A chegada de tipo 2 do vírus da dengue a Barra de São Francisco é hoje a maior preocupação dos agentes da Vigilância Sanitária e Ambiental do município. Significa que, quem já foi infectado pelo vírus tipo 1, não está mais imune, porque pode ser infectado pelo tipo 2. Neste caso, há risco aumentado para formas mais graves da dengue, como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue.
Com o fim do verão e a falta de cuidados por parte da população os números de notificações aumentaram muito em março, chegando nesta semana a 255 casos suspeitos por 100 mil habitantes, de acordo com o boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Em todo o estado, o índice ficou em 369,64. O ideal que esse número fique abaixo de 100 casos por 100 mil habitantes. No ano passado esse número chegou a mais de 600 por 100 mil, o que indica que as ações da Vigilância Sanitária têm dado resultados.

No entanto, como confirmam os agentes, mais de 80% dos focos da dengue estão dentro das residências e nos quintais, locais onde os agentes só podem entrar com autorização. “Está muito preocupante a situação da dengue na cidade. A chegada do vírus tipo 2 é um alerta para todo o sistema de saúde, pois a partir daí pode evoluir para a dengue hemorrágica”, explica o médico Aloysio Ribeiro Alves, que esteve na feira livre na manhã deste sábado, em campanha de conscientização contra a tuberculose, a hanseníase e a dengue.
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), foram notificados 13.889 casos de dengue no Espírito Santo entre 30 de dezembro de 2018 e o último sábado, 23. Um óbito foi confirmado. Nesse período, a taxa de incidência da doença no Estado ficou em 349,64. Essas informações são enviadas à Sesa até o dia anterior à divulgação do boletim epidemiológico.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da dengue.
Existem quatro tipos de dengue, de acordo com os quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando uma pessoa tem dengue tem uma imunidade relativa contra outro sorotipo.
É uma doença potencialmente grave, porque pode evoluir para a dengue hemorrágica a síndrome do choque da dengue, caracterizadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o risco de morte. A melhor maneira de combater esse mal é atuando de forma preventiva, impedindo a reprodução do mosquito.
Dengue clássica
A dengue clássica é a forma mais leve da doença, sendo muitas vezes confundida com a gripe. Tem início súbito e os sintomas podem durar de cinco a sete dias, apresentando sinais como febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjôos, vômitos, entre outros.
Aedes Aegypti
Acredita-se que o mosquito Aedes aegypti chegou ao Brasil pelos navios negreiros, uma vez que as primeiras aparições do mosquito se deram no continente africano. No início do século XX, o médico Oswaldo Cruz implantou um programa de combate ao mosquito, visando reduzir os casos de febre amarela. Essa medida chegou a eliminar a dengue no país durante a década de 1950.
Segundo o Ministério da Saúde a primeira ocorrência do vírus no país, comprovada laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982 em Boa Vista (PR). (Weber Andrade com informações da Sesa e Ministério da Saúde)