O Lions Clube de Barra de São Francisco está promovendo, na manhã deste sábado, 30, na feira livre, mais uma campanha em prol da saúde da população francisquense. Segundo o presidente da entidade, médico Aloysio Ribeiro Alves, a ação, em parceria com a equipe de Enfermagem da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Centro/Vila Gonçalves, busca conscientizar a população para duas doenças que estão se alastrando e já têm muitos casos na região: A tuberculose a hanseníase.
“Estamos fazendo também testes de glicemia e medição de pressão além de coletar material para os exames de hanseníase e tuberculose”, informa o médico.
A enfermeira Maria Lúcia Pankowsk, que chefia a equipe de enfermagem da UBS Centro/Vila Gonçalves, explicou que o material coletado é enviado para análise e, posteriormente, se houver confirmação de algum problema, a pessoa será contactada pra fazer o tratamento. “A gente sempre trabalha nessa parceria com o Lions Clube, nas campanhas de conscientização. Esta semana o foco é a tuberculose, que vem aumentando em todo o país e a hanseníase que também já foi um grande problema na região”, explica ela.
Tuberculose – É uma doença infectocontagiosa transmitida por via aérea (tosse, espirro e fala), que pode ser fatal e que progride silenciosamente.
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Medeiros, destaca a importância de os profissionais da área se dedicarem aos estudos sobre a doença e trabalhar no seu combate. “Vamos disparar políticas estruturantes de combate à tuberculose no Estado e continuar colaborando ainda mais com o Brasil na referência, nas políticas exitosas para que o País possa alcançar um patamar de superação a doenças como a tuberculose, a hanseníase, a doença de chagas e outras que ainda se fazem presentes”, disse.
A coordenadora do Programa de Controle da Tuberculose do Espírito Santo, Ana Paula Rodrigues Costa lembrou que a doença tem um tratamento longo, com duração de aproximadamente seis meses.
“A população tem que se atentar que a tuberculose existe e vem causando um número alto de mortes. Por isso, é preciso imediatamente procurar as unidades de saúde quando observarem os sintomas. Além disso, é importantíssima a continuidade no tratamento, pois se o paciente o abandona, é grande o risco de a doença voltar e, ainda, se tornar resistente às drogas para o tratamento”, explicou a coordenadora.
Dados e sintomas – No Espírito Santo, 60% dos casos de tuberculose estão na região metropolitana. Foram identificados 1.305 novos casos da doença em 2018, com coeficiente de incidência de 32,9 casos por 100 mil habitantes/ano e 68 pessoas morreram vítimas da doença no Estado no ano passado.
Já em 2017, o número de casos foi de 1.155, correspondendo a um coeficiente de incidência de 28,8 casos por 100 mil habitantes. Também foram registradas 68 mortes por tuberculose.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apontam ainda que, a cada 100 mil habitantes, pelo menos duas pessoas morrem vítimas de tuberculose no Estado.
Em 2017 o Estado registrou 76% de cura da doença, mas 9,5% dos pacientes abandonaram o tratamento. Já em 2016, 76% dos pacientes também ficaram curados da doença, mas o índice de abandono do tratamento foi maior, de 10,1%. Os dados de 2018 ainda estão sendo calculados.
De acordo com a coordenadora Ana Paula Rodrigues Costa o sintoma principal da doença é tosse por mais de três semanas, com ou sem catarro. No entanto, ela disse que a pessoa também deve ficar atenta a outros sintomas como febre baixa, geralmente à tarde; suor noturno; falta de apetite; perda de peso; cansaço fácil; fraqueza e dor no peito e nas costas. Se observados esses sinais, a pessoa deve buscar a unidade de saúde mais próxima de sua residência.

Controle da hanseníase tem sido
mais eficiente no Espírito Santo
Nos últimos 25 anos, o Espírito Santo avançou no controle da hanseníase e se posicionou entre os cinco melhores estados em índices de cura da doença. O estado registrou, em 2017, 1,39 casos por 10.000 habitantes (aproximadamente 559 doentes em tratamento e com 3% de abandono). Em 1993, o Estado documentou 24,46 casos por 10.000 habitantes (cerca de 6.540 doentes, com percentual de abandono do tratamento em 59%).
Em relação à detecção de novos casos, também houve queda nos números durante o mesmo período, passando de 3,21 casos para 1,21 casos a cada 100 mil habitantes. Só no ano de 2017, foram registrados 487 novos casos da doença no Estado.
A diminuição dos casos no Espírito Santo é, de acordo com a coordenadora do Programa de Hanseníase da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Marizete Puppin, consequência do trabalho realizado pelo governo.
“São quase três décadas de trabalho intensivo. Temos um serviço contínuo nos municípios e o estado segue no fluxo contrário de outros no país, que tem aumentado o diagnóstico. O Espírito Santo tem um dos melhores índices de cura. O nosso paciente é diagnosticado, tratado e curado. Não deixamos abandonar o tratamento e, com isso, quebramos a cadeia de transmissão, porque só passa a hanseníase quem está doente”, explicou.
Mesmo com a diminuição no número de casos, a doença é considerada pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública, porquetrata-se de uma doença endêmica, como explica a coordenadora do Programa de Hanseníase da Sesa.
“É uma doença que persiste. É uma endemia presente em todos os estados brasileiros e os números são muito altos em comparação ao que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS), que é menos de 1 caso por 10 mil habitantes. Por ser uma doença crônica, precisamos estar em permanente vigilância. No Brasil se fala em eliminação da doença, que significa trazer os números para os parâmetros e índices de menos 1 caso para 10 mil habitantes para todos os estados”, esclarece.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução prolongada que ataca a pele e os nervos periféricos do corpo humano. A condição não é hereditária, tem cura e o tratamento é feito gratuitamente na Unidade Básica de Saúde do Município de residência do paciente.
O que é Hanseníase?
É uma doença infectocontagiosa de evolução prolongada que ataca a pele e os nervos periféricos do corpo humano. É causada pelo Bacilo de Hansen, descoberto em 1873 pelo cientista norueguês Dr. GehardArmauer Hansen, daí o nome Hanseníase. Não é hereditária e tem cura.
Quais os sintomas?
Manchas esbranquiçadas, violáceas, castanhas ou avermelhadas no corpo, com diminuição de sensibilidade ao calor, frio, dor e ao tato. A área fica como se estivesse anestesiada, dormente ou com formigamento, nódulos avermelhados e/ ou pele infiltrada (edemaciada).
Como se transmite?
O contágio se dá através das vias respiratórias, na convivência da pessoa sadia com o doente contagiante, sem tratamento. O doente em tratamento correto não transmite mais a doença.
Como tratar?
O tratamento da hanseníase é feito gratuitamente na Unidade Básica de Saúde do Município de residência do paciente. Em qualquer estágio da doença, o paciente recebe gratuitamente os medicamentos para ingestão via oral – os medicamentos destroem os bacilos. O tratamento leva de 6 meses a 1 ano. Se seguir o tratamento cuidadosamente, o paciente recebe alta por cura.
O que acontece quando o paciente abandona o tratamento?
O paciente que não tratar, suspender ou abandonar o tratamento pode piorar ou recair; transmitir a doença e estar sujeito a deformidades físicas.
Como se previne?
A prevenção da hanseníase se faz através do tratamento de todos os pacientes, na descoberta de casos novos; no exame dermato-neurológico e exame de contatos, na aplicação de uma dose de vacina BCG em todos os familiares e pessoas próximas.
Qual a importância de examinar os contatos?
Como a hanseníase é uma doença transmissível (através das vias aéreas superiores, convívio íntimo e prolongado), a população com maior risco de adquirir a doença se concentra nos contatos domiciliares. Por isso a importância de exames nestas pessoas. (Weber Andrade com Sesa)