Weber Andrade
O servidor estadual aposentado Ailton Oliveia, o Ailton da Cesan, e a filha Luiza foram os primeiros a chegar à capela mortuária, na avenida Adelino Coimbra, na manhã desta terça-feira, 5, em Barra de São Francisco, para esperar a chegada do corpo do também servidor estadual, Almir Oliveira, 75 anos, o popular Mirim, falecido no início da madrugada de hoje, em Vitória.
Assim como Ailton e os outros irmãos e irmãs, Mirim nasceu em Barra de São Francisco. Eram 12 irmãos, mas, hoje restam cinco das sete mulheres e, com o óbito de Mirim, apenas Ailton, entre os cinco filhos homens do senhor Pedro Miguel de Oliveira, permanecem vivos. O patriarca veio da região de Ipanema, há mais de 80 anos e aqui construiu a sua família.
Mirim é um ícone de um tempo em que Barra de São Francisco tinha poucas opções de lazer, principalmente à noite. Antes de se tornar servidor do Fórum Desembargador Danton Bastos, ele foi guarda-mirim e porteiro do Clube das Perobas, onde aconteciam os “bailes” nos finais de semana.
Hoje, após a circulação da notícia de sua morte, muitas pessoas que viveram esses temos dourados, na década de 1970, principalmente, publicaram notas de pesar e lembraram dos bons tempos em que ele, sempre com muita educação, fazia até ‘vista grossa’ para deixar alguns adolescentes sem dinheiro entrarem no clube.
Mirim, que lutava contra a hiperglicemia, estava internado há mais de 60 dias e começou a ter outros problemas de saúde, até que não resistiu. “Ele começou a ter complicações cardíacas, estava há muito tempo na UTI e, hoje, Deus acabou chamando ele, que vai descansar”, disse o irmão, resignado.
Mirim era casado com Madalena Gonçalves Oliveira. O casal tem dois filhos: Rayane e Alarcon.
O velório acontece até as 16h na capela mortuária e, às 16h30, segue o féretro para o cemitério local.

Homenagem
Hoje, nas primeiras horas da manhã, o também servidor do Fórum Desembargador Danton Bastos, Guda Euclides Fernandes, publicou um texto emocionado, onde fala de sua amizade com Mirim e lamenta sua partida. (Leia abaixo)
“Nem as palavras mais bonitas deste mundo poderiam trazer algum tipo de alegria para o dia de hoje. A saudade conseguiu preencher todos os espaços das nossas vidas, inclusive aqueles que por algum motivo continuavam livres.
O vazio deixado pela ausência é imensurável com a pura certeza que jamais será novamente ocupado. Por mais que os segundos passem a dor não minimiza e a aquela incerteza de como será possível seguir em frente nos próximos dias, só complica ainda mais os pensamentos confusos que invadiram as nossas vidas.
Mas o pior de tudo isso é ter a certeza que é preciso encontrar forças, mesmo que por dentro não consigamos acreditar que elas existem. Encontrar a esperança em um dia tão triste pode até ser improvável, mas nunca impossível. Apesar da dor e do sofrimento, não podemos ignorar que é realmente necessário segui em frente.
A saudade será eterna e a presença não poderá mais ser sentida, mas as lembranças dos bons momentos vividos são um ótimo conforto, que permanecerá para sempre conosco. O tempo necessário para toda esta dor ir embora é ainda indeterminado, mas todos os dias em que a coragem de seguir em frente vencer a tristeza devem ser devidamente comemorados.”
Guda Euclides Fernandes