A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua), do IBGE, divulgou esta semana, a pesquisa sobre “Outras formas de trabalho”, na qual apresenta alguns dados sobre trabalho não formal, como os afazeres domésticos. A pesquisa aponta que 92,7% das mulheres e 80,1% dos homens realizaram afazeres domésticos em 2019 no Estado e que em média, 86,6% das pessoas de 14 anos ou mais de idade realizaram alguma das atividades de afazeres domésticos, seja no próprio domicílio, seja em domicílio de parente, o que corresponde a 2,8 milhões de pessoas. Em 2018, a taxa de realização de afazeres foi de 87,4%.
Ainda se mantém a diferença entre homens e mulheres. Assim, em 2019, 80,1% dos homens realizaram afazeres domésticos enquanto a taxa de realização de afazeres era de 92,7% entre as mulheres, uma diferença de 12,6 pontos percentuais, a mesma verificada em 2018. Contudo, esta diferença já foi de 21,4 pontos percentuais em 2016, caindo para 14,4 pontos percentuais em 2017, o que indica uma tendência de redução nesta diferença entre sexos.
Quando se observa a taxa de realização de afazeres domésticos por grupos de idade, no Espírito Santo, a realização de afazeres é maior entre os adultos de 25 e 49 anos (90,4% em 2019). A taxa é maior nessa faixa etária, tanto para homens quanto para mulheres.
Escolaridade – A análise por nível de instrução mostra que a realização de afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente cresce com o aumento da escolaridade. Assim, em 2019, no Espírito Santo, 89,3% das pessoas com ensino superior completo realizaram afazeres, enquanto, entre aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, a taxa de realização de afazeres foi de 84,4%.
Quando comparamos a taxa de realização de afazeres por nível de instrução e sexo, vemos que a diferença por nível de instrução é mais intensa entre os homens: no Espírito Santo, em 2019, a taxa de realização era de 77,8% entre os homens sem instrução ou com fundamental incompleto, chegando a 84,1% entre os homens com superior completo, ou seja, uma diferença de 6,3 pontos percentuais.
Entre as mulheres, essa diferença era menor: 90,9% das mulheres sem instrução ou com fundamental incompleto realizavam afazeres, proporção que era de 92,4% entre as mulheres com ensino superior completo.
Pais e filhos – Em 2019, no Espírito Santo, a taxa de realização de afazeres das mulheres seguiu elevada, sobretudo quando estas estão nas condições de cônjuge (96,9%) ou responsável pelo domicílio (95,7%). Os homens, quando responsáveis pelo domicílio, possuem uma taxa de realização de afazeres de 86,6%, próxima à taxa na condição de cônjuges (86,5%).
Cerca de 84,0% das mulheres na condição de filhas realizam afazeres domésticos. Já entre os filhos do sexo masculino esse percentual é mais baixo: 65,9%.
Pessoas ocupadas – A taxa de realização de afazeres continuou maior entre as pessoas ocupadas (88,4%) do que entre as não ocupadas (84,2%), no Espírito Santo em 2019, o que pode ter relação com a maior taxa de realização apresentada por pessoas de 25 a 49 anos, faixa etária em que a probabilidade de estar ocupado é maior, uma vez que entre os não ocupados tem-se jovens e idosos, que realizam menos afazeres. Contudo, entre as mulheres, a diferença de taxa de realização entre ocupadas e não ocupadas não é tão relevante (4,2 pontos percentuais) quanto é para os homens (10,2 pontos percentuais).
Pequenos reparos – As mulheres possuem uma taxa de realização maior que a dos homens em quase todos os tipos de afazeres domésticos, exceto em “fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel, de eletrodomésticos etc…”, cuja taxa, no Espírito Santo, é de 56,9% para homens e 36,6% para mulheres.
As maiores diferenças entre as taxas de realização por mulheres e homens estão nas atividades de: “cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos” (34,2%) e “preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça” (27,8%).
Cuidados de pessoas – Em 2019, 30,4% das pessoas de 14 anos ou mais de idade realizaram cuidados de moradores do domicílio ou de parentes não moradores, o que corresponde a 992 mil pessoas. Em 2018, a taxa de realização de cuidados foi de 31,9%.
Entre 2018 e 2019, a taxa de realização de cuidados das mulheres passou de 36,2% para 35,2%, enquanto a dos homens passou de 27,3% para 25,1%. Continua expressiva a diferença entre homens e mulheres na realização de cuidados: 10,1% a mais na proporção de mulheres. Assim como para os afazeres domésticos, no Espírito Santo, em 2019, a taxa de realização de cuidados é maior para as pessoas de 25 a 49 anos (43,0%). Entre os jovens de 14 a 24 anos a taxa foi de 24,3% e entre os maiores de 50 anos, 17,0%.
O cuidado de pessoas (moradores ou parentes não moradores) tende a aumentar com o nível de instrução. Em 2019, no Espírito Santo, 24,1% das pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto realizaram cuidados, enquanto 35,9% daquelas com superior completo o fizeram. Homens com ensino superior completo tinham taxa de realização de cuidados de 31,9% e esta taxa era menor nos níveis de instrução inferiores, caindo a 20,5% no caso dos homens sem instrução ou com fundamental incompleto.
No caso das mulheres, no entanto, a maior taxa de realização de cuidados ocorreu entre aquelas com ensino médio completo e superior incompleto (40,2%), seguida pelas mulheres com superior completo (38,3%) e as com ensino fundamental completo e médio incompleto (38,2%).
Assim como nos afazeres domésticos, a taxa de realização de cuidados é maior entre as pessoas ocupadas. Em 2019, no Espírito Santo, 31,8% dos ocupados e 28,3% dos não ocupados realizaram cuidado de moradores ou de parentes não moradores. Isto também ocorre para homens, cuja diferença de taxa de realização de cuidados entre ocupados (29,2%) e não ocupados (16,4%) é de 12,8 pontos percentuais. No caso das mulheres, estar ocupada ou não ocupada não apresenta diferenças na realização do cuidado de pessoas; a taxa de realização é a mesma (35,2%) tanto para mulheres ocupadas quanto não ocupadas.
Monitorar ou fazer companhia dentro do domicílio é a atividade mais frequente no cuidado dos moradores No Espírito Santo, a análise do tipo de cuidado realizado mostra que a atividade mais frequente, tanto para homens (91,5%) quanto para mulheres (95,2%), foi monitorar ou fazer companhia dentro do domicílio. A atividade com menor percentual de realização foi auxiliar nas atividades educacionais (70,5% e 78,8% para homens e mulheres, respectivamente).
Em todas as atividades de cuidado, o percentual de realização foi maior entre as mulheres. Merece destaque a diferença de percentual entre homens e mulheres na atividade de auxiliar nos cuidados pessoais (12,5%). Analisando a idade do morador que recebeu o cuidado no domicílio, observa-se que o cuidado ocorre predominantemente para crianças até 14 anos. No Espírito Santo, 54,0% das pessoas que realizaram cuidado, o fizeram para morador de 0 a 5 anos; 56,0%, para morador de 6 a 14 anos. (Agência IBGE)