A morte de mais um jovem provocada por um acidente com motocicleta em Barra de São Francisco, neste final de semana, não deixa dúvidas sobre a letalidade deste veículo e os danos que trazem para todo o sistema de saúde do país. Kaio Guilherme, 20 anos, que bateu sua moto em um poste nas proximidades da Volta da Cobra, na madrugada deste domingo, 30, é apenas mais um na longa estatística de mortes provocadas por imprudência na condução deste tipo de veículo na cidade.
De acordo com o comandante do 1º Posto Avançado dos Bombeiros (PAB) em Barra de São Francisco, o atendimento a ocorrências com motocicletas são responsáveis por mais de 80% do trabalho dos Bombeiros em relação a acidentes com veículos na cidade e região. “Cada acidente deste, quando não há morte, custa em torno de R$ 400 mil ao sistema de saúde”, afirma ele.
A imprudência, geralmente, é o fator que provoca 99% dos acidentes. Falhas mecânicas são raras, segundo os Bombeiros e outros órgãos de fiscalização do trânsito. Foi por imprudência que recentemente uma jovem – Sabrina Santos – perdeu a vida nas proximidades do Distrito Industrial. Fontes consultados pela nossa reportagem aponta que havia duas motos fazendo “pega” por volta de 2h da manhã de um sábado, quando aconteceu o acidente que vitimou Sabrina e deixou outros três feridos. (Veja mais no link https://ocontestado.com/morte-de-jovem-no-polo-industrial-pode-ter-sido-provocada-por-pega-de-motos/)
A frota de motocicletas no Espírito Santo ultrapassa o número de 537 mil unidades, conforme levantamento de 2018 realizado pelo Detran-ES. Baseado nos últimos dez anos, o aumento representa quase 93%.
Só em Barra de São Francisco são mais de 10.500 motocicletas registradas no Denatran, de cilindradas diversas.
Dados do Governo do Estado mostram que o número de mortes em acidentes envolvendo motos aumentou 42% só nos três primeiros meses deste ano, no Espírito Santo, em relação aos três primeiros meses de 2018. Nesse período, o estado apresentou 91 mortes. Só em Barra de São Francisco, podem ser acrescidas a esta estatística, mais cinco vítimas fatais. Sem contar acidentes como o que vitimaram um casal na Terceira Ponte, recentemente, e que, segundo informações da Polícia Civil do Espírito Santo, tiveram origem em um “pega” entre dois motoqueiros que acabaram abalroando a moto do casal.

Mais de 75% das indenizações pagas
pelo Dpvat são para acidentes com motos
O relatório mais recente do seguro Dpvat, divulgado em maio deste ano, aponta que, do total de indenizações pagas no ano passado, 70% se destinaram para acidentes de trânsito com vítimas que adquiriram algum tipo de invalidez permanente, chegando a registros de 228 mil ocorrências.
As motocicletas, que representam 27% da frota nacional, foram responsáveis por cerca de 75% das indenizações pagas em 2018, acumulando mais de 246 mil pagamentos.
(Veja mais no link https://vozdabarra.com.br/mais-de-75-das-indenizacoes-no-es-por-acidente-sao-para-motoqueiros/)
As motos também colocaram o Espírito Santo, recentemente, como o estado com mais mortes no trânsito por habitantes no Brasil. Os dados são de um estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária. Em 2018, foram registradas no estado 26 mortes a cada 100 mil habitantes. O número é acima da média nacional, de 21 mortes a cada 100 mil habitantes.
O presidente do Observatório, José Aurélio Ramalho, explicou que o alto índice de mortes está relacionado à educação dos motoristas no trânsito. Para ele, é necessário que exista o conteúdo de educação no trânsito desde o ensino básico.
“O acidente de trânsito está associado diretamente ao comportamento do motorista. Por mais que tenha uma via adequada, o comportamento do motorista naquela via inadequada tem que mudar. Não adianta a via não ter sinalização ou uma geometria de via ruim que ele deve se adequar para não acontecer o acidente”, enfatizou Ramalho.
O presidente acredita que o grande problema está em como o país forma os condutores. “Nós somos adestrados a tirar a habilitação e decorar placas. Isso é um fator muito grave. A gente não tem percepção de risco”, explica José Aurélio.
DPVAT NO ESPÍRITO SANTO
TIPO DE VEÍCULO
AUTOMÓVEIS…1.164
ÔNIBUS/MICRO-ÔNIBUS/VANS… 111
CICLOMOTOR…72
MOTOCICLETAS…4.657
CAMINHÕES/PICKUPS…265
TOTAL…6.269
COBERTURA
MORTE…821
INVALIDEZ…4.188
DAMS…1.260
TOTAL…6.269
TIPO DE VÍTIMA
MOTORISTA…4.008
PASSAGEIRO…935
PEDESTRE…1.326
TOTAL…6.269
FAIXA ETÁRIA
0 A 7 ANOS…49
8 A 17 ANOS…182
18 A 24 ANOS…1.260
25 A 34 ANOS…1.624
35 A 44 ANOS…1.409
45 A 64 ANOS…1.461
MAIS DE 65 ANOS…284
TOTAL…6.269
Fonte Segurado Líder/Seguro Dvpat

Falta de educação no trânsito provoca
60% da ocupação de leitos de hospitais
Efeitos – Os efeitos da falta de educação no trânsito, segundo o presidente, é uma sobrecarga no serviço público. O Brasil é o 4º país que mais mata no trânsito no mundo. Além dos mortos, José Aurélio chama a atenção para o alto número de acidentados com sequelas.
“Sessenta porcento dos leitos nos hospitais públicos são ocupados por acidentados de trânsito. O trânsito é avassalador na vida das pessoas. O pior não é a morte, por mais trágico que seja, é a sequela dos acidentados. Nós matamos uma pessoa a cada 15 minutos e uma pessoa é sequelada a cada minuto no trânsito”, aponta o presidente.
Ele justifica a fala informando que esses acidentados deixam uma herança social grave tanto para os familiares, como para o governo.
“Temos uma sobrecarga na assistência médica, na assistência da família, uma sobrecarga econômica do Estado, que vai ter que arcar tanto na questão previdenciária quanto no Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica.
Aumento da frota – A frota de motocicletas no Espírito Santo ultrapassa o número de 537 mil unidades, conforme levantamento de 2018 realizado pelo Detran-ES. Baseado nos últimos dez anos, o aumento representa quase 93%.
(Veja mais no link https://ocontestado.com/pm-e-detran-es-encerram-maio-amarelo-com-campanha-para-os-motociclistas/)
O diretor-geral do Detran-ES, Givaldo Vieira, acredita que mudanças importantes precisam ser feitas para que o número de acidentes diminua no estado.
“Vemos com muita preocupação a grande incidência de motocicletas nesses acidentes de trânsito, sobretudo com um grande número de vítimas fatais. Já estamos atuando fortemente nas ações educativas, mas percebemos que elas devem ser acompanhadas de ações de fiscalização. A moto é um veículo de grande utilidade, gera renda, mas precisa ser conduzido com muita atenção por ser muito vulnerável”, concluiu Givaldo Vieira. (Weber Andrade com Detran-ES e Sesp/ES)
