O Japão já deu início à era Reiwa com seu novo imperador. Naruhito, de 59 anos, assumiu oficialmente o Trono de Crisântemo na manhã desta quarta-feira, 1º de maio (hora local), horas depois da abdicação de seu pai, Akihito. Esta foi a primeira vez que um monarca deixou o posto em vida em dois séculos de história.
A cerimônia de transferência de objetos imperiais teve apenas dez minutos de duração, com início às 10h30 (22h30 em Brasília), quando os camareiros colocaram os selos, a espada e a joia em mesas diante do novo imperador, como prova de sua legítima sucessão.
Pela primeira vez na história moderna uma mulher compareceu à cerimônia, embora mulheres da realeza não possam participar (nem mesmo a antiga e a nova imperatriz puderam acompanhar): a honra coube a Satsuki Katayama, única ministra do gabinete do primeiro-ministro Shinzo Abe.

Apenas um pequeno grupo participou da solenidade, com integrantes da realeza masculina adulta e representantes dos três ramos do governo, incluindo o primeiro-ministro.
Diferente do pai, que usou um casaco leve ao se tornar imperador, em 1989, Naruhito vestiu um fraque ocidental durante a cerimônia.
Akihito abdicou do trono após 30 anos e cinco meses de reinado. Para poder deixar a posição ainda em vida, uma lei foi aprovada sob medida para ele.
Em 2015, ele manifestou seu desejo de deixar o cargo, pois sentia que não conseguia mais “exercê-lo de corpo e alma”, devido à sua idade avançada e saúde em declínio. Ele tem 85 anos.
No Japão, o imperador não governa — ele é o símbolo do Estado, conforme prevê a Constituição do país, em vigor desde 1947. O texto foi imposto aos japoneses pelos americanos durante a ocupação pós-Segunda Guerra.
Discurso – Naruhito prometeu que seguirá “o curso” marcado pelo seu pai, Akihito, em suas primeiras palavras como novo imperador japonês.
“Ao aceder ao trono, juro que terei em profunda consideração o curso seguido por Sua Majestade o imperador emérito (Akihito)”, disse ele, que também se comprometeu “agir de acordo com a Constituição” e a ter sempre presente em seus pensamentos “o povo e respaldá-lo”.
Naruhito realizou um breve discurso diante de um reduzido número de convidados no Palácio Imperial. “Quando penso na grande responsabilidade que assumi, me enche um sentimento de solenidade”, disse o novo imperador, de 59 anos, no início de seu discurso, diante de 266 representantes políticos e institucionais e membros da família imperial.
Akihito “desempenhou cada uma de suas funções com honestidade por mais de 30 anos, rezando pela paz no mundo e pela felicidade das pessoas, compartilhando sempre as alegrias e tristezas das pessoas”, disse Naruhito. “Ele mostrou uma profunda compaixão através de seu próprio comportamento”, afirmou sobre seu pai.
O imperador concluiu seu discurso expressando seus desejos “pela felicidade do povo e continuidade no desenvolvimento da nação, bem como a paz no mundo”.
Respeito – O casal imperial é muito respeitado, o que tem muito a ver com a relativa proximidade que ambos conseguiram estabelecer com a população. A imperatriz Michiko tem uma “verdadeira adoração popular” e “o imperador soube conquistar afeição, por exemplo, ao apertar as mãos” de súditos, analisa Hideya Kawanishi, professor da Universidade de Nagoya.
Agora, como os recém-criados títulos de imperador e imperatriz eméritos, ambos cedem o Palácio Imperial a Naruhito e sua mulher, Masako, de 59 e 55 anos, respectivamente.
Naruhito deverá se tornar “símbolo do povo e da união da nação”, segundo a definição dada pela Constituição que entrou em vigor em 1947 e pela qual o imperador perdeu seu status de semidivindade. (G1 e Agências Internacionais)
