A família do senhor Pedro Antônio Rodrigues, já falecido e dona Januária, decidiu abraçar de uma forma muito especial o projeto de recuperação e preservação de nascentes do rio Itaúnas, que está sendo desenvolvido por voluntários ligados às comunidades da Igreja Católica da região de Cachoeirinha do Itaúnas, Vargem Grande, Itauninhas, em sua maioria membros do Comitê de Defesa do Rio Itaúnas.
Moradores do córrego da Peteca, eles estão disponibilizando cerca de um alqueire de suas terras para a preservação de quatro nascentes. A primeira delas foi na parte da propriedade de dona Creuza Antônio Rodrigues e seu esposo, Gilmar Xavier, que disponibilizaram quase meio alqueire para cercar uma nascente.
Neste domingo, 28, a equipe de voluntários, reforçada com funcionários da rede de supermercados Marken União e o engenheiro de Minas da Thorgran, Everton Girelli, iniciou o cercamento de mais uma nascente nas terras da família, há 526 metros de altitude, do nível do mar.
O local, conhecido como “Canto da Balduína”, já tem uma pequena barragem e, há cerca de 40, 50 anos, abrigava uma enorme lavoura de café arábica, ao lado do lajedo onde corre a nascente. “Balduína era uma senhora que vivia lá no alto, na primeira nascente há mais de meia década. Na época tinha pelo menos duas moradas aqui em cima”, conta Élio Antônio Rodrigues, um dos irmãos que está cedendo parte da propriedade para o projeto.
Já o outro irmão de dona Creuza, Elias Antônio Rodrigues, que vive hoje no perímetro urbano de Barra de São Francisco, conta que seu projeto de vida é voltar para “a roça” dentro de pouco tempo e, já vinha se preocupando com a preservação da água na região.
“Quero apenas esperar minha filha caçula terminar a faculdade e voltar para o meio rural, viver uma vida mais tranquila, mais saudável, longe do estresse diário da cidade”, revela.
Os irmãos, que participaram ativamente do cercamento da nascente neste domingo, estão empolgados com o projeto e querem cercar mais duas outras nascentes, um pouco abaixo.
“A gente já teve horta irrigada por gravidade, usando essa nascente. Tínhamos uma pequena barragem que provia água com muita pressão, mas por não termos feito dentro das técnicas necessárias, ela acabou sendo rompida por um toco, durante o período das águas. Agora, com a ajuda do Everton (engenheiro da Thorgran), conseguimos fazer essa barragem mais reforçada e estamos conscientes da necessidade de preservarmos as nascentes, não só para o nosso uso, mas para mantermos o rio Itaúnas”, afirma. (Weber Andrade)
Mais de 50 nascentes já foram
cercadas nos últimos dois anos
O projeto de recuperação e preservação de nascentes do Itaúnas, liderado pelo Comitê de Defesa da Bacia do Rio Itaúnas, está sendo desenvolvido por cerca de 30 voluntários ligados às comunidades da Igreja Católica da região de Cachoeirinha do Itaúnas, Vargem Grande e Itauninhas, mas conta também com o apoio da Prefeitura de Barra de São Francisco, da Ong Sentinela Francisquense e da Thor Granitos, que disponibiliza todo o material necessário para o cercamento.
De acordo com o engenheiro da empresa, Everton Girelli, que acompanha o trabalho e, agora também está engajado no cercamento das nascentes, a diretoria da empresa está muito satisfeita com o desenvolvimento do mesmo. “Todo o grupo está de parabéns! O meio ambiente e a sociedade agradecem”, disse Ernani Scheuer, um dos diretores da Thorgran, em post enviado ao grupo de Whatsapp “Em defesa do rio Itaúnas”.
Girelli destaca que a bacia do rio Itaúnas cobre um perímetro de mais de 110 quilômetros quadrados e tem importância fundamental para a sobrevivência de dezenas de espécies de aves e outros animais silvestres, além do ser humano. Nos cerca de 35 quilômetros que percorre desde a nascente até a foz, o rio absorve dezenas de córregos provenientes das mais de 100 nascentes que estão sendo cercadas.
“A nossa meta era 89 nascentes, no projeto inicial, mas hoje temos visto com muita satisfação que outros proprietários estão aderindo ao projeto e, com isso, ganhamos cada vez mais força na preservação das águas do Itaúnas”, comenta. (W.A.)
Prefeito Alencar Marim participa
também como voluntário do projeto
Outro defensor entusiasmado do projeto é o prefeito Alencar Marim, que de vez em quando calça as luvas e, junto com o irmão, Giordano, vai para o “campo” dar sua contribuição.
Empolgado, Marim disse que o trabalho que está sendo feito nas cabeceiras do rio Itaúnas é o exemplo de que a união comunitária pode fazer muito mais pela natureza do que os poderes públicos sozinhos. “Estamos acompanhando e apoiando o projeto, como prefeito e cidadão, desde o seu início, em março do ano passado e temos que elogiar a alegria e desprendimento desse grupo de pessoas que doam parte do seu dia de descanso para fazer um trabalho que irá garantir a água para todos os habitantes do município nas próximas décadas”, elogiou ele.
“Gostaríamos de convidar os cidadãos francisquenses a se juntarem a eles nessa tarefa que é primordial para a preservação da água que abastece todo o município e proporciona a geração de projetos de agricultura sustentável em todo o vale do Itaúnas, sustentando toda a produção de hortaliças, legumes, frutas e lavouras perenes como a do café”, disse o prefeito.
Para o líder do Comitê de Defesa da Bacia do Rio Itaúnas, José Carlos Alvarenga, o Carlinhos, o trabalho que está sendo feito beneficia toda a sociedade francisquense, particularmente a que depende do abastecimento de água na Sede e os agricultores do vale do rio Itaúnas.
“Temos que elogiar também a parceria da Igreja Católica, da empresa Thor Granitos, que está proporcionando todo o material necessário – madeiras, arames e outros insumos – para que o projeto seja executado, além da Ong Sentinela Francisquense, que doou os projetos de engenharia ambiental, através do engenheiro Alex. Mas precisamos dar um voto de louvor aos proprietários das terras onde estão as nascentes, por entenderem a importância do projeto e doarem parte de suas terras para que a água seja perenizada em Barra de São Francisco. Sem eles e sem essa equipe de voluntários, o projeto não andaria”, salienta Carlinhos. (W. A.)