O tio de um dos dois assassinos que mataram oito pessoas e feriram pelo menos 23 em uma escola de Suzano, na Grande São Paulo, foi o primeiro a ser ferido nesta quarta-feira, 13. Jorge Antonio de Moraes, proprietário da Jorginho Veículos, foi baleado pelo sobrinho, Guilherme Taucci, de 17 anos, em seu escritório, dentro da loja.
Jorge foi levado ferido ao Hospital das Clínicas, onde está sendo submetido a uma cirurgia na tarde desta quarta.
A motivação do crime ainda é incerta, mas. segundo testemunhas, o tio teve uma discussão com o sobrinho um dia antes. Os dois assassinos eram ex-estudantes da escola estadual Raul Brasil, disse o secretário de Segurança Público, João Camilo Pires de Campos.
Segundo o secretário, ainda não se sabe a motivação do crime. “É a grande busca: qual foi a motivação dos antigos alunos”, disse Campos. Buscas na casa dos assassinos aconteceram e recolheram pertences deles.
Os assassinos são Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Henrique de Castro, de 25 anos. Monteiro deixou a escola no ano passado após “problemas” –o secretário não foi claro se ele foi expulso ou se saiu por conta própria.
Não se sabe se os assassinos chegaram à escola encapuzados, afirmou o secretário de Segurança. Familiares de estudantes e funcionários da escola serão ouvidos.
Ainda de acordo com testemunhas, o tio de Guilherme, Jorge foi baleado pouco depois das 9h. Depois disso, Guilherme seguiu junto com Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, de carro para a escola onde foram efetuados os outros disparos. A escola fica próxima à loja.
Os autores do crime chegaram à escola em um carro branco, que foi alugado por um dos assassinos. Eles entraram pela porta da escola depois de serem atendidos por uma coordenadora pedagógica.
“Eles ingressaram na escola, atiraram na coordenadora pedagógica, atiraram numa outra funcionária. Estava na hora do lanche, eles se dirigiram ao pátio, atiraram em mais quatro alunos do ensino médio. Nesse horário, só havia alunos do ensino médio, e (os autores do ataque) dirigiram-se ao centro de línguas. Os alunos do centro de línguas se fecharam na sala com a professora e eles (criminosos) se suicidaram no corredor”, disse o coronel Marcelo Salles, comandante geral da PMSP.

Mortos na tragédia
Funcionárias: Marilena Ferreira Vieira Umezo e Eliana Regina de Oliveira Xavier
Alunos: Pablo Henrique Rodrigues, Cleiton Antônio Ribeiro, Samuel Melquíades Silva de Oliveira
João Vitor Ramos Lemos, Caio Oliveira,
Dono da locadora: Jorge Antônio Moraes
Assassinos: Guilherme Tauci Monteiro (17 anos) e Luiz Henrique de Castro (25 anos)
Desde 2002 ataques a escolas se repetem no país
O ataque a tiros desta quarta-feira, 13 na Escola Estadual Raul Brasil, de Suzano (SP), não é único na história do país. Considerado um problema crescente nos Estados Unidos, esse tipo de crime já aconteceu pelo menos outras oito vezes no Brasil.
Dois criminosos encapuzados mataram ao menos oito pessoas dentro da instituição em Suzano. Eles cometeram suicídio em seguida, segundo a polícia. Seis das vítimas eram estudantes, duas outras eram funcionárias da escola.
O massacre é o maior já registrado em São Paulo. No Rio, em abril de 2011, onze crianças morreram e 13 ficaram feridas quando um homem de 23 anos atirou contra salas de aula lotadas em uma escola do bairro de Realengo.
Após o episódio, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que as medidas de segurança em escolas do estado seriam avaliadas.
Paraná – O episódio mais recente aconteceu em setembro do ano passado, no Colégio Estadual João Manoel Mondrone, em Medianeira, no oeste do Paraná, a 60 km de Foz do Iguaçu. Um adolescente de 15 anos entrou armado e atirou contra colegas de classe. Dois alunos, um de 15 e outro de 18 anos, ficaram feridos.
Dois adolescentes foram apreendidos. Um deles disse à polícia que sofria bullying na escola e tinha como alvos ao menos nove colegas. Ele contou que saiu de casa decidido a praticar o ataque, planejado por dois meses.
Janaúba – Em Janaúba (MG) o segurança de uma creche ateou fogo em crianças e depois no próprio corpo em. Oito crianças e uma professora morreram, em outubro de 2017. O vigia do Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente jogou álcool em crianças e nele mesmo. Em seguida, ateou fogo. No horário havia 75 crianças e 17 funcionários na escola.
O agressor, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, chegou a ser internado, mas morreu horas depois. Ele era funcionário do lugar desde 2008 e estava de licença médica. No dia do ataque, disse que iria à creche para entregar um atestado médico.
Goiânia – Um estudante de 14 anos atirou dentro do Colégio Goyases, escola particular de ensino infantil e fundamental, em Goiânia. Dois estudantes morreram e outros quatro ficaram feridos. O caso aconteceu em outubro de 2017.
Testemunhas relataram que o autor do ataque, filho de policiais militares, estava dentro da sala de aula e, no intervalo, tirou da mochila uma pistola e efetuou os disparos. Em seguida, quando ele se preparava para recarregar o revólver, foi convencido pela coordenadora a travar a arma.
O garoto foi apreendido. Nesse caso, a polícia também citou bullying como possível motivação do ataque.
João Pessoa – Dois adolescentes, de 16 e 13 anos, foram apreendidos após um tiroteio na escola estadual Enéas Carvalho no Centro de Santa Rita, na Grande João Pessoa (PB), em abril de 2012. Um deles fez seis disparos, ferindo três alunos.
De acordo com a polícia, o alvo da dupla era um adolescente de 15 anos. As outras duas vítimas foram atingidas por estarem próximas ao garoto.
São Caetano do Sul – Um aluno de dez anos atirou contra uma professora na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul (SP), em setembro de 2011. Em seguida, ele atirou contra a própria cabeça e morreu no hospital.
O estudante, filho de um guarda-civil municipal, usou um revólver calibre 38 no ataque. A professora, de 38 anos, sobreviveu.
Realengo – Um homem de 23 anos atirou contra alunos em salas de aula lotadas na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, zona oeste do Rio. O crime aconteceu em abril de 2011.
Onze crianças morreram e 13 ficaram feridas, todas com idades entre 12 e 14 anos. O atirador, Wellington Menezes de Oliveira, usou dois revólveres, que chegou a recarregar várias vezes. Em seguida, ele foi atingido por um policial e se suicidou.
Wellington era ex-aluno da instituição. Segundo testemunhas, ele entrou no colégio dizendo que faria uma palestra. Antes do crime, o autor do ataque deixou uma carta com informações desconexas, em que manifestava a determinação de se suicidar depois da tragédia.
Taiúva – Um ex-aluno também foi responsável pelo ataque a tiros à Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva (SP), em janeiro de 2003. Cinco alunos, o caseiro, a zeladora e uma professora da instituição ficaram feridos.
Um dos estudantes, atingido por um tiro na coluna, ficou paraplégico. Não houve vítimas fatais.
O atirador, Edmar Aparecido Freitas, tinha 18 anos na época do crime. Ele invadiu o local armado com um revólver calibre 38 e um punhal, fez os disparos e se suicidou em seguida. Segundo a polícia, o jovem era vítima de bullying escolar.
Salvador – Em 2002, um aluno de 17 anos matou a tiros duas colegas da escola particular Sigma, do bairro de Jaguaribe, em Salvador. O adolescente atirou contra as duas dentro de uma sala de aula. Em seguida, se entregou à polícia ainda dentro da escola. (Fonte G1 e Agência Brasil)