Por Weber Andrade
Pedro Castilho, que completou 92 anos no dia 2 de fevereiro deste ano, filho de Pedro Castilho Sobrinho e dona Raimunda, é o homem mais idoso nascido em Barra de São Francisco.
Trabalhou como comerciário por alguns anos, até tornar-se empresário, atividade que ele pratica até hoje, junto dos filhos, com a Castilho Comércio e Representações.
Pedro Castilho nasceu no córrego do Coelho, na região do Valão Fundo. O pai, Pedro Castilho Sobrinho, veio da região de Aimorés, já casado com dona Raimunda. O casal teve 13 filhos, muitos já falecidos, atraídos como a maioria pelas terras férteis e inexploradas do “norte”.
“Aqui era tudo mato, tinha algumas casinhas ali no morro que desce para a Rua Mineira. Eu morei na lá na roça até os 16 anos, quando decidi vir para a cidade em busca de emprego, pois estava ficando difícil para meu pai sustentar todo mundo lá na roça”, conta ele.
A história de Pedro Castilho começa a cruzar a da família Fernandes, também pioneira, nessa altura, aliás, um pouco antes, quando Pedro saia a pé lá do córrego do Coelho para estudar na única escola que existia na cidade, e ficava, segundo ele, no local onde hoje está a Igreja Metodista, ao lado da Padaria Nogueira.
“Meu professor era o Brás e a filha dele. Eu andava aquilo tudo à pé, mais de seis quilômetros, descalço, porque a gente não tinha nem calçado direito e, todos os dias, a dona Vitória (esposa do pioneiro Francisco Fernandes, o Chichi) me esperava junto com a minha mãe, na porta da casa dela, ali perto de onde hoje é o Posto Sombra da Tarde, com um pouco de café e pão. O senhor Francisco e dona Raimunda eram umas pessoas muito boas e cuidavam de tudo e de todos sem pedir nada em troca”, recorda ele.
Assim que veio para a cidade, Pedro conseguiu emprego no comércio. Primeiro na “Casa Vermelha” e depois na Sempre Viva, até que foi aprendendo a venda de tecidos e outros produtos e decidiu montar seu próprio negócio. Aliás, antes disso, Pedro, resolveu se aventurar na Capital, onde abriu uma empresa na rua Jerônimo Monteiro, a Coril Comércio Ltda, mas não gostou da vida por lá e acabou voltando.
Daí para a frente, o empresário foi abrindo empresas na cidade, muitas delas com nomes lembrados até hoje, como a Casa Bandeirantes, que ficava em frente onde hoje é a praça Senador Atílio Vivácqua, o Café Carellos, que existe até hoje e a fábrica de bebidas Sicobel, que funcionou por muitos anos onde hoje é o Hotel Universal, na antiga avenida Prefeito Manoel Vilá, hoje avenida Edson Henrique Pereira (Edinho Pereira).
Paixão que acabou em casamento
aconteceu por acaso, em Alto Jequitibá
A história do casamento de Pedro Castilho é uma das mais curiosas que ele tem para contar, entre tantas ouvida pela nossa reportagem. “Minha esposa, Marcina (Isidora Pereira Castilho) era vice-diretora de uma escola de Presidente Soares, que hoje voltou a se chamar Alto Jequitibá, perto de Manhumirim (MG)”, relata ele.
“Uma vez o meu patrão me pediu para ir lá em Alto Jequitibá, levar a filha dele, que estudava em um famoso colégio interno e pediu para eu passar o fim de semana, passear com a menina, antes de entrega-la no colégio. Ele tinha muita confiança em mim. Foi então que, ao chegar na escola, conheci a Marcina e logo começamos a namorar à distância até que consegui me casar com ela. O casamento foi lá mesmo, em Alto Jequitibá”, recorda.
O casal teve três filhos, ou melhor um filho (Luiz Carlos) e uma filha (Lilian Carla) do ventre de dona Marcina e outra filha (Regina Viana) que adotaram já com sete anos e hoje mora em São Mateus.
“Meu pai, quando chegou, fez a casa, na verdade uma espécie de barraca, debaixo da mata, de madeira de lei e coberta com folhas de palmito, que também serviam para fazer as camas. Na época ele foi desmatando e plantando café. A terra era muito fértil e a produção era muito grande, mas não havia comprador e nem como beneficiar o produto”, observa.
Pedro comenta que um dos poucos compradores de café que existia no local era um membro da família Della Fuente, conhecido como Espanhol (Antonio Gonçalez Della Fuente) que comprava o café em coco e levava para ser beneficiado em Baixo Guandu. “A gente plantava o café e, com menos de dois anos já estava produzindo, mas o valor era pequeno”, lamenta.
Quanto à região de origem da sua família, Castilho recorda pouco, mas disse ter conhecido o lendário Coronel Bim Bim, como era conhecido o proprietário rural Secundino Cipriano, um dos homens mais temidos da região de Aimorés e que também tem muitos parentes ainda vivos aqui em Barra de São Francisco.
“Lembro de mais de 20 famílias que vieram para cá corridas, com medo do Bim Bim. Uma vez, passando lá em Penha do Capim, comentei que gostaria de conhecer o famoso coronel Bim Bim e tinha uma pessoa por perto, que me disse: ‘você quer conhecer o Bim Bim. Vamos ali que eu te mostro ele’. E me mostrou mesmo. Era um homem baixo, pouco mais de meio e meio de altura, mas parrudo e não parecia tão bravo”, comenta.
Pedro Castilho lembra ainda de um dos jagunços do Coronel Bim Bim que veio morar em Barra de São Francisco, com medo de ser morto pelo ex-patrão. “Era da família dos Perigoso, acho que todo mundo tinha muito medo dele. Só foram conseguir mata-lo, lá em Ecoporanga, numa mesa de baralho. Um matador sentou para jogar em frente dele e tirou o revólver por baixo da mesa, atirando na barriga do Perigoso” conta.
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Do conflito do Contestado, poucas histórias
O conflito do Contestado, que marcou uma briga por posse de terras entre Minas e o Espírito Santo até o início da década de 60, está na memória de Pedro Castilho e de Victório Fernandes como uma época difícil, mas sem tiroteios. “No começo havia os destacamentos de policiais de Minas e do Espírito Santo em Barra de São Francisco, mas não havia tiroteio, aqui na cidade não”, conta Pedro Castilho, salientando que os policiais mineiros ficavam alojados perto de onde hoje é a loja Megalar, no centro.
“Os mineiros queriam um caminho para o mar, mas os nossos policiais e autoridades estavam acampados aqui para defender o território. Todos eles andavam carregando enormes fuzis, a única arma que tinham na época”, relata.
“Um desses soldados, o militar reformado Jorge Angélico Nolasco, chegou aqui bem novinho. Veio andando de Águia Branca até aqui, carregando o fuzil a tiracolo”, recorda ele.
Victório também recorda desses tempos e faz coro com Pedro Castilho. “Conflito, tiro mesmo, nunca vi. Mas o povo começou a ficar com medo e muita gente ia pedir abrigo ao meu avô, Francisco e dona Victória e ele sempre recebia todo mundo bem”.
Tive o prazer de trabalhar com o Pedro Castilho, como vendedor de bebidas no começo dos anos 70, isso norteou minha vida e da minha família, hoje a minha família tem 04 fabricas de bebidas espalhadas em 04 estados brasileiros.
Meo avó e Joaquim castilho não sei em que grau de parentesco com sr Pedro só sei que é parente gostaria de em tear em contato pra conhecer os meus parentes moro em Cariacica es minha mãe dona aulinha Pereira da Silva filha de Joaquim castilho meu tel 27 988623794 meu nome também é joaquim