
Tratamento
O autismo é um transtorno crônico mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar. Envolve a intervenção de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além da imprescindível orientação aos pais ou cuidadores. É altamente recomendado que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de intervenção personalizado, pois nenhuma pessoa com autismo é igual a outra.