Weber Andrade*
O produtor rural aposentado Martim Saar, 71 anos, hoje morador do córrego do Recreio, pode ser considerado um autêntico inventor de produtos ecologicamente corretos para mitigar a poluição em várias áreas de atividade humana. Descendente de alemães – ‘sou a sétima geração da família’ – ele conta que fala e escreve a língua dos seus antepassados.
O mais interessante na história da Martim, no entanto, está na sua capacidade de transformar elementos naturais em produtos químicos, como um inseticida natural que ele aponta com a solução para o combate ao mosquito aedes Aegipty, transmissor da dengue, chikungunya e outras doenças e também uma graxa lubrificante que pode até ser consumida por seres humanos.
A Limpanel, graxa criada por Martim, tem mil e uma utilidades, mas foi inventada, originalmente, para servir de lubrificante de correntes de motores de motocicletas, bicicletas, motosserras e outros, mas também pode limpar a superfície de partes plásticas de veículos, como painéis, parachoques e outras e desengripar cadeados.
“É um lubrificante feito à base de produtos naturais, que não utiliza água, não é inflamável – usado de forma isolada – limpa, lubrifica e refrigera correntes e engrenagens externas. Cada lubrificação dura pelo menos 500 quilômetros”, descreve Saar.
Martim, que foi apicultor durante muitos anos no córrego do Itá, acabou juntando ao seu primo, Laurindo Casula, que também tem fama de inventor e criando alguns produtos naturais, mas a sociedade acabou não vingando.
“Não quero aqui ficar criticando, mas todas as patentes que foram registradas por nós, são de minha propriedade. O Laurindo andou fazendo um produto – graxa – com fórmula parecida com a minha, mas não deu certo, hoje, eu trabalho sozinho”, relata.
Dono da empresa Arca de Noé Lubrificação, Martim está em busca de parceiros para colocar seu produto definitivamente no mercado e afirma ter condições de produzir pelo menos 1.000 frascos de 120 ml da Limpanel, por dia.
Artesanal
No entanto, toda a produção de Martim ainda é feita de forma totalmente artesanal, como equipamentos, formas e ferramentas improvisadas.
“Eu uso uma furadeira, com regulagem de velocidade, como batedeira, dentro de um balde plástico de 20 litros. Nesse balde eu consigo produzir seis litros de graxa a cada 20 minutos. Depois ela tem que descansar por 10 a 15 dias, para decantação e está pronta para uso”, relata.
Inicialmente, a fórmula de Martim, usava como principal matéria prima, a seiva de uma árvore muito conhecida na região, de nome científico Adenanthera pavonina, ou falso pau brasil, também conhecido como tento-carolina e olho de pavão.
“Porém, o Iema não permitiu que a seiva fosse usada na fórmula, porque fere a árvore. Então nós mudamos a matéria principal para vinagre de álcool, produto que também é totalmente natural, além de óleos vegetais como óleo de mamona, nabo forrageiro, entre outros”, descreve.
Recentemente, Martim Saar enviou ao prefeito Enivaldo dos Anjos (PSD), e ao secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Geração de Empregos, Guilherme Fernandes, uma solicitação de apoio financeiro para divulgação de seu produto, o que despertou a curiosidade da administração municipal, que pretende apoiar o microempreendedor francisquense em seu projeto.
Mais invenções
Das quatro patentes que Martim Saar tem registradas, as duas que mais chamam a atençao são o inseticida natural, feito à base de sal grosso e pimenta-do-reino, que ele garante ser capaz de eliminar toda as larvas de mosquitos, inclusive do temido Aedes aegipty, em menos de dez minutos.
Outras duas invenções tratam ainda da queima de lixo sem produção de fumaça, através de um equipamento desenvolvido por ele de forma, como sempre, artesanal e outra de reciclagem de resíduos sólidos.
“Todas as nossas invenções têm a preocupação de proteger o meio ambiente. Tudo que criamos é com esse objetivo, de melhorar as condições do ambiente em que vivemos”, define o inventor.