
A morte do empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, ocorrida em outubro de 2020, passou a ser investigada como homicídio, à cargo da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória. O processo foi remetido nesta quarta-feira (23), à 1ª Vara Criminal de Vitória – Privativa do Júri.
Na decisão de remessa, a juíza Gisele Souza de Oliveira aborda que “o delegado de Polícia Civil, Maurício Gonçalves da Rocha, responsável pela Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito, concluiu que não ficou caracterizado no fato em apuração a ocorrência de delito de trânsito, apontando para tanto dois fundamentos: não houve choque com obstáculo ou objeto que provocasse uma explosão no veículo, conforme registrado em Laudo Pericial e há registro de 02 (dois) boletins de ocorrência policial lavrados pela Polícia Civil do Estado de Pernambuco nos quais, em tese, há a indicação do envolvimento da vítima em crime de fraude financeira e, de acordo com os BU’s, haveria uma apólice de seguro em nome do ofendido, o que poderia ter gerado a motivação para a prática do referido delito. Assim, a Autoridade Policial determinou a remessa dos autos do presente IP à delegacia com atribuição para a apuração de crimes violentos contra a vida”.
“FATOR EXTERNO” CAUSOU EXPLOSÃO E MORTE
A explosão de um Jeep Compass que resultou na morte do empresário do setor de tecnologia Ricardo Portugal Moura Guedes, em outubro de 2020, foi causado por um “fator externo” e não por falha do veículo. A revelação é da Polícia Civil.
O caso, que completou dois anos no dia 30 de outubro deste ano, sempre foi um mistério. O veículo em que a vítima estava explodiu, e na sequência, foi consumido pelo fogo. O processo, está em sigilo. O delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, cravou que a tragédia foi provocada por fator externo diferente de qualquer problema no veículo.
Os fatores externos citados pela Polícia, se tratam de algum objeto que estava dentro do veículo, podendo ser um acidente, suicídio, ou até mesmo um homicídio.
O Ministério Público (MPES) informou que o caso era tratado como crime contra a incolumidade pública, que quer dizer, evitar e punir atos que causem perigo comum ou coloquem em risco a segurança pública, a segurança dos meios de comunicação, transporte e outros serviços públicos e a saúde pública. Isso significa que, é como se a explosão do Jeep Compass oferecesse algum tipo de risco a pessoas, comércios e outros veículos e imóveis próximo ao local da tragédia, além do intuito de vitimar o motorista – que acabou morto. É isso que a investigação tende a desvendar.
INVESTIGAÇÃO: PASSO A PASSO
O trabalho da perícia da Polícia Civil começou logo após o combate às chamas no Jeep Compass, feito pelo Corpo de Bombeiros. A perícia descartou, de imediato, a possibilidade de explosão de um eventual cilindro de gás, uma vez que, o carro não utilizava este tipo de combustível.
Durante o tempo decorrido até aqui, a Justiça negou um pedido da Fiat Chrysler Automóveis do Brasil, detentora da marca Jeep, para indicar um assistente técnico para acompanhar a perícia no carro. No entanto, posteriormente, a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, autorizou que a empresa acompanhasse os trabalhos sem obstruir o andamento da perícia.
45 dias após a tragédia, a Polícia Federal chegou a ajudar nos trabalhos periciais, com o objetivo de encontrar vestígios de materiais que pudessem ter provocado a a explosão, seguida de incêndio, que destruiu completamente o veículo.
Um ano após o fato, a Polícia Civil informou que coletou material e encaminhou para o Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília (DF). As análise, segundo a corporação, não identificaram a presença de explosivos ou resíduos de pós explosão. A Polícia Federal, por sua vez, informou que o combate ao incêndio pode ter prejudicado nos vestígios da tragédia, já que estes acabaram “lavados” pelo Corpo de Bombeiros para que o fogo fosse apagado.
QUEM ERA O MOTORISTA
Quem dirigia o Jeep Compass era o empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, de 38 anos. Ele morreu no local. Morador da Praia do Canto, em Vitória, Ricardo era proprietário de uma empresa de tecnologia. Ele deixou um filho de 7 anos.

Aparresia