Se a alta no preço dos alimentos básicos na dieta do brasileiro, como arroz, feijão, leite e óleo de soja, está sendo apontada por setores do Governo Federal e economistas como ‘efeito colateral’ do pagamento do auxílio emergencial, o setor de construção civil, por sua vez, está comemorando. Nos últimos dias, até obras públicas estão paralisadas em Barra de São Francisco, por causa do crescimento acelerado das obras, principalmente de reformas, mas também de novas construções.
O surgimento da pandemia do coronavírus também trouxe um novo cenário para a construção civil na região. Em alguns setores, a procura por serviços e materiais teve alta de mais de 80%, como apontam lojas de material de construção na cidade.
Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Habitação, Júnior Borém, que formou-se recentemente em Arquitetura e Urbanismo, o mercado da construção civil em Barra de São Francisco está aquecido há décadas e deve crescer ainda mais nos próximos anos, com os novos loteamentos que estão surgindo na cidade.
“Hoje, as lojas de material de construção têm investido cada vez mais no conforto e na expansão. Basta ver lojas como o Alves Material de Construção, que tem um verdadeiro shoppping, o Mironga, que investiu na expansão da loja, mesmo estando no centro e o Moreira Material Construção, que está deixando o centro da cidade e irá se instalar em um megaloja no bairro Irmãos Fernandes”, avalia.
Para Borém, outro sinal do grande aquecimento do mercado de construção civil na cidade é o grande número de profissionais como engenheiros, decoradores e arquitetos que vieram para a cidade. “A Multivix despejou mais de 100 engenheiros recentemente no mercado regional e isso acabou até desvalorizando um pouco o trabalho desse profissionais, já que a competição por serviços aumentou muito e os iniciantes têm cobrado um preço muito abaixo do que seria justo”.
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O comerciário Wellington Marques, gerente do Moreira Material de Construção, no centro Barra de São Francisco, afirma que a alta nas vendas após o surgimento do coronavírus passou de 100%. A loja ficou fechada por apenas 15 dias e após esse período a procura pelos produtos segue em alta. “Atendo a todos os tipos de público. E esse aquecimento foi também em outros municípios que atendo, como Mantena (MG), Água Doce do Norte, Águia Branca, Ecoporanga e Vila Valério”, afirmou.
A tendência é que o mercado continue aquecido. Arquitetos e engenheiros estão sendo muito solicitados. É o caso da arquiteta Ágatha Vilaça, que atua em Ecoporanga, Barra de São Francisco, São Mateus, Pavão, Mantena, Aracruz e Vitória. Ela teve alta de mais de 80% na procura por projetos.
“Com a pandemia, as pessoas ficaram mais em casa e muitas também passaram a trabalhar na própria moradia, o que demandou alguns ajustes nas residências. Além disso, parte do comércio que ficou fechado, atendendo apenas por delivery, aproveitou para fazer reformas já que os clientes não podiam ir às lojas. O que também ocorreu foram pessoas que juntaram recursos para o sonho da casa própria e durante a pandemia aproveitaram para construir. Muitas também investiram nas áreas gourmet”, explicou.
Segundo o engenheiro civil Jonas Gravino, em razão da alta procura muitas lojas de material de construção trabalharam com horário estendido. “Houve até falta de alguns produtos. Muitas pessoas, especialmente as que passaram a fazer home office optaram pelas reformas o que aqueceu a procura”, disse.
A aposentada Edeaurea Pedreira França Lima, moradora de Ecoporanga, decidiu iniciar neste mês uma reforma em sua residência. “A pandemia coincidiu com o início da minha aposentadoria, por isso tive mais tempo para pensar em investir na comodidade de minha casa, já que passarei mais tempo aqui. Trabalhei na área da educação por 40 anos e passava muito tempo fora de casa”, finalizou. (Weber Andrade com Marcele Falqueto)