O Ministério da Saúde pode autorizar, até terça-feira, 24, a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos graves de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. A declaração foi feita há na tarde deste sábado, pelo secretário executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis. Até lá, o ministério soltará uma nota com orientações sobre o uso dos medicamentos.
O secretário, no entanto, informou que a eventual liberação dos remédios terá caráter experimental e valerá apenas para pacientes internados em estado grave. Ele reiterou que os dois componentes têm efeitos colaterais fortes e não podem ser estocados para serem usados em caso de eventual gripe.
Porém, antes mesmo da liberação pelo Governo Federal, os medicamentos já sumiram das farmácias de Barra de São Francisco e outros municípios capixabas. A compra antecipada dos medicamentos já está causando problemas de saúde em quem depende dele para cuidar de outras patologias. É o caso da secretária municipal da Fazenda, Gardiane Oliveira, que fez um desabafo ontem, 21, na sua página no Facebook.
“A compra da medicação Hidroxicloquina absurda. As pessoas precisam pensar umas nas outras.
Sou paciente portadora de Artrite Reumatoide. Desde 2008 faço uso desta medicação e de algumas outras. Faço exames de sangue a cada três meses e vou ao oftalmologista pelo menos duas vezes ao ano. A Hidroxicloroquina possui contra indicações e podem causar alguns danos no organismo. Eu iria ao médico na próxima semana, para mostrar exames e pegar a LME da farmácia cidadã, agora não irei mas. Aqui em Barra de São Francisco, as pessoas compraram esse remédio, esgotou na farmácia e eu, que realmente preciso da medição não tenho como tomá-la. Isso não se faz. Pensem por favor, pensem,” solicitou ela.
Anvisa – “Hoje, (os medicamentos) são usados em pesquisas clínicas, com autorização dos comitês de ética dos hospitais, em associação com outros medicamentos. Caso o Ministério da Saúde libere a prescrição, poderá ser usado para pacientes graves, internados em hospitais. Não é para ser usado por quem está gripado e acha que se tomar esse medicamento não vai ter complicações”, destacou Gabbardo.
Nos últimos dias, foi divulgado um estudo realizado na França em que a cloroquina – usada para tratar a malária – e a hidroxicloroquina – prescrita para casos de artrite reumatoide e lúpus – diminuíram a contagem viral. Ontem (sexta-feira, 20), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que o governo norte-americano estuda a utilização dos medicamentos no tratamento do novo coronavírus.
Sobre a autorização do presidente Jair Bolsonaro para que o Exército amplie a produção dos medicamentos, o secretário-executivo disse que a medida tem caráter preventivo no caso de um eventual aumento da demanda futura. No Brasil, o produto é fabricado em laboratórios privados, das Forças Armadas e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Esses medicamentos já são fabricados no Brasil e existem nas farmácias. Em função da possibilidade da utilização para casos graves de coronavírus, estamos pensando na necessidade de ampliação da produção. É isso que o presidente autorizou: que o Exército possa ampliar a produção de medicamentos”, explicou. Ele lembrou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restringiu a venda dos remédios com a retenção de atestado apenas para pessoas com as três doenças tratadas pelos medicamentos: malária, lúpus e artrite reumatoide. (Weber Andrade com Agência Brasil)