O ministro Sérgio Moro, da Justiça, chegou ao seu limite e pediu demissão ao presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, 23, informa o Correio Brazilienese. O motivo foi o anúncio feito pelo presidente de que deve trocar o comando da Polícia Federal. Bolsonaro tenta, agora, reverter o pedido de Moro.
A informação é confirmada pelo site Uol, da Folha e outros sites de notícias de amplitude nacional. Até o momento, apenas o G1, da Rede Globo, não deu como certa a demissão. A colunista Cristiana Lôbo afirma que um dia depois de ter sido avisado por Jair Bolsonaro de que o comando da Polícia Federal seria trocado, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, avisou nesta quinta-feira, 23, ao presidente que pedirá demissão se confirmada a saída do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
O atual diretor-geral, Maurício Valeixo, que tem o apoio do ministro, deve ser demitido para dar lugar a um nome que tenha maior proximidade com Bolsonaro. Moro, porém, vê na troca um ato extremo de desautorização, que ocorreria para proteger aliados atualmente na mira da corporação.
A intenção de fazer a troca ocorre em meio ao andamento de um inquérito, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Procurador-geral da República, Augusto Aras, que mira deputados bolsonaristas. Eles são suspeitos de atuar para financiar e incentivar manifestações contra o Supremo e o Congresso.
As manifestações foram convocadas em várias cidades para pedir um “novo AI-5”. O próprio presidente participou de um ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Desde o ano passado, o presidente Bolsonaro tem manifestado o interesse em trocar o comando geral da Polícia Federal, para colocar alguém de sua confiança.
Valeixo é ligado a Moro desde os tempos da ação dele na Operação Lava-Jato, no Paraná.
Antes de trocar Valeixo, no ano passado, o presidente fez substituições importantes em cargos de chefia na Polícia Federal, inclusive no Rio de Janeiro, base eleitoral dele e do filho Flavio Bolsonaro, senador. Moro conseguiu reverter outras mudanças desejadas pelo presidente.
Resistência da corporação – As tentativas de trocar o diretor-geral da PF encontram resistência não só de Moro, mas também de delegados e agentes. É consenso que, se concretizadas, enfraquecerão o ministro da Justiça.
Dentro da corporação, a notícia da troca foi recebida como uma bomba por agentes e delegados. Nem a Presidência nem o Ministério da Justiça se manifestaram oficialmente sobre o caso, até o momento. (G1, MSN e Correio Braziliense)