A árvore Nim já se tornou bastante conhecida e comum no Espírito Santo e todo o país. Em barra de São Francisco são muitos os produtores rurais, principalmente agricultores que cultivam a planta para extrair inseticida natural. A Nim é originária do sudoeste asiático e da Índia, mas como toda planta tropical, adaptou-se muito ao solo brasileiro.
Agora, uma pesquisadora da Bahia descobriu que ela pode ser uma auxiliar importante para combater um dos principais problemas de saúde pública brasileira, a proliferação do Aedes Aegypti, o mosquito vetor de doenças como a dengue, o zika virus e a chikungunya.
A descoberta foi feita pela mestranda em biologia Layse Reis, da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia. O óleo de Nim, objeto de estudo da pesquisadora, se mostrou eficaz em matar as larvas do mosquito, que são muito resistentes à inseticidas normais.
O problema surgiu ao perceber que mesmo após a remoção de criadouros – locais com água parada -, os mosquitos ressurgiam e continuavam a proliferar-se. Isso ocorre especialmente porque, em regiões mais pobres ou com pouco saneamento básico, a falta de estrutura para acumulação de água aumenta a proliferação do mosquito.
Consciente de que o óleo de Nim vendido em lojas de agricultura era capaz de matar o mosquito, Layse buscou métodos de fazer o concentrado em casa, a baixo custo, podendo dar aos habitantes uma maneira de combater as larvas do mosquito.
O efeito do inseticida não é nos mosquitos que já estão voando por aí, mas especialmente nos criadouros. O óleo de Nim impede o desenvolvimento das larvas em uma fase do ciclo de vida do mosquito que impede seu desenvolvimento para a vida adulta – coibindo seu potencial de transmissão de doenças danosas à vida humana.
O inseticida é composto de uma mistura de sementes com água destilada. Para conseguir alcançar as sementes, é preciso manter os frutos da planta em uma estufa por 48 horas a 40º C. Depois de separar as sementes, repete-se o processo e, depois de trituradas, o material é misturado com a água destilada. A eficiência do inseticida no experimento foi de 75%.
“Basicamente procurávamos uma técnica viável para o controle do mosquito em localidades com pouco acesso a métodos tradicionais, seja por dificuldades logísticas de aquisição ou por questões financeiras como o custo do produto convencional”, afirmou Layse ao canal de comunicação da UEFS.
Entretanto, é necessário ter cuidado. O extrato de Nim pode matar abelhas e contribuir para a extinção desses insetos que já estão sendo dizimados mundo afora. A recomendação é que esse novo inseticida seja usado em pequenos casos e não em grande escala.
– Como a morte de 500 milhões de abelhas em 3 meses no Brasil vai afetar nossa alimentação
“Os ecossistemas urbanos estão entre aqueles com maior perda de diversidade de abelhas. Precisamos dos serviços de polinização [das abelhas] tanto para manutenção das espécies vegetais silvestres quanto para a produção de alimentos”, atentou Gilberto Mendonça, orientador de Layse, em entrevista à revista Galileu. (Weber Andrade com site Hypeness)