O preço da arroba do boi gordo “padrão exportação“ chegou aos R$ 260,00 em São Paulo e a expectativa é de que as referências continuem registrando altas nas próximas semanas. A saída de animais do confinamento deve ganhar força em outubro, mas não será suficiente para pressionar os preços da arroba.
No Espírito Santo, o Sispreço, levantamento semanal do Incaper que mede o valor pago ao produtor nos municípios onde a respectiva produção é mais expressiva, apontou ontem, 28, preço médio de R$ 237,16 para o arroba do boi gordo, com mínimo de R$ 230 e máximo de R$ 245, mas, em Barra de São Francisco tem produtor que já está recebendo oferta de compra com preço maior, conforme apurou nossa reportagem.
O corretor de commodities Socopa, Breno Oliveira Soares Maia, destacou que os frigoríficos estavam ofertando preços em novos patamares, porém nenhum negócio foi efetivado. “Apenas nesta manhã (29) que as indústrias fecharam negócios na casa dos R$ 260,00 na praça paulista, sendo que é um recorde de preço para a arroba”, comenta.
A disponibilidade de animais segue escassa nas praças produtoras, o que acaba favorecendo novos patamares de preços. Além disso, as exportações acabam demandando muita proteína e o Brasil pode bater recorde nos volumes embarcados nos próximos meses.
“Nós acreditamos que vai ter uma aceleração maior nas exportações já que novos casos de peste suína africana estão sendo registrados em Javalis na Alemanha. Isso acaba abrindo mais uma janela para o Brasil e deve manter o mercado firme”, ressalta o corretor.
Já no atacado, os preços da carne em São Paulo estão ao redor de R$ 16,20/kg. “Se olharmos para os cortes, nós tivemos preços maiores do que os praticados atualmente. Porém, analisando o boi casado no atacado estamos com valores recordes”, conclui.
Dados preliminares da balança comercial de julho, divulgados pelo Ministério da Economia no início de agosto mostram um aumento de 94,5% nas vendas de carne bovina para a Ásia, com exceção do Oriente Médio.
Nas vendas feitas somente para a China, o crescimento de arrecadação é ainda maior: 143%. Em julho de 2019, as vendas de carne bovina para a China somaram US$ 154 milhões. Já no mesmo mês deste ano, a cifra chegou a US$ 375 milhões. A situação chegou a tal ponto que foi criado o chamado “boi China”, que tem cotação R$ 5,00 maior do que os demais.
O mercado físico de boi gordo segue com preços firmes nas principais praças de produção e comercialização do Brasil, segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique iglesias. “A tendência de curto prazo ainda é de alta nos preços.”
Segundo ele, a oferta de animais terminados permanece restrita em grande parte do país, sem sinais de alterações significativas desse quadro em setembro.
Em relação à demanda doméstica de carne bovina, a perspectiva é de alta nos preços, diante da reabertura em estágio avançado em algumas regiões do país, e a cidade de São Paulo é o principal exemplo. “Além disso, o resultado dos embarques em julho foi bastante positivo, novamente com uma presença bastante marcante da China no mercado internacional”, afirma Iglesias. (Weber Andrade com site Notícias Agrícolas)