O policial reformado Jorge Angelico Nolasco, 98 anos, circula todos os dias pela cidade a pé. Logo bem cedo, faz o trajeto entre a sua casa, atrás do posto Ouro Verde até a igreja Maranata, onde costuma fazer pequenos serviços domésticos, como varrição e capina. Exemplo de longevidade, Nolasco é um dos 31 francisquenses, segundo o site Cidades, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com mais de 95 anos e que está próximo de alcançar cem anos de vida.
Assim como “Seu Jorge”, como é carinhosamente chamado por toda a cidade, muitos homens francisquenses estão chegando perto do centenário, mais ainda estão longe de competir com as mulheres. Na faixa de idade do “Seu Jorge”, a coisa está equilibrada. São 15 e homens e 16 mulheres com mais de 95. Porém, com mais de cem anos existem, nas contas do IBGE, 13 pessoas no município, sendo nove mulheres e apenas quatro homens.

O segredo da longevidade feminina – elas vivem, em média 6 anos e 11 meses a mais do que os homens – parece estar baseado na vaidade e na vitalidade. Afinal, elas estão sempre buscando cuidados com o cabelo, a pele, o corpo em geral e são geralmente, multidisciplinares, pois cuidam da casa e ainda buscam trabalho externo, nos dias de hoje, apontam as pesquisas.
A realidade é que, hoje, grande parte das pessoas que tem mais de 70 anos, estão preparadas para chegar ao centenário, com saúde.
É o caso de dona Marina Dazílio. Aos 85 anos, ela levanta bem cedo e sai para caminhar com amigas, quase todos os dias. “Eu me sinto bem, não sei se vou chegar lá, pois depende também de Deus, mas por mim, estou preparada”, admite.
Marina disse que sua dieta é simples, caseira e que a prática de atividade física é um dos segredos da longevidade. “Nunca bebi nem fumei, mas sempre me alimentei bem, de tudo que gosto, mas com moderação. Conviver com as amigas e amigos também ajuda muito a manter a saúde e a vitalidade”, observa.
O Espírito Santo é o estado com a segunda maior expectativa de vida do país, conforme dados da Tábua de Mortalidade de 2017, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recentemente). Hoje quem tem 65 anos deve chegar, pelo menos aos 85. E quem tem 85, como dona Marina, facilmente chegará aos cem.
Mas o Espírito Santo teria alguma característica diferente para ter a melhor expectativa de vida do país? Para o geriatra Roni Mukamal, há um conjunto de fatores favoráveis para isso.
“O primeiro fator é que estamos no sudeste e temos uma saúde de qualidade. Óbvio que com problemas, mas temos acesso à saúde, as pessoas se cuidam, vão ao médico. Outro ponto é que, apesar de estar no sudeste, a vida no Espírito Santo tem características bucólicas, mesmo na capital. As pessoas se cuidam mais, comem mais em casa. Então o capixaba tá criando um modelo muito interessante e um exemplo para todo o país de se envelhecer bem”, explicou.
Ainda segundo o geriatra, o segredo é pensar na velhice desde a juventude: adquirir bons hábitos ainda com pouca idade pode contribuir muito para uma rotina saudável e menos doenças no futuro.
“A saúde não está na mão do profissional, está na sua mão. Cuide da sua saúde. Busque alimentos saudáveis, busque fazer exercícios, e principalmente, cuide da sua cabeça”, aconselhou o médico.
Seu Jorge e dona Marina pensam o mesmo. “Eu sempre gostei de acordar cedo, tomar banho frio e fazer atividade física. Além disso, nunca fumei e nem bebi e procuro evitar comidas prontas e beneficiadas. Hoje a comida tem muito veneno, muito conservante, por isso muitas pessoas adquirem doenças como o câncer”, observa “Seu Jorge”.
Dona Marina também vê o horizonte dos cem anos próximo para as pessoas da sua idade, desde cuidem bem da alimentação e façam exercícios de acordo com suas possibilidades. “Até pouco tempo eu até dava umas corridinhas, mas agora, estou só caminhando, tenho que reconhecer os limites do meu corpo”, conclui ela. (Weber Andrade)

Terceira Idade tem cuidados especiais
A Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) promove várias atividades para a Terceira Idade, em Barra de São Francisco. No ano passado, no Centro de Referência em Assistência social (CRAS), no bairro Nova Barra, a psicóloga Hannah Rocha abordou em palestra para os participantes do Projeto Terceira Idade, ela abordou o tema “Quais são os meus valores”, onde salienta a busca de reflexões sobre o sentido da vida e os valores que nos cercam.
Hannah falou aos idosos sobre os valores que precisamos cultivar de forma que a vida nos impulsione aos cuidados pessoais bem como um com o outro, de maneira a não julgar, não desistir em meio às dificuldades e sim valorizar as pequenas oportunidades, valorizar a vida e ter empatia pelo outro, ou seja, se colocar no lugar do próximo, conhecê-lo e ajudá-lo a enfrentar os desafios do dia a dia.
“A importância de saber cultivar alguns valores pessoais que são fundamentais para alcançar uma vida mais plena, harmoniosa e feliz é: Honestidade, Respeito, Empatia, Autoconfiança, Comunicação Assertiva e Inteligência Emocional. Portanto coloquem em prática os seus melhores valores, aproveite cada momento para se sentir valorizado e faça o mesmo pelo outro,” aconselhou a psicóloga.
Por fim, ela salientou que valorizar o idoso deve ser um compromisso permanentemente em todas as suas vias. “Respeitar o que essas pessoas representam na sociedade precisa ser algo priorizado. Oferecer projetos direcionados a este público torna-se assim concreta a idealização de um planejamento de agregar novas expectativas àqueles que tanto contribuíram para a formação de nossa sociedade.” (Weber Andrade)
Eu tbm moro em barra de sao francisco e tenho uma biza avó de 102anos
Que bacana, Sandalo, gostaria de entrevista-la, se você quiser me passar o contato, teremos prazer em fazer uma reportagem com ela…