As notificações de dengue iniciaram em 1995 e, desde então, ocorreram três epidemias da doença no Estado, nos anos de 2009, 2011 e 2013. Nesses períodos, foram 51.733, 55.017 e 82.923 casos notificados, respectivamente.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Sesa nesta sexta-feira, 1º de novembro, são 75.416 casos de dengue notificados até a semana 43 de 2019, o que se configura como a quarta epidemia de dengue em 24 anos. A incidência deste ano é de 1.898,51 casos por 100 mil habitantes entre a semana epidemiológica 1 (30/12/2018 a 05/01/2019) e a 43 (20/10/2019 a 26/10/2019). Foram confirmados 39 óbitos. No ano passado, neste mesmo período, eram 13.816 casos.
O mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão de diversas doenças como dengue, chikungunya e zika. O primeiro registro do inseto no Espírito Santo foi na década de 1990, sendo identificado por meio de levantamentos entomológicos realizados pelo Núcleo de Entomologia e Malacologia do Espírito Santo (Nemes) da Secretaria da Saúde (Sesa).
O chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental da Sesa, Roberto Laperriere, explica que o aumento de notificações pode ter ocorrido pelos seguintes fatores: desabastecimento nacional do adulticida, utilizado no controle químico; o prolongamento do verão, que provocou temperaturas elevadas no País até julho deste ano; a circulação do sorotipo 2 do mosquito; e, principalmente, a falta de comprometimento da sociedade no combate aos possíveis depósitos de ovos.
Cerca de 80% dos focos do mosquito estão próximos ou dentro das residências. Laperriere alerta que é necessário que todos estejam empenhados no controle da proliferação do Aedes aegypti, e que sem o comprometimento da população não é possível obter sucesso.
“A população tem o papel primordial no controle do vetor e se não fizer a parte dela dentro das residências, dificilmente vamos ganhar a guerra contra o mosquito. Essa é a nossa maior dificuldade. Precisamos que todos tenham conscientização do problema”, disse.
Além disso, o chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental alerta para a chegada do verão e ressalta que a situação é preocupante. “Tendo em vista que temos uma grande circulação do sorotipo 2, mas não tivemos epidemia em todos os municípios capixabas, nós temos grande parcela da população suscetível e podendo ser contaminada por ele. Além disso, temos preocupação com Chikungunya. É um momento de acompanhamento e de intensificar as ações de imobilização”, reforçou.
Ciclo de vida do mosquito – O ciclo de vida do mosquito é dividido em quatro etapas: ovo, larva, pupa (estágio intermediário entre a larva e o adulto) e adulto. A fêmea do mosquito deposita seus ovos nas bordas dos recipientes com água limpa e parada. Dois ou três dias após o contato com o líquido, os ovos viram larvas e dias depois chegam na fase da pupa. Esse ciclo dura cerca de 48 horas e, ao término, se transformam em mosquitos adultos.
Para evitar que esse processo seja concluído, é preciso que a população esteja atenta ao acúmulo de água nos recipientes, que faça a limpeza dos quintais frequentemente, verifique se todas as garrafas vazias estão de cabeça para baixo e se todos os reservatórios estão vedados.
Como se prevenir
– Limpar o quintal, jogando fora o que não é utilizado;
– Tirar a água dos pratos de plantas;
– Colocar garrafas vazias de cabeça para baixo;
– Tampar tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água;
– Manter os quintais bem varridos, eliminando recipientes que possam acumular água, como tampinha de garrafa, folhas e sacolas plásticas;
– Escovar bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, pratos de plantas, tonéis e caixas d’água) e mantê-los sempre limpos. (Weber Andrade com Sesa/ES)