O brasileiro consome cerca de 9,5 kg de peixes por ano. É pouco. A recomendação da FAO é de 12 kg por habitante ao ano, porém, a média mundial é superior a 20 kg por habitante. No período da Quaresma, devido a tradições religiosas, o consumo de peixe aumenta em todo o país e, no Espirito Santo, esse aumento vem acompanhado ainda do consumo de um prato tradicional da culinária local, a Torta Capixaba, feita com frutos do mar e bacalhau.
No entanto, na hora consumir o peixe, o consumidor capixaba costuma comparar o preço com a carne de boi, proteína preferida da grande maioria dos brasileiros.
No entanto, com o forte aumento no preço da carne bovina, que impactou também as carnes suína e avícola, muita gente tem optado por comer peixe. “Hoje, o quilo do peixe nobre, como o Dourado, o Surubim, está custando bem menos do que um quilo de carne de primeira”, avalia um consumidor entrevistado pela nossa reportagem, que pediu para não ter seu nome divulgado.
Campanha – Para incrementar mais o consumo de peixe, desde o ano passado a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), com apoio de empresas do setor produtivo vem desenvolvendo a campanha Coma Mais Peixe, que já impactou mais de 10 milhões de pessoas desde junho de 2019.
“O foco da #comamaispeixe é a valorização das qualidades nutricionais dos peixes de cultivo, como tilápia e tambaqui. O Brasil é o 4º maior produtor mundial de tilápia e o maior produtor de tambaqui, porém o consumo de peixes de cultivo ainda é pequeno: 3,5 kg por habitante ao ano. O potencial para aumento da demanda é imenso, mas isso passa pela divulgação de informações de qualidade para a população”, diz Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
O exclusivo livreto de receitas disponível para download no site da campanha tem vários pratos de tilápia e tambaqui e mostra o passo a passo sobre como escolher, preparar e armazenar os peixes.
“A falta de conhecimento sobre os peixes de cultivo ainda é um obstáculo. Nosso papel é disponibilizar informações claras, mostrando que incluir o peixe na alimentação do dia a dia é simples e cheio de sabor”, destaca Francisco Medeiros.
Espírito Santo – A Tilápia é a espécie mais cultivada no Espírito Santo, com aproximadamente 80% da produção. Há no estado cerca de 5 mil produtores cadastrados. Em 2018, a oferta total atingiu 13.190 toneladas, com aumento de 9,9% sobre o resultado do ano anterior.
A Piscicultura tem grande potencial de crescimento no estado devido à proximidade de grandes centros consumidores, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.
O desastre ambiental em novembro de 2015, em Mariana (MG), afetou vários municípios do Espírito Santo. Esse fato atingiu em cheio a atividade dos pescadores. Muitos precisaram investir na criação de peixes em tanques-rede, mudando o perfil da atividade na região.
Os dois últimos anos também foram difíceis do ponto de vista climático, com redução das chuvas. Essa soma de fatores impediu o melhor desempenho da Piscicultura. O reflexo positivo foi a necessidade de união dos produtores, entidades de classe e cooperativas de criadores.
Com isso, chegam novas tecnologias ao estado, contribuindo para o aumento da produtividade. Um dos principais focos de trabalho do momento é integrar-se a outras entidades de classe, como a PEIXE BR, na luta pela outorga de águas da União e liberação do licenciamento ambiental. Por outro lado, a difusão de conhecimento ajuda a profissionalizar a cadeia produtiva. (Weber Andrade com Peixe BR)