
Não foi a primeira vez que o vereador Fernando Carabina descreveu a lamentável situação que a população francisquense está sendo obrigada a conviver, com dependentes químicos na chamada Rua da Feira.
Na sessão desta segunda feira dia 04, o parlamentar qualificou mais uma vez que fatos graves estão acontecendo nas confluências das ruas Capitão Antônio Lopes Tatagiba com a Juiz João Batista Celestino. Esse é o local que já alguns meses, alcóolatras em sua maioria do sexo masculino, marcam ponto todos os dias.
Segundo o vereador Carabina, ele se sente envergonhado com a situação que já se arrasta por muito tempo e sem que surja uma solução para o problema. O parlamentar disse que no final de semana passado os fatos se tornaram mais graves, quando era visível notar que o local serviu de embate entre os dependentes, acabando por ficarem feridos, após desavenças e brigas.

“Ali eles fazem suas necessidades fisiológicas e inclusive defecam na via pública em dias de feira, atormentam as pessoas que por ali transitam, falam palavrões, praticam atos sexuais e acumulam lixo”, destacou.
Conversando com um comerciante próximo do caos instalado, o mesmo afirmou que naquele local eles ingerem álcool adquirido de estabelecimentos ali próximos, os quais não fazem a mínima questão de impedir a comercialização. O comerciante que pediu para não ser identificado, foi mais além dizendo que o comércio caiu assustadoramente no local, principalmente no dia de feira livre.
Uma moradora que convive com o caos todos os dias, disse que o cheiro de urina e fezes, é forte e incomoda e teme que o lugar se torne uma espécie de “Alcoolândia, a exemplo da “Cracolândia” em São Paulo”. Ela conta que todos os dias aparece um novo dependente e disse não ter mais esperanças já que não aparece uma solução.
O que é internação compulsória?
Existem três tipos de internação: voluntária, involuntária e compulsória. Elas são reguladas pela Lei 10.216/2001.
A internação compulsória só pode ser determinada pela Justiça após a constatação de que todas as outras alternativas para tratar um paciente falharam e que não há nenhum familiar que se responsabilize por ele.
Essa constatação é feita por meio de laudos médicos, atestando que todos as outras tentativas de tratar o paciente falharam ou que ele é um risco para si mesmo e para as pessoas à sua volta.
Para internar compulsoriamente um paciente, é necessário mobilizar uma equipe com profissionais de diversas áreas de atuação: médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e outros que forem necessários. Esses profissionais devem abordar o paciente pois são treinados para esse tipo de situação.
O objetivo é garantir a segurança e o bem-estar do paciente, de modo a evitar reações explosivas que possam causar o agravamento dos sintomas de seu transtorno mental ou dependência química.
Da mesma forma, a alta também deve ser concedida mediante ordem judicial, após a expedição de laudos médicos que atestem a melhora. O tempo que o paciente deve permanecer internado dependerá de sua resposta ao tratamento.
O que os familiares podem fazer?
A internação compulsória só pode acontecer mediante a ausência de familiares que se responsabilizem pelo paciente. Mesmo assim, após o procedimento, assistentes sociais geralmente buscam pessoas da família para reintegração familiar depois da alta.
Amigos e familiares de um dependente químico ou alguém que sofre com transtornos mentais podem agir antes da internação, buscando o diálogo. É preciso estimular a compreensão da pessoa em relação à sua própria condição e a necessidade de buscar tratamento adequado.
Paciência é fundamental para que o paciente não se sinta forçado a tomar qualquer atitude e, assim, torne-se agressivo ou introspectivo. Não hesite em buscar ajuda profissional para saber o que precisa ser feito em cada caso.
Alcoólicos Anônimos pode ser parte da solução
Em Barra de São Francisco existe o Grupo Nova Esperança de Alcólicos Anônimos – AA – se reúne na Rua Adelino Coimbra – 150 – Beira Rio, as segundas, quartas e sábados das 19 às 21 horas. Quanto a Pastoral da Sobriedade, as reuniões ocorrem às sextas-feiras, no salão paroquial da Igreja Católica São Francisco de Assis.
O alcoolismo é um problema de dimensões trágicas ainda subdimensionadas e seu maior dano é a destruição de famílias inteiras.
Metade de todas as crianças atendidas nos serviços psiquiátricos vem de famílias de alcoólatras, e boa parte dos abusos cometidos contra crianças tem raiz no alcoolismo.
Sem qualquer sombra de dúvida, o alcoolismo é uma doença.
É o resultado de um cérebro que perdeu a capacidade de decidir quando começar a beber e quando parar. Não é possível detectar numa criança ou num pré-adolescente traço algum que permita antever que eles se tornarão alcoólatras.
“Alcoolismo cria distúrbios da personalidade, mas distúrbios da personalidade não levam necessariamente ao alcoolismo”
A principal diferença entre alcoolismo e outras dependências diz respeito ao tipo de droga.
Opiáceos
São tranquilizantes, mas o álcool é um mau tranquilizante, tende a fazer as pessoas infelizes ficarem mais infelizes e piora a depressão. A pequena euforia que o álcool proporciona é sintoma do início da depressão do sistema nervoso central.
Do ponto de vista da sociedade, o álcool é um problema muito grave.
O alcoólatra provoca não somente acidentes de trânsito, mas problemas graves à sua volta, a começar por sua família.
As únicas pessoas que estão sob o risco de alcoolismo são as que bebem regularmente, mas, se nunca passar de dois drinques por dia, o indivíduo pode usufruir socialmente da bebida em festas, casamentos, carnaval, e não se tornar alcoólatra.
Há pouco a fazer para ajudar um alcoólatra, mas uma coisa é essencial: não se deve tentar proteger alguém de seu alcoolismo.
Se uma mulher encontra seu marido caído no chão, desmaiado sobre seu próprio vômito, não deve dar banho e levá-lo para a cama. O único caminho para sair do alcoolismo é descobrir que o álcool é seu inimigo. Proteger uma pessoa nessa situação não ajuda. Não é papel da família tentar convencer o alcoólatra de que o álcool é um mal para ele.
Na verdade, em tal situação, a família precisa de ajuda, como a oferecida pelo Al-Anon, a divisão dos Alcoólicos Anônimos voltada ao apoio a famílias de alcoólatras
A abstinência é fundamental no tratamento do alcoolismo. Um alcoólatra até pode beber socialmente , da mesma forma que um carro pode andar sem estepe, ou seja, é uma situação precária e um acidente é questão de tempo.
Num horizonte de seis meses, muitos alcoólatras conseguem manter seu consumo de álcool dentro de padrões socialmente aceitos, mas, se observarmos um intervalo maior de tempo, vamos verificar que a tendência é ir aumentando gradualmente o consumo, até voltar ao padrão antigo. Em períodos mais longos, normalmente, quem deixa de beber não sucumbe ao vício.
Em 1995, uma substância, a naltrexona, foi saudada como a pílula antialcoolismo. Vendida no Brasil com o nome de Revia, não se conhece ainda seu efeito a longo prazo. Mas, em linhas gerais, drogas podem funcionar como apoio por, no máximo, um ano, visto que é muito difícil tirar algo de alguém sem oferecer alternativas de comportamento.
Usar essas drogas equivale a tirar o brinquedo de uma criança e não dar nada no lugar.
A terapia oferecida pelos Alcoólicos Anônimos é parecida com as terapias behavioristas, que pretendem obter uma determinada mudança de comportamento. Mas, além de ser um tratamento barato e que dura para sempre, a terapia dos A.A. tem um componente espiritual importante. Terapias ajudam a não beber, mas os Alcoólicos Anônimos dão ao indivíduo um círculo de amigos sóbrios, dão-lhe significados, amigos, espiritualidade.
SiteOcontestado/Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Vereadores/Assessoria do Vereador Fernando Carabina