Por Weber Andrade*
Em fevereiro deste ano, uma reportagem publicada em nível nacional apontou que a variante B117 do novo coronavírus detectada no Reino Unido já estava presente em, pelo menos, 16 cidades de oito Estados brasileiros, inclusive o Espírito Santo, onde a cepa foi detectada em Barra de São Francisco.
Hoje, 22, durante coletiva de imprensa do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes e do diretor do Laboratório Central (Lacen), Rodrigo Rodrigues, foi revelado que Barra de São Francisco e Piúma, no sul do Estado, são o “epicentro” da variante SGTF, que está associada à B117.
A informação do diretor do Lacen pode ser a chave para entender a rapidez com que o vírus passou a se propagar em Barra de São Francisco desde o início deste ano.
De lá para cá, o número de casos confirmados saltou de 1.738 para 2.741 neste domingo. O número de mortes aumentou de 51 para 86, ou seja, foram registrados mais 37 óbitos na cidade em apenas dois meses e meio.
E mais, os casos ativos, que até fevereiro vinham se mantendo entre 130 e 140, no máximo, deram um salto de 220%, passando de 90 em 4 de janeiro para 288 neste domingo, 21.
A situação foi classificada hoje, pelo secretário municipal de Saúde como “desesperadora” e o Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho teve seu Centro de Tratamento Intensivo (CTI), adaptado às pressas neste fim de semana para atender integralmente a pacientes de Covid-19.
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O Estudo
O estudo publicado no mês passado, foi realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Rede Corona-Ômica, uma sub-divisão da Rede Vírus, comitê criado em março do ano passado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) dedicado em reunir especialistas e centros de pesquisa em iniciativas de combate ao Covid-19 e outras viroses emergentes.
A pesquisa, teve ainda a colaboração do laboratório Instituto Hermes Pardini e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram sequenciados 25 genomas pertencentes à variante originária do Reino Unido, conhecida como linhagem B.1.1.7. O levantamento foi realizado a partir de amostras de um banco de dados composto por 740 mil exames disponibilizados pelo Instituto Hermes Pardini.
As cidades onde a variante foi encontrada são: Belo Horizonte (MG), Betim (MG), Araxá (MG), Barbacena (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), Primavera do Leste (MT), Aracajú (SE), São Paulo (SP), Americana (SP), Santos (SP), Valinhos (SP), São Sebastião do Passe (BA) e Barra do São Francisco (ES).
A variante inglesa foi identificada em dezembro do ano passado por autoridades sanitárias do Reino Unido e é considerada mais contagiosa do que a versão original do novo coronavírus. Ela já se disseminou por 60 países, segundo informe da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Um teste com o protocolo PT-PCR capaz de apontar se a pessoa foi contaminada por uma das três variantes que geram preocupação foi desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição científica vinculada ao Ministério da Saúde. O Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) já firmou acordo para ser o primeiro a usar o produto.
*Com informações do G1 Bem Estar e Agência Brasil