Por Weber Andrade
Professor concursado do Município, Alencar Marim, 42 anos, casado, três filhos, fez da direção da Escola Família Agrícola seu primeiro laboratório de gestão. Depois, avançou na área pública, ocupando, praticamente por todo o mandato do prefeito Waldeles Cavalcante, de 2009 a 2012, a Secretaria Municipal de Assistência Social, que acabou sendo sua grande escola, permitindo conhecer os caminhos da busca de recursos externos e o contato com a população e com outros setores da administração. Daí começou a nascer a “possibilidade” de ser prefeito um dia. “Confesso, não esperava que fosse tão rápido e com tanto respaldo do eleitor”, definiu Alencar antes de assumir o mandato.
Hoje, quase completando três anos de gestão, Marim avalia que valeu a pena o caminho percorrido e, apesar dos percalços, da situação caótica em que encontrou a Prefeitura, ele tem a certeza de que está fazendo o que é certo, consertando os erros, pagando as dívidas e colocando o município em condições de voltar a crescer.
O último ano de sua gestão, Marim afirma que vai ser de grandes conquistas. “Sei que muitos vão dizer que só estamos fazendo porque é ano de eleição. Mas, temos muitas obras que estaremos entregando em 2020, como as que estão em andamento, mas tem duas obras que devemos começar logo no início do ano e que toda a população quer muito, que são a reforma da praça Senador Atílio Vivácqua e a construção da Rodoviária, um projeto que tem desafiado prefeitos desde a década de 90 e que, esperamos finalmente poder entregar à população francisquense”.
O Contestado – Prefeito, há três anos eu estive com o senhor fazendo uma entrevista. O senhor estava para assumir o mandato e a primeira pergunta foi sobre como o senhor se sentia sendo eleito prefeito tão jovem. Hoje, começo com uma pergunta parecida: Como é que o senhor se sente depois de três anos de mandato?
Alencar – É um misto de realizações, mas também de algumas decepções. Eu não entrei no mandato iludido, sabia das dificuldades que a administração pública enfrenta, das questões burocráticas, sabia da situação difícil de Barra de São Francisco, mas não sabia que estava tão complicado, com tanta dificuldade financeira.
Então, é um misto de realizações, mas também de decepções por causa daquilo que a gente gostaria de ter feito, mas que as condições não permitiram. Ao mesmo tempo fico feliz com as realizações, porque logo no início do primeiro ano nós traçamos um plano para, ao invés de fazer grandes obras, organizarmos a casa.
Este plano, desde o início, com o decreto de calamidade financeira até chegar neste final deste ano com praticamente tudo que se deve no município sendo negociado e, acredito que, no início do ano que vem, todas as certidões em dia, é a parte da realização.
A decepção é que nós deveríamos estar bombando, ao invés de ter que comemorar que nós pagamos R$ 30 milhões em dívidas que não são nossas, eu queria estar comemorando investimentos.

OC – O que o senhor gostaria de já ter feito e não conseguiu fazer ainda?
Alencar – Como eu fiz a campanha com o pé no chão mesmo, andando casa por casa, a principal coisa, para mim, era pavimentar todos os bairros, todas as ruas. Gostaria de encerrar o mandato com todos aqueles bairros que visitei, eu Queria estar entregando o calçamento de todos.
Nós fizemos muita coisa nessa área, só para lembrar algumas: A Poranga, que esperava pelo calçamento há 60 anos, fizemos mais de cinco mil metros quadrados, Cachoeirinha de Itaúnas, fizemos muito calçamento, toda a Nova Barra (Vaquejada), grande parte da Vila Luciene, Paulista, começamos a pavimentar em Itaperuna, a avenida Carlos Valli, o bairro Colina, enfim, fizemos muito calçamento.
Mas o compromisso que nós fizemos com as pessoas e conosco mesmo, com a nossa consciência era de zerar o déficit de calçamento, mas isso está muito distante, ainda tem muito calçamento pra fazer. Claro, que tem obras, como a pavimentação da região oeste do Colina, a Martins Firme, antes chamada de rua Maldita, cujas obras estão em andamento e isso deixa a gente feliz. Mas eu queria terminar o meu mandato com o prazer de dizer que zeramos todo o déficit de calçamento. Infelizmente, não vai ser possível.
“A decepção é que nós deveríamos estar bombando, ao invés de ter que comemorar que nós pagamos R$ 30 milhões em dívidas que não são nossas, eu queria estar comemorando investimentos.”

OC – Por outro lado um programa no qual não havia tanta expectativa, que é a regularização fundiária, está bombando e, parece que a meta inicial será superada em muito…
Alencar – Quem anda, quem faz uma campanha como nós fizemos, pela criação que tivemos, nos comprometemos com aquelas pessoas mais necessitadas, principalmente na periferia. Então, é lá que tem as demandas de pavimentação, mas também é lá que tem a maior demanda de regularização. A pessoa está lá, mora, tem seu lotinho, tem sua casinha, mas nunca conseguiu ter o documento definitivo, que comprova a propriedade do seu imóvel.
A partir de uma lei federal de 2017, nós começamos a sonhar com isso e hoje, nós já entregamos quase 70 escrituras e temos em fase bastante avançada, quase 200 títulos. Semana passada, fizemos uma reunião com o pessoal da Fucape, uma faculdade lá de Vitória que desenvolveu uma ferramenta, um programa, que vai agilizar esse processo. Isso nos permitiu trabalhar com uma meta mais ousada para os bairros que já estão com a situação mais avançada, a topografia, o levantamento topográfico, nós vamos conseguir dar mais agilidade ao processo.
Hoje, nossa expectativa mudou. Pensávamos em entregar 700 escrituras, 700 títulos até o final do ano que vem, mas esse número de deve passar de 1.000.

OC – Na área de Serviços e Urbanização, parece que houve uma transformação para melhor, com ruas e jardins mais bem cuidados, novos conteineres e lixeiras no centro e bairros, implantação da coleta seletiva…
Alencar – O setor de Serviços é um dos mais complicados porque os recursos são poucos e a população ainda não chegou a um nível de conscientização ideal. O serviço de varrição de rua é constante e, mesmo com o grande número de novas lixeiras e os contentores, parece que estamos enxugando gelo.
Mesmo assim, desenvolvemos um trabalho forte, em parceria com entidades organizadas e conseguimos implantar a coleta seletiva de lixo, o que vai gerando maior engajamento da população no tratamento do lixo.
Por outro lado, mantivemos a limpeza constante das margens dos rios e córregos que atravessam a Sede do município e distritos, evitando problemas como as fortes enchentes e ajudando a reduzir a quantidade de lixo nos cursos d’água…
OC – A cidade e os distritos também ganharam visual mais bonito…
Alencar – O trabalho de urbanização foi transferido para a Secretaria Municipal de Obras e, pedimos aos servidores da Pasta, maior atenção e cuidado com nossas praças, jardins e avenidas centrais. Hoje temos uma cidade com visual agradável para todos e que deve ficar ainda melhor quando a reforma da praça Senador Atílio Vivácqua, que começa logo no início de 2020, estiver pronta.

OC – A Saúde é outra área que o senhor recebeu numa situação muito difícil, com falta de veículos, a infraestrutura numa situação precária, politicagem para marcação de exames e consultas. Como é que está hoje?
Alencar – Na Saúde nós conseguimos avançar bastante. É lógico que a saúde pública, em nosso país, sempre vai ter reclamações. Hoje mesmo ouvi algo sobre usuários reclamando do transporte, da falta de um transporte mais confortável… Então, a saúde e uma demanda que em nosso país sempre vai ter reclamações, mesmo com os maiores investimentos, vai ter reclamações.
Mas eu quero refletir com as pessoas, que nós conseguimos avançar, nós renovamos toda a frota de veículos pequenos, compramos vans, equipamos e informatizamos todas as unidades de saúde, colocamos internet em todos os postos de saúde…
OC – Como isso beneficia o usuário?
Alencar – O sistema de informática permite hoje que os dados dos pacientes de todo o município estejam disponíveis. Uma das principais reclamações até a gestão passada era das filas de madrugada, no Posto de Saúde Central, que chegou a ser conhecido como Pavilhão da Humilhação. Hoje, se a gente falar que está zerada a espera, é mentira, mas nós conseguimos dar humanidade ao sistema. Descentralizamos as marcações de consultas e exames para todas as unidades de saúde. Alguns exames que dependem do Estado, acabam demorando mais do que deveriam, mas outros a gente tem conseguido dar uma celeridade muito grande.
A oposição fala que essa fila acabou no antigo Pavilhão, porque não está tendo especialista, não está tendo exame, mas nós temos relatórios que comprovam que o número de consultas de especialidades, o número de exames, aumentou muito na nossa gestão e, mesmo assim, conseguimos desenvolver uma dinâmica que evita as filas de madrugada.

OC – Para o ano que vem parece que o senhor tem aí a perspectiva de construção de mais infraestrutura, mais postos de saúde…
Alencar – Sim, para o início do ano que vem nós teremos a conclusão da unidade de saúde da Vila Vicente, nós iniciaremos, no começo de 2020 a construção de uma unidade de saúde na Vila Luciene que atenderá também à Vila Santa Isabel, concluiremos reformas no ESF do Bambé, do Colina…
“O número de consultas de especialidades, o número de exames, aumentou muito na nossa gestão e, mesmo assim, conseguimos desenvolver uma dinâmica que evita as filas de madrugada no que era conhecido como Pavilhão da Humilhação”
OC – Prefeito, a sua origem é o setor educacional, o senhor é professor de carreira. No início do seu mandato parece que a situação da Educação deixava muito a desejar no município…
Alencar – No setor educacional nós focamos muito na parte de planejamento, metas e capacitação dos profissionais. Quando tomamos a decisão de fazer o processo seletivo, foi uma forma de dar oportunidade de renovação dos profissionais de educação.
Nós focamos no projeto de qualificação como uma forma de integrar a todos, tendo como meta principal melhorar o índice de qualidade da educação. Junto com toda a equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, nós desenvolvemos um projeto – Superando Desafios: Formando Campeões -, que consiste em fazer avaliação, diagnósticos, levantar a situação dos alunos e fazer intervenções mais ousadas.
Em parceria com o Ifes fizemos novas avaliações, novas intervenções e, no final, culminamos com a premiação dos alunos que mais se destacaram, a partir desse projeto, inclusive, proporcionando viagens a esses alunos.
Eu sou professor efetivo da rede municipal de ensino desde 98 e, arrisco dizer que nós nunca tivemos uma ação tão direcionada, tão planejada e com tanta firmeza de propósito, como tivemos nesses últimos anos na Educação.
A gente reconhece que os profissionais de educação se cansam, porque é muita demanda, cobrança o tempo todo, mas, por outro lado, o nosso foco principal, que é oferecer para os estudantes uma educação de qualidade, nós acreditamos que está acontecendo, que está dando certo. Nós vamos conseguir ter algo mais consolidado do ponto de vista numérico, quando sair o resultado do Ideb, por volta de junho ou julho do ano que vem, mas é público e notório que nós conseguimos avançar bastante…
“Em parceria com o Ifes fizemos novas avaliações, novas intervenções e, no final, culminamos com a premiação dos alunos que mais se destacaram, a partir do projeto Superando Desafios: Formando Campeões.”

OC – Além da questão da formação, como é que o senhor está trabalhando a questão da infraestrutura da educação, que é essencial para todos terem melhores condições de ensino e de aprendizado?
Alencar – Nós, paralelamente a este processo de estipular um projeto, um norte e capacitar o nosso pessoal, também traçamos um plano, mesmo com as limitações financeiras, de melhorar a infraestrutura das escolas. Nós já fizemos várias intervenções em algumas escolas do campo e da cidade, seja com mão de obra e recursos próprios ou contratação de serviço terceirizado para intervenções um pouco mais ousadas.
Temos a reforma da escola de Alto Paulista, que já foi entregue, a reforma da escola do córrego do Engenho, em andamento, construção de um auditório na Escola Família Agrícola Normília Cunha dos Santos…
Na Sede, nós destacamos as escolas Vicente Amaro, no Campo Novo e a João Bastos, na Vila Vicente. Na Vicente Amaro nós fizemos uma grande reforma, mudamos toda a pintura, colocamos portas em algumas salas que não tinham e vários equipamento novos.
Na escola João Bastos, houve uma reforma geral, pintura, readequação, colocação de exaustores para melhorar a circulação do ar…

OC – Na João Bastos havia um problema que era o funcionamento do Ifes no local…
Alencar – A Escola João Bastos abrigava também o Ifes, o que limitava muito o espaço dos alunos e professores municipais. Com aquela parceria que nós conseguimos junto ao Sicoob, foi possível transferir a escola federal para o prédio da antiga Fatesf, no bairro Irmãos Fernandes. Isso foi muito bom pro Ifes, que conseguiu ampliar a oferta de cursos e, ao mesmo tempo, deu oportunidade de a João Bastos usufruir melhor do seu espaço, o que proporcionou um salto de qualidade na escola este ano. Hoje ela tem sido destaque na rede municipal.
Paralelamente a estas reformas, nós compramos vários equipamentos, como aparelhos de ar condicionado e bebedouros, para dar aos professores e demais servidores, melhores condições de trabalho e aos estudantes, mais conforto para o aprendizado.
OC – O senhor, além de professor, foi criado no campo. Esperava-se uma atenção maior à agricultura nessa gestão, como é que o senhor avalia o setor hoje?
Alencar – A grande dificuldade é que na Agricultura, os projetos têm que ser desenvolvidos com recursos próprios, não há uma arrecadação específica, como na Saúde e Educação. E usar os recursos próprios, do Tesouro Municipal é uma dificuldade muito grande, devido à situação precária das finanças municipais, então nós ficamos com muitas limitações. O que nós conseguimos fazer foi graças ao esforço e criatividade dos nossos servidores.
Nós conseguimos, através parceria de captação de recursos, em parceria com a Assistência Social, implantar a Compra Direta de Alimentos (CDA), beneficiando em torno de 40 famílias do campo que puderam diversificar sua produção com hortaliças e legumes para atender a esse projeto e ganharem um dinheiro extra, conseguimos resgatar algumas culturas que estavam paradas, como plantio de abóbora, melancia e outros produtos, fazendo também uma relação de compra e venda com alguns supermercados e mercados do município, que passaram a comprar diretamente dos nossos produtores.

OC – Na verdade, o senhor assumiu a gestão no final de um período de seca muito severo, com o produtor já desanimado com a atividade, endividado…
Alencar – Exatamente, assumimos num momento de muita dificuldade, até de autoestima do produtor rural, mas já neste segundo semestre nós conseguimos colocar em prática o programa de apoio ao produtor rural, através das associações. São três associações beneficiadas com máquinas para ajudar no trabalho dos produtores.
Nós estamos conseguindo, agora, a captação de recursos de multas ambientais, para reverter isso ao produtor no programa de barraginhas e barragens. Nós temos um compromisso já certo com o Instituto Terra, de Aimorés, para usar recursos das multas ambientais na construção das barraginhas, enfim, estamos trabalhando para melhorar o apoio ao produtor rural.

OC – A questão da agricultura, como já observamos, está ligada ao Meio Ambiente, à chuva, à preservação da água. O senhor teve a felicidade de iniciar na sua gestão, um projeto de preservação das nascentes do Itaúnas, apoiando as comunidades de Cachoeirinha e região, além claro, da barragem Everaldo Bianquini…
Alencar – Só voltando na parte de agricultura, nós conseguimos, em parceria com parlamentares estaduais e federais recursos para aquisição de máquinas e equipamentos. Nós conseguimos mais cinco retroescavadeiras, escavadeira hidráulica, caminhão-prancha para transportar os equipamentos, três motoniveladoras novas e vários outros equipamentos, muitos para a Secretaria de Interior e Transportes, que também é fundamental para o agricultor porque sem estradas fica difícil o deslocamento das pessoas e o escoamento da produção…
No caso do projeto de preservação de nascentes, devo esclarecer que não foi uma iniciativa nossa, é uma parceria, uma iniciativa da comunidade, do Comitê de Defesa da Bacia do Itaúnas e tem apoio da Prefeitura, da empresa Thorgran…
Eu tive oportunidade de dar minha contribuição como voluntário no cercamento de nascentes e acho que é uma iniciativa que vai transformar a realidade da bacia do Itaúnas. Não tenho dúvidas disso porque está sendo feito pelos próprios moradores, então eles vão cuidar.
A barragem Everaldo Bianquini é uma grande obra do Governo do Estado e é algo fundamental. A reserva de água, que era estimada em 100 milhões de litros, hoje já está calculada em 150 milhões de litros, ampliou a capacidade a capacidade de armazenamento e cumpre uma função importante, fundamental para a agricultura e para o abastecimento da comunidade.
Tenho certeza que as pessoas também vão saber utilizar essa barragem do ponto de vista do lazer. E as pessoas, vendo um local tão bonito, tão bem cuidado, tenho certeza que vão mudar sua concepção em relação à preservação do meio ambiente, então, uma coisa uma a outra.

“A barragem Everaldo Bianquini é uma grande obra do Governo do Estado e é algo fundamental. A reserva de água, que era estimada em 100 milhões de litros, hoje já está calculada em 150 milhões de litros”
OC – Outro avanço na área do Meio Ambiente foi a habilitação do município para a concessão de licenciamento ambiental…
Alencar – Sim, foi um grande avanço. A velocidade do licenciamento ambiental aumentou muito. Hoje, desde que o empreendedor leve a sua demanda organizada, toda a documentação certa, nós temos a liberação de licença ambiental em poucos dias.
OC – O senhor chegou a ocupar a Secretaria de Assistência Social do município, na gestão de Waldeles Cavalcante. Como é que está o serviço social hoje em Barra de São Francisco?
Alencar – A assistência social no Brasil está passando por um período de redução de recursos, é uma outra vertente de gestão federal. Mas nós, na medida do possível, temos mantido os projetos sociais. O Espaço da Alegria é o nosso maior carro chefe, uma ação do Serviço de Fortalecimento de Vínculos, ligados ao CRAS, mas é um projeto social muito bacana. Todos que conhecem se encantam, pois, mais de 200 crianças frequentam o local, no contraturno das aulas, e têm oportunidade de aprender música, balé, canto, artesanato, praticar esportes. É uma forma de dar oportunidade a essas crianças, que estão áreas de vulnerabilidade social e que se não estivessem ocupadas com coisas boas, poderiam virar vítimas fáceis do tráfico, do crime.
Muitas ações ocorrem no CRAS, com cursos profissionalizantes, de corte e costura, pintura, culinária…Temos muitas ações no Creas, no Conselho Tutelar, temos a ação do Sine, que é um órgão ligado ao Governo do Estado e conta com a nossa parceria na intermediação de empregos.
Na outra ponta, temos um trabalho muito bom voltado para a Terceira Idade, com ações de lazer, atividades físicas, viagens.
Nós temos uma ação bastante forte nas duas pontas, que são as crianças e os idosos, sem descuidar da atenção aos adultos carentes financeiramente.

“(O Espaço da Alegria) É uma forma de dar oportunidade a essas crianças, que estão áreas de vulnerabilidade social e que se não estivessem ocupadas com coisas boas, poderiam virar vítimas fáceis do tráfico, do crime.”
OC – Prefeito, na área cultural, com certeza o senhor teve parcimônia para gastar dinheiro com festas, iria ser muito criticado. Como é que o senhor avalia o setor cultural hoje?
Alencar – Movimentar o setor cultural na cidade com a escassez de recursos do município é como tirar leite de pedra. Não se justifica fazer festas milionárias como aconteciam no passado, com a Prefeitura sem condições financeiras. Mesmo assim, conseguimos fazer algumas ações pontuais, como feirinhas, a decoração de Natal e, este ano, conseguimos fazer a primeira Feira Gastronômica e Cultural, com pouquíssimos recursos, mas contemplando artistas, artesãos e empreendedores locais. Foi um sucesso e, acredito que foi a primeira de muitas que virão.
OC – No esporte, houve uma dificuldade inicial para manutenção de alguns eventos, devido à falta de recursos e ao modo de captação…
Alencar – nós tivemos que mudar a forma de pagamento. o pessoal da área técnica, da Contabilidade, nos alertou para o formato de pagamento que era feito e que isso poderia gerar problemas no futuro. Nós tivemos que mudar e, toda mudança gera um certo transtorno, mas hoje tudo está acontecendo de forma mais organizada e melhor.
Praticamente todas as competições tradicionais aconteceram. Este ano, nós tivemos uma mudança no formado do Perna de Pau, com jogos só um dia por semana, mas deu certo, criou oportunidade para que as pessoas que gostam de futebol poderem acompanhar todos os jogos, a Copa Rural foi um sucesso, o projeto Campeões do Futuro atendeu centenas de crianças e adolescentes, e ainda tivemos vários eventos esportivos, como o voo livre, as corridas de rua, que já estão virando uma marca registrada da cidade. Hoje nós temos duas equipes fortes de corrida e caminhada que promovem competições locais e nos representam em competições nacionais, temos o ciclismo, que reúne mais adeptos a cada dia…

OC – Tem alguma novidade no setor para o ano que vem?
Alencar – Sim, em 2020 nós pretendemos realizar um campeonato regional de futebol. Também daremos apoio aos grupos organizados de corrida e caminhada, o cicloturismo. O que cabe a nós é não atrapalhar, é ajudar, incentivar competições e equipes como a do nosso handebol, que é destaque no Estado…
OC – Um balanço geral da sua gestão até agora…
Alencar – É importante que a população entenda que não se faz nada sem planejamento. Nosso pronto fraco talvez seja fazer propaganda do nosso trabalho. Mas existe um plano muito bem traçado desde janeiro de 2017, organizando aquilo que é possível. Organizamos o pagamento aos fornecedores, estamos ainda trabalhando para limpar as certidões negativas e passar a receber recursos estaduais e federais… Então, nós temos um planejamento, um caminho que está sendo seguido e, a partir desse caminho trilhado, cumprido, nós estamos fazendo aquilo que prometemos, que é entregar um município bem melhor do que o que recebemos. Tenho plena convicção de que estamos no caminho certo, tenho plena convicção de que o município está muito melhor administrado, mas também tenho a certeza de que esse trabalho precisa ter continuidade para que o município volte a ocupar um lugar de destaque regional.
Talvez a população não tenha a percepção da importância do que nós estamos fazendo hoje, de enfrentar problemas como o déficit do Instituto de Previdência, as dívidas, as certidões, os gastos com pessoal. No futuro, se isso não for desviado, se esse caminho não for desviado, a população vai agradecer. Eu, meus filhos, meus netos, todos vamos ver o resultado de uma gestão acertada.
Por outro lado, uma gestão desastrosa, produz frutos negativos para muitas gerações. Então, o que estamos fazendo é o que precisa ser feito, mesmo que algumas críticas venham. O papel do líder é liderar fazendo o que precisa ser feito. O líder precisa entender o momento, fazer o que precisa ser feito e, às vezes, até contrariar o que é a onda do momento.
“No futuro, se isso (a gestão austera do município) não for desviado, se esse caminho não for desviado, a população vai agradecer. Eu, meus filhos, meus netos, todos vamos ver o resultado de uma gestão acertada.”

OC – O que a população francisquense pode esperar para o seu último ano de mandato…
Alencar – Estou muito feliz, muito realizado, cansado pra caramba, mas entusiasmado com as possibilidades de 2020. Entendo que vai ser um ano de grandes conquistas na Educação, temos muitas obras que estaremos entregando em 2020, como essas que estão em andamento, mas tem duas obras que devemos começar logo no início do ano e que toda a população quer muito, que são a reforma da praça Senador Atílio Vivácqua e a construção da Rodoviária, um projeto que tem desafiado prefeitos desde a década de 90 e que, esperamos finalmente poder entregar à população francisquense.
Eu sei que muitos dirão que estamos fazendo as obras em 2020, por ser ano eleitoral. Mas quero deixar bem claro isso, o planejamento que nós fizemos era de primeiro ir acertando o que tinha que ser acertado e, só agora, conseguimos fazer uma pequena reserva, espremendo muito, economizando aqui e ali, para fazer essas obras tão ansiadas pela população, além daquelas que virão através de recursos externos, em parceria com deputados, senadores e o governo do Estado.

OC – Para finalizar qual a mensagem que o senhor deixa para a população?
Alencar – Quero agradecer, primeiramente à população, pela paciência, por entender o momento que estamos vivendo, a todos os servidores, àqueles vereadores que têm sido parceiros, que têm trabalhado para o município e não para grupo político.
Quero agradecer o apoio dos deputados estaduais e federais, particularmente, ao deputado Enivaldo dos Anjos, que é parceiro de toda hora, é daqui de Barra de São Francisco e está sempre pronto a intervir pelo município e um agradecimento muito especial ao governador do Estado, Renato Casagrande, que tem sido muito solidário e bondoso para com toda a população de Barra de São Francisco.
Por fim, desejar a todos um Natal cheio de alegrias, no seio das famílias e um ano novo repleto de realizações.