A tragédia de Brumadinho, segundo crime ambiental de grandes proporções cometido pela Vale e subsidiárias, acabou por despertar o temor das populações em relação às barragens. Aproveitando-se deste momento, um vereador da cidade, conhecido pelo seu envolvimento com o grupo de oposição ao atual prefeito Alencar Marim vem tentando aterrorizar a população e coloca-la contra o prefeito, afirmando que a barragem que está sendo construída no rio Itaúnas coloca em risco a vida da população da sede do município.
Diante da situação, o deputado Enivaldo dos Anjos, que já havia criticado a tentativa de impedir a obra como uma manobra política, disse hoje, 30, ao site O Contestado, que já recebeu o ofício da Câmara de Vereadores, solicitando a audiência e já encaminhou para o governo do Estado, pedindo urgência na marcação.
Enivaldo se disse indignado com esses pseudocidadãos francisquenses que usam a dor dos outros para tentar impor o medo nas pessoas e impedir que uma obra de extrema importância para a cidade seja construída. “Não há como marcar uma audiência pública de um dia para o outro, mas entendo que é preciso, para acabar de vez com o oportunismo de alguns políticos francisquenses”, afirma ele.

Esta semana o vereador Paulo Roberto dos Reis, o Paulinho, também procurou a reportagem do site O Contestado, para dizer que não autorizou o seu colega, Admilson Brum, a usar o nome dele em matéria postada no site do próprio vereador, que falava em abaixo assinado contra a construção da barragem no rio Itaúnas. A matéria, veiculada nos sites O Contestado e Voz da Barra, provocou forte reação da sociedade, a maioria entendendo que os vereadores estão fazendo a campanha do “quanto pior melhor”.
“Eu não autorizei ninguém a falar em meu nome e sei que a responsabilidade pela barragem não é do prefeito, e sim do governo do estado. O que eu penso é que o assunto deveria ser melhor explicado para a sociedade não ficar com dúvidas”, disse Paulinho.
O episódio do rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, na sexta-feira passada, está sendo usado pelo vereador Admilson Brum, de oposição ao prefeito Alencar Marim, para tentar aterrorizar a população francisquense em relação à barragem que está sendo construída no rio Itaúnas.
A proposta do vereador Admilson Ribeiro Brum, de fazer um abaixo assinado contra a construção da barragem, foi considerada pela maioria dos internautas consultados pelo site O Contestado, como mais uma tentativa de provocar pânico na população e tentar desqualificar a administração atual.
A barragem que está sendo construída ao custo de mais de R$ 1,3 milhão, levou quase um ano só para ser projetada e faz parte de do Programa de Construção de Barragens do governo do Espírito Santo.
O prefeito Alencar Marim, informa que não teve nenhuma ingerência na escolha do local, mas que está tranquilo quanto a segurança da barragem. Ele esteve no local recentemente e disse que espera ver a barragem se transformar em ponto turístico do município em breve.
Ao contrário do que os vereadores estão falando, as barragens de contenção de água são totalmente diferentes das de contenção de rejeitos, quanto a possíveis danos em caso de rompimento, como já foi divulgado aqui no site.
Segurança – Não há registro de barragens de rejeitos de mineração no Espírito Santo. No entanto, no estado existem 98 barragens de reserva de água registradas no cadastro de segurança da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh). Elas passam por inspeções periódicas. Nos últimos cinco meses, segundo o governo do estado, 51 barragens foram visitadas. Em janeiro deste ano, quatro empreendimentos já foram vistoriados: dois em São Roque do Canaã e duas em Marilândia, no interior do Estado.
Ainda para esta semana, está prevista a ida da equipe de fiscalização às barragens de Santa Julia e Alto Santa Julia, usadas pela prefeitura de São Roque do Canaã. As estruturas passaram por obras de recuperação que são acompanhadas pela Agerh. A última visita foi feita nos dias 16 de janeiro.
A Agerh vai fazer uma nova avaliação das barragens cadastradas no órgão para traçar um diagnóstico dos empreendimentos que precisam de uma atenção maior do Estado. Segundo o diretor-presidente, Fabio Ahnert, no momento, não há risco iminente. “Nossa equipe já está sendo preparada para novas visitas numa força-tarefa com os demais órgãos ambientais”, comenta.
Depois do diagnóstico, o órgão vai reavaliar o cronograma de fiscalizações e revisar os protocolos de contingência e monitoramento para a segurança de barragens, hoje previstos em leis federais e estaduais. “Vamos avaliar o uso da tecnologia como alternativa para o acompanhamento dessas barragens”, diz Ahnert. (Weber Andrade com Secom/ES)