Weber Andrade
A idade da paineira rosa (Chorisia speciosa), também conhecida como barriguda, que todos os anos, em maio, fornece um espetáculo de flores na cabeceira da ponte da avenida Castelo Branco, na Vila Landinha, é consenso: 43 anos, embora muitos digam que ela está lá há mais tempo.
Há alguns dias, o servidor do Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho (Hedamf), Sulimar Valério da Cunha, o Mazinho do Hospital, publicou em sua página no Facebook, uma entrevista com Magda Regina Alves Destefani, que afirma ter sido o seu pai, Vitalino Destefani, a pessoa que plantou a árvore no local e que teria trazido as sementes da paineira de Belém do Pará.
Porém, o filho mais novo do saudoso Levi Lima, Edivaldo Machado de Lima, um dos principais historiadores do município, tem uma versão diferente, apesar de parecida. Para Edivaldo, quem trouxe as sementes e plantou a árvore, que hoje, atinge mais de 30 metros de altura e cerca de 5 metros de circunferência em parte do tronco, foi o seu tio, Mario Machado de Lima.
“Foi plantada por Mário Machado Lima no ano de 1978 – as sementes vieram de Rondônia, da BR 364 Km 12, já no Estado de Rondonia”, informa Edivaldo em sua página.
Já a versão de Magda Regina é de que seu pai, Vitalino Destefani, era um dos puxadores de madeira da região norte do país e admirado com a beleza da paineira trouxe sementes e plantou em sua chácara, próximo à ponte na Vila Landinha.
“A paineira deve ter mais ou menos uns 43 anos. Veio trazida a semente do Belém do Pará, em uma viagem que fez a trabalho puxando madeira”, afirma Magda.
“Ele viu a árvore no Pará e se encantou com sua beleza, pegou a semente e trouxe e plantou na nossa chácara, que era ali mesmo, mas quis plantar mais próximo da cabeceira da ponte.
A árvore é patrimônio municipal protegido por lei. De acordo com levantamento de Mazinho do Hospital, a Lei Municipal 71, de 14 de setembro de 1998, reza em seu Artigo 1º: “Ficam imunes de cortes as árvores denominadas paineiras rosa localizadas na Avenida Castelo Branco, perto da ponte sobre o Rio Itaúnas.”
Para outros entrevistados, a árvore teria mais de 70 anos e nasceu praticamente junto com a cidade. “Eu não sei quem plantou, penso que pode ter sido o senhor Carlílio (Carlito) Oliveira, que morava ali perto”, arrisca o aposentado Cícero Heitor Pontes Pereira, que foi servidor da antiga Gecofa e Emespe, bem perto do local onde está o exemplar da chorisia speciosa.
“Eu a conheço desde que vim morar aqui na Vila Landinha, há mais de 50 anos. Ela ainda era bem pequena, mas já dava muitas flores”, comenta o servidor público, Jacy Ribeiro (Foto ao lado).
Para o comerciante Denilson Teodoro, falecido recentemente, a barriguda é o principal cartão postal de Barra de São Francisco e orgulho dos moradores do bairro Vila Landinha. “Eu nasci aqui e desde que me entendo por gente, ela está ali. Penso que a prefeitura deveria colocar informações sobre ela, embelezar o local”, sugere.
Região tem grande número de paineiras
A região noroeste capixaba tem atualmente um grande número de paineiras, tanto de flor rosa quanto de flor branca, inclusive em outras áreas da sede e interior de Barra de São Francisco e nas proximidades de Águia Branca, na ES-080/BR-381.
As paineiras são árvores de até 30 metros de altura, tronco cinzento-esverdeado com estrias fotossintéticas e fortes acúleos rombudos (espeinhos), muito afiados nos ramos mais jovens.
O tronco das paineiras tem boa capacidade de sintetizar clorofila (fazer fotossíntese) e tem coloração esverdeada até quando tem um bom porte; isto auxilia o crescimento mesmo quando a árvore está despida de folhas; é comum, também, paineiras apresentarem uma espécie de alargamento na base do caule, daí o apelido “barriguda”.
As folhas são compostas palmadas e caem na época da floração. As flores são grandes, com cinco pétalas rosadas com pintas vermelhas e bordas brancas. Há uma variedade menos comum, com flores brancas.
Os frutos são cápsulas verdes, que, quando maduras, rebentam (deiscentes), expondo as sementes envoltas em fibras finas e brancas que auxiliam na flutuação e que são chamadas paina.
A partir dos vinte anos de idade, aproximadamente (sudeste brasileiro), os espinhos costumam começar a cair na parte baixa do caule e, gradualmente, também caem nas partes mais altas da árvore, com o engrossamento da casca.
Diz-se, no Brasil, que isto permite à árvore receber ninhos de pássaros, o que seria impossível de acontecer quando esta tinha espinhos longos e pontiagudos; assim, flores e frutos já não estão presentes, mas a árvore continua a dar sua contribuição à natureza hospedando os passarinhos.
Esta não é uma regra para todas as paineiras; algumas paineiras com mais de vinte metros, por exemplo, continuam com espinhos muito grandes na parte baixa, provavelmente como defesa de insetos do local.
Pena que contarão muitas na rodovia da foto acima sem motivo algum
Cortarão?