O que o feijão, a batata e o tomate têm em comum, além de frequentarem quase diariamente a refeição da grande maioria dos brasileiros? O preço. Neste começo de ano o feijão carioca atingiu o pico de preços em quase dois anos e, de acordo com dados do Instituto Brasileiro do Feijão, foram registrados negócios acima de R$ 300. Perdas de produção por conta de estiagem em importantes estados produtores, como o Paraná, e redução de área plantada explicam o cenário de alta.
Em Barra de São Francisco, o preço médio do quilo do feijão carioca, o mais consumido, passou de R$ 3,37 em dezembro do ano passado, para R$ 7 nos últimos dois meses, mas algumas marcas estão custando até R$ 10. Para se ter uma ideia do alto custo do produto no estado, a saca de 30 kg do feijão carioca está R$ 249,90 no atacado, ou seja, R$ 8,33 o quilo.
Já a batata está com o preço médio de R$ 5, mas em alguns locais o quilo do tubérculo está custando até R$ 7. Na feira livre de Barra de São Francisco, no último sábado, a barraca que vendia mais barato, cobrava R$ 4,50 pelo quilo da batata.
O mesmo vem acontecendo com o tomate. O quilo da fruta, também essencial na mesa do brasileiro, está custando em torno de R$ 5, desde o início do ano e, em alguns supermercados o preço chega a R$ 8 o quilo.
A dona de casa Rosa Maria Ferreira chegou ao supermercado na manhã desta terça-feira, 26, e, ao comparar o preço do feijão carioca com o feijão preto, acabou levando o segundo, que estava custando R$ 6,69 o quilo. “Eu não gosto de feijão preto, lá em casa comemos o carioca, mas devido ao preço, vou fazer feijão tropeiro com feijão preto para agradar a família”, avisa.
Feijão – No Espírito Santo, a saca de 30 kg do feijão carioquinha está custando R$ 249,90, mas em Tucano (BA) a cotação da saca de 60 quilos chegou a R$ 400 na semana passada.
De acordo com a consultoria Safras & Mercado, há um ano a saca do feijão carioca valia R$ 111,50 e agora está custando em torno de R$ 300 na bolsinha em São Paulo. As cotações do feijão devem continuar subindo, de acordo com Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses (Ibrafe).
“Já há negócios sendo reportados acima de R$ 380 a saca principalmente no interior de São Paulo, onde produtores estão vendendo lentamente, Minas Gerais e no entorno de Brasília. A grande maioria dos produtores está fazendo preço médio, mas a expectativa é que os preços possam subir mais dentro do quadro atual de oferta e demanda”, explica.
A valorização do feijão é reflexo das quebras na colheita da primeira safra 2018/2019, que responde por 40% da oferta total prevista para as três safras anuais do grão. De acordo com a Carlos Cogo Consultoria, a área de cultivo recuou 5% na primeira safra 2018/2019, diante dos baixos preços recebidos pelos produtores ao longo do ano passado e do consumo interno enfraquecido.
Segundo ele, essa é a hora de vender. “É um mercado de oscilações bruscas e o melhor é realizar lucro nestas altas esporádicas”, completou.
Batata e tomate –– Se o quilo do feijão está pela hora da morte nos supermercados, outros dois produtos essenciais na mesa do brasileiro estão deixando os consumidores de cabelo em pé. Trata-se da batata inglesa, ou batata comum, que está custando, em média, R$ 5,00 o quilo, preço que também está sendo praticado para o quilo do tomate. No Ceasa de Colatina, o quilo da batata está custando R$ 4,40 e o do tomate, R$ 3,60, em cotações desta segunda-feira, 25.
De acordo com donos de supermercados ouvidos pelos sites vozdabarra.com.br e o contestado.com, o preço está alto devido à entressafra do produto nos principais estados produtores e também à chuva que tem caído nestes estados, prejudicando as lavouras. Em alguns supermercados o produto chega a custar mais de R$ 5 o quilo. (Weber Andrade com Canal Rural e Uol)