Apesar de não ter podido participar da audiência pública realizada pela PetroCity Portos S.A., na última sexta-feira, 2, em São Mateus, sobre os empreendimentos que a empresa está planejando para a região norte do Espírito Santo, o prefeito Alencar Marim disse ontem, 3, aos sites vozdabarra.com.br e ocontestado.com, que vem acompanhando com muito interesse, o desenvolvimento dos projetos, particularmente o que trata da construção da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo (EFMES) e que passa pelo território de Barra de São Francisco.
“Sabemos que é uma obra que ultrapassa o tempo do nosso mandato atual como prefeito, mas não podemos deixar de acreditar e incentivar a mesma. É um empreendimento que vai trazer desafogo para as nossas rodovias e deve, inclusive, apressar obras de ampliação do contorno rodoviário, além de gerar emprego e renda, através da Unidade de Transbordo e Armazenamento de Carga (UTAC), prevista para o município”.
Marim disse lamentar que a população da região do entorno de Barra de São Francisco ainda não tenha recebido um evento que lhes permita saber mais a respeito do projeto. “Tínhamos planejado, junto com o prefeito de Mantena (MG), José Rufino Sobrinho, e outros da região, um seminário onde esperávamos de 200 a 300 pessoas para ouvir e debater com o presidente da PetroCity sobre os empreendimentos, mas infelizmente, por motivos que acredito serem meramente políticos, foi agendada uma audiência pública 15 dias antes do evento que já estava programado para o distrito de Bananal, na divisa do Espírito Santo com Minas e, o comparecimento foi muito baixo. Depois o presidente da PetroCity teve um problema de saúde e o evento acabou não acontecendo”, observa.
Empregos e formação – O prefeito de Barra de São Francisco disse acreditar que para além da ferrovia, cuja, a obra só deverá iniciar em 2022, os empreendimentos da PetroCity vão criar um ambiente positivo para a economia regional, trazendo mais empregos e formação profissional para os jovens de todo o noroeste capixaba.
“Acreditamos que, em Barra de São Francisco, poderemos desenvolver uma parceria com a PetroCity, o Ifes e a Secretaria Municipal de Educação (Semec), para oferecermos formação profissional aos jovens e mesmo adultos francisquenses. Temos uma parceria com o Ifes local, na qual a instituição se compromete a proporcionar eventos educacionais para os nossos estudantes. Essa parceria, que inclui também o Sicoob, permite que o Ifes possa usar o prédio da extinta Fatesf, no bairro Irmãos Fernandes, abrindo enorme espaço para a educação profissionalizante”, explica Marim. (Weber Andrade)
Infográfico mostra o trajeto da nova ferrovia, prevista para inciar em 2021
Projeto da ferrovia só deslancha em 2022
Na exposição que fez à imprensa sobre os empreendimentos da PetroCity Portos S.A, o presidente da empresa, José Roberto Barbosa, explicou que tanto no projeto do porto quanto no da ferrovia que o ligará ao centro do Brasil, atravessando o noroeste capixaba e o leste de Minas, foram utilizados dados científicos para identificar demandas. Ele demonstrou que, o sul da Bahia, norte e noroeste capixaba, leste de Minas e Grande Belo Horizonte exportaram 28 bilhões de dólares no último ano.
“São cargas que estão transitando pelas rodovias da região. O que estamos construindo é a maior plataforma logística do Brasil, moderna, totalmente informatizada, autossustentável, e ainda assim somente atenderemos 10% desse mercado. Ou seja, o Espírito Santo tem uma janela de oportunidade extraordinária para logística”, disse José Roberto.
A ferrovia tem um fato novo: a primeira fase, que seria de São Mateus a Governador Valadares, vai ser estendida até Ipatinga, onde 70% da indústria está ociosa, “em boa medida por problemas de logística de escoamento”.
Com isso, uma nova Unidade de Transbordo e Armazenagem de Cargas (UTAC) foi projetada para a cidade, além de Barra de São Francisco e Governador Valadares, que estavam no projeto original.
A Petrocity já entrou no Ibama com o pedido de aprovação dos termos de referência ambiental para iniciar o processo de licenciamento, que envolverá todos os municípios impactados diretamente pela ferrovia.
“Estamos antecipando as audiências públicas em Minas Gerais, enquanto aguardamos a votação do PLS 261/2018, que permitirá a construção de ferrovias pela iniciativa privada por meio de autorizações e não mais como concessão, que demora de cinco a dez anos”.
José Roberto disse que, mensalmente, está participando de reuniões em Brasília, acompanhando o assunto e acredita que ainda este ano o PLS 261/2018 será aprovado, permitindo que em 2022 comecem as obras da primeira etapa da ferrovia, com prazo de conclusão em 2025.
O custo final de todo o trecho até Sete Lagoas é de R$ 6,5 bilhões, mas somente na primeira fase, de São Mateus a Ipatinga, serão gerados 1,5 mil empregos na construção e, depois, 2.000 empregos na fase de operação. (José Caldas da Costa)