Nos últimos 5 anos, Barra de São Francisco registrou 129 mortes por causas não naturais e, destas 74 foram em acidentes de trânsito, a maioria deles, envolvendo motocicletas. Os dados foram levantados pelo capitão Vitor Prates, comandante da 1ª Cia do 11º BPM, que cuida do policiamento no município, junto ao Mapa da Violência do Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP) e ao Observatório de Segurança da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (SESP).
“Só no ano passado, o trânsito matou 13 pessoas em Barra de São Francisco, enquanto as causas não naturais – tráfico de drogas, violência doméstica, entre outras – ficaram em sete mortes. Portanto, tivemos quase o dobro de vítimas fatais provocadas por acidentes de trânsito”, compara o capitão Prates.
Em agosto do ano passado, nossa reportagem fez um levantamento do número de mortes e acidentes com motocicletas em Barra de São Francisco e registrou média de 5,8 acidentes fatais por ano, envolvendo motocicletas nos últimos 19 anos, ou seja, desde 2000. No total, foram 112 mortes provocadas, em sua maioria, por imprudência na condução dos veículos. Apenas entre 2016 e novembro de 2019 foram 41 mortes.
Os dados sobre os acidentes fatais com motocicletas foram divulgados pelo Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) que tem feito várias campanhas educativas com foco nos motociclistas que circulam no Estado.
O objetivo é chamar a atenção da população para o alto índice de vítimas fatais de acidentes envolvendo motociclistas e conscientizar os condutores para os cuidados necessários no trânsito para preservar a própria vida.
“Quase a totalidade dos acidentes de trânsito são provocados por imprudência. O condutor acha que vai conseguir fazer determinada manobra, não consegue e acaba atingindo outro ou colidindo com árvores, postes, cercas”, observa.
Foi o que aconteceu na noite da última quinta-feira, 14, quando um jovem motociclista atingiu o produtor rural Missias Paulino Dias, pai do professor Adriano Dias. Foi o primeiro acidente envolvendo motocicletas e com vítimas fatais na região de Barra de São Francisco, este ano, perto do distrito de Todos os Santos, em Vila Pavão, na ES-220.
De acordo com a equipe do Posto Avançado do Corpo de Bombeiros em Barra de São Francisco, composta pelo sargento Andrade e o soldado Martins, a viatura foi acionada ontem por volta de 22h e quando chegou ao local, os condutores já estavam sem vida.
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Todo ano é a mesma coisa e não muda: As motocicletas são as protagonistas de mais de 70% – este ano já chegou a 79% – das indenizações pagas pelo seguro Dpvat. A Seguradora Líder publicou em abril de 2020, um balanço das indenizações pagas durante o primeiro trimestre do ano – janeiro a março – em todo o país. No Espírito Santo, o número de mortes caiu 15,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 188 mortes contra 223 em 2019. Mas o número de indenizações por invalidez permanente aumentou 26,31%. Foram 957 indenizações de janeiro a março de 2019 e 1.203 no mesmo período deste ano.
Também cresceu 23,64% o número de indenizações de despesas médicas. No primeiro trimestre do ano passado foram 322 reembolsos, contra 398 este ano.
Apesar de representar apenas 32,2% da frota de veículos do Estado, com 552.865 veículos, as motocicletas concentraram 79% das indenizações. Das indenizações pagas no período para acidentes com motocicletas, 71% foram por invalidez permanente e 7% por morte.
Das indenizações por morte em acidentes com motocicletas, 87% foram para vítimas do sexo masculino. Para os casos de vítimas com sequelas permanentes, 79% também foram para vítimas do sexo masculino, enquanto as indenizações por acidentes com os demais tipos de veículos, pagas também para os homens, representaram 64%.
Os números demostram que a concentração de vítimas do sexo masculino é maior nos acidentes com motocicletas do que com os demais veículos. As vítimas de acidentes com motocicletas são, em sua maioria, pessoas em idade economicamente ativa.
No período citado, as vítimas entre 25 e 44 anos concentraram 50% dos acidentes fatais e 51% dos acidentes com sequelas permanentes. No período analisado, foram pagas aproximadamente 25 mil indenizações por invalidez permanente às vítimas nesta faixa etária, envolvendo o uso de motocicletas.
De janeiro a março de 2020, antes das medidas de isolamento serem implementadas no país, o Brasil registrou 89.028 acidentes de trânsito; 9.298 eventos com morte, 59.726 com invalidez permanente, e 20.004 que resultaram em despesas médicas, segundo dados do Relatório Estatístico da Seguradora Líder-Dpvat. Foram 14,3 mil registros a mais que no mesmo período de 2019 (74.699).
As vítimas de acidentes com motocicletas são, em sua maioria, pessoas em idade economicamente ativa. No trimestre citado, as vítimas entre 25 e 44 anos concentraram 50% dos acidentes fatais e 51% dos acidentes com sequelas permanentes.
Homens lideram o ranking
Os homens continuam liderando o ranking das vítimas de trânsito, com a faixa etária de 25 a 44 anos representando 48% do total das indenizações pagas, demonstrando uma mudança significativa do perfil etário dos últimos três anos, em que a faixa de idade mais atingida era de 18 a 34 anos. (Weber Andrade)