Quem gosta de espreitar o céu, tem um bom motivo para subir uma montanha, como a do bairro Alvorada 2 ou mais além, na Torre de TV, no início da noite de hoje, 21, se o céu estiver limpo, claro. É que está acontecendo, desde o dia 16 deste mês.
De acordo com a pesquisadora Josina Nascimento, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional (ON), a última vez que os planetas estiveram em uma conjunção com distância angular semelhante foi em 16 de julho de 1623 e a próxima será em 14 de março de 2080. Mas em 31 de outubro de 2040 eles poderão ser vistos novamente, com a distância de 1 grau.
Desde o dia 16 de dezembro, Júpiter e Saturno já estão sendo visíveis a olho nu, logo após o pôr do Sol, e vêm se “aproximando” desde então. Nesta segunda-feira, 21, acontece o ápice da conjunção, mas o fenômeno ainda poderá ser visto até o dia 26.
A pesquisadora do ON explicou que o fenômeno acontece, em média, a cada 20 anos, nem sempre com condições de visibilidade. Entretanto, o que torna o evento desse ano raro é a proximidade aparente de Júpiter e Saturno e a condição de ser observado da Terra.
“Quando acontece a conjunção desses planetas, a separação entre eles pode ser de 1 grau ou 2 graus, mas o que é raro mesmo é essa separação de seis minutos de arco. Para você ter uma ideia, o tamanho da lua, que vemos no alto do céu, é de 30 minutos de arco, então você tem que dividir aquele tamanho por cinco e vai ter ideia de como é pequenininho esses seis minutos de arco”, explicou Josina.
Além disse, segundo ela, devido à grande proximidade aparente, Júpiter e Saturno podem ser vistos, ao mesmo tempo, no campo da ocular de um telescópio (sem precisar movimentar o equipamento). Dependendo da capacidade de aumento do telescópio, entre os dias 19 e 23 poderão ser vistos também os quatro maiores satélites de Júpiter, chamados galileanos, e dois dos maiores satélites de Saturno, Titan e Jápeto.
Pra onde olhar
Josina explicou que, para observar os planetas, a pessoa deve olhar para o horizonte a oeste, na direção onde o Sol se põe. Ao esticar o braço e abrir a mão, eles estarão na direção do dedo polegar. Para identificação, Júpiter é o ponto mais brilhante. O tempo de exposição é em torno de uma hora. “Mas tem que ter a visão do horizonte, não podem ter prédios na frente”, disse.
De acordo com a pesquisadora Josina Nascimento, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do ON, há fenômenos astronômicos que podem ser bem observados sem equipamentos, mas, nessa conjunção, “o mais bonito está através da lente do telescópio”.
O Observatório Nacional (ON) tem disponível um vídeo com o espetáculo, que foi transmitido ao vivo, por meio do canal do ON no Youtube. (Weber Andrade com Agência Brasil)