O prefeito Alencar Marim viajou para Vitória nesta quinta-feira, 16, esperando que o seu secretário de Saúde, Zulagar Dias Ferreira, publicasse uma nota de esclarecimento sobre as declarações feitas em áudio vazado para um inspetor penitenciário, Pedrinho Godoy, ligado à família do ex-prefeito Luciano Pereira, mas, ao que tudo indica, o secretário não pretende publicar nada para se retratar do que falou no áudio, onde afirma que Marim teria ordenado prioridade no atendimento de consultas e exames a quatro vereadores do bloco de Situação.
Nos bastidores da administração o assunto está sendo tratado com cautela e muita indignação, inclusive por alguns membros do PT, partido ao qual Alencar era filiado até o início deste ano. Uma das fontes de ocontestado.com, que acompanha praticamente todas as reuniões do prefeito com os secretários, disse que o prefeito nunca pediu privilégios para vereadores, nem mesmo os do PT, e que ele sempre exigiu que todos os vereadores fossem tratados com educação e gentileza, e que os pedidos feitos por eles em qualquer área fossem verificados, primeiro, junto aos usuários solicitantes.
Nesta quarta-feira, 15, o presidente do PT municipal, Rodrigo Agapito, esteve em reunião por mais de uma hora com o secretário, mas o teor da conversa não foi revelado. Mesmo entre os petistas, existe a suspeita de que Zulagar tenha feito tais declarações a uma servidora ligada à administração anterior como vingança pela saída do prefeito do PT.
“Ele (Zulagar) ficou claramente contrariado com a saída de Alencar Marim do partido e não escondeu isso. Entre interlocutores mais próximos, Zulagar teria dito que Marim estava cuspindo no prato que comeu”, disse um petista.
O próprio Alencar disse à nossa reportagem que nunca pediu privilégios para este ou aquele vereador e que ficou espantado com o áudio.
Nesta quinta-feira, 16, Zulagar reuniu com outros membros do corpo técnico da Secretaria Municipal de Saúde e da assessoria de comunicação da Prefeitura e, esperava-se que da reunião saísse uma nota de esclarecimento sobre o caso. Mas, nossa reportagem apurou que o secretário teria assumido a “responsabilidade” de produzir tal nota. No entanto, até o momento, não houve qualquer manifestação dele nesse sentido.
Para alguns membros da administração, o secretário, depois das declarações, deveria ter pedido exoneração do cargo imediatamente. Outros acham que deveria partir do prefeito a iniciativa de exonera-lo. “O que não dá é o prefeito aceitar um secretário desses no seu staff. Seria melhor ter colocado um adversário na Pasta”, lamenta um amigo do prefeito. (Weber Andrade)