Por Weber Andrade
Confesso ter enorme dificuldade na sustentação oral do meu raciocínio. Às vezes pago alguns micos históricos. Conheço os motivos, mas não vale a pena abrir minhas deficiências. Prefiro dizer que tenho facilidade com a escrita, onde as palavras fluem como água brotando das nascentes protegidas pelos nossos voluntários da defesa da bacia do rio Itaúnas.
Esta semana me vi encurralado pelo professor Alencar Marim, um ouvido de primeira, com paciência de monge tibetano. Às vezes tenho o privilégio de viajar alguns quilômetros na companhia dele, devido ao nosso trabalho, ele como prefeito que está e eu como jornalista que estou. Sempre que dá, peço uma carona para algum evento e ele sempre fala pouco e ouve muito, característica que aprecio na sua conduta como chefe de Executivo.
Foi numa dessas viagens – voltávamos de Ecoporanga – quando surgiu uma conversa sobre a finitude dos combustíveis fósseis, nomeadamente o petróleo. Daí o papo avançou para o uso de combustíveis alternativos, como a energia elétrica, o hidrogênio e a água, que é a matriz dos combustíveis limpos, inclusive o hidrogênio, cujo prefixo revela a origem. Claro que temos também as opções de energia solar e eólicas, opções que estão em franco crescimento no mundo.
Alencar salientou o caso de um inventor capixaba que desenvolveu um motor capaz de rodar milhares de quilômetros com poucos litros de água e eu, de imediato, retruquei que a alternativa não é viável devido à finitude das águas.
Fui gentilmente corrigido pelo professor, que me lembrou que a água não acaba, pelo contrário, existe na mesma quantidade em nosso planeta há milhares de anos e é cíclica, ou seja, evapora, sobe aos céus, condensa-se e retorna em forma de chuva, ou então, segue direto para o mar. “O que provoca a falta dela em certas regiões é o desmatamento”, sentenciou Marim.
Fiquei com cara de cachorro que caiu da mudança, vencido pela palavra (mal) dita. Claro que sei que a água não é um recurso finito, como o petróleo, mas quando disse que a água era finita, estava tentando justamente dizer que ela acaba em certas regiões, a água doce, potável, claro está.
Exemplo disso temos com nossos cursos d’água, com o projeto de preservação e conservação de nascentes do rio Itaúnas, que temos acompanhado e participado como voluntários, tanto eu quanto o professor-prefeito. O meu raciocínio, meu pensamento sobre a inviabilidade da geração de energia para movimentar veículos pela água se dá justamente por essa questão da falta dela em algumas regiões, do alto custo da dessalinização da água do mar e da logística que seria necessária para transportar essa água de onde ela abunda para onde está escassa.
Mas, em nosso pequeno debate com o professor, não houve vencedor nem vencido, e sim um aprendizado, que eu valorizo muito.
Isto posto, vou matar a curiosidade do leitor sobre o título da crônica, que fala da finitude da água, mas também da imortalidade do mosquito.
Ora, todos sabemos, ou deveríamos saber, que os mosquitos vivem, quando muito, 60 dias, as fêmeas, enquanto os machos não suportam duas semanas no ambiente.
Mas, infelizmente para nós, eles se reproduzem em uma velocidade e quantidade espantosa, fazendo com que pareçam imortais.
É por isso que doenças como a dengue persistem entre nós e dormir à noite sem um ventilador ou ar condicionado é tarefa quase impossível em tempos de calor e chuva abundantes.
Claro que, em países de consciência ambiental mais desenvolvida, os mosquitos praticamente inexistem. Mas em nosso país grande e bobo, alimentamos exércitos de mosquitos de toda espécie, particularmente os pernilongos, que me tiram o sono e os aedes, que nos tiram até a vida.
E o mais engraçado disso tudo é que a água, em sua infinitude é que proporciona a vida “imortal” desses insetos.