O fechamento parcial do monge da barragem no rio Itaúna, iniciada na última terça-feira, 17, pela empreiteira Monte Azul Ltda, causou a morte de milhares de tilápias de todos os tamanhos ao longo dos quase mil metros de curso d’água abaixo da represa da Cesan nesta quinta e sexta-feira. A tragédia ambiental foi presenciada na manhã de hoje por moradores, estudantes que iam em direção às escolas e transeuntes.
A mortandade começa logo abaixo da represa da Cesan, que não está vazando água desde a manhã desta quinta-feira, 19. Foi a própria direção da Cesan em Barra de São Francisco que provocou a Secretaria Municipal de Defesa Social (Semuds) na manhã de ontem, 19, devido à forte redução do volume de água em sua represa. Hoje, 20, por volta de 6h30 da manhã, nossa reportagem esteve no local e constatou que, mesmo com a paralisação do fechamento parcial da barragem, que vai se chamar Everaldo Bianquini, a água ainda não foi recuperada.
Logo abaixo da represa da Cesan, um morador da margem do rio tentava tirar um pouco de água para molhar as suas mudas de banana e contou que ontem pescadores estavam tirando peixes com a mão. “É uma situação que eu nunca tinha visto em Barra de São Francisco. Aqui tem gente pescando todo dia, mas desde ontem, os peixes estão morrendo sem que a gente possa fazer nada”, conta.
Nas pontes da Vila Landinha e da rua Coronel Djalma Borges, no centro, muita gente ficou estarrecida com a quantidade de peixes mortos e urubus dentro do leito do rio, devorando os peixes. “Moro aqui em frente e nunca vi nada parecido, conta um morador da avenida Prefeito Adelino Coimbra, que observava a situação com a filha ao lado. (Veja vídeos mais abaixo).
Hoje, o secretário municipal de Defesa Social (Semuds), Renato Pinto Rosa, esteve novamente no local da barragem para verificar porque a água não estava chegando até a Cesan. “Conversamos ontem, 19, com o subsecretário de Estado da Agricultura, Rodrigo Vaccari e explicamos a situação. Ele nos autorizou a ir até a barragem e solicitar a liberação de toda a água imediatamente para que ela volte a passar sobre a represa da Cesan e acabe com a mortandade de peixes na área urbana do município”, explica Renato.
Chegando lá ficou constado que a vazão da água continuava sendo represada pela empreiteira. Logo após o secretário solicitar que fossem retiradas algumas tábuas do monge, a água passou a jorrar de forma ininterrupta e em grande quantidade. “Acredito que dentro de algumas horas essa água vá chegar até a cidade e amenizar o grave problema causado”, disse Renato.
O líder do Comitê de Defesa da Bacia do Rio Itaúna, José Carlos Alvarenga, o Carlinhos, disse que, até a tarde de ontem, o rio estava praticamente seco nas proximidades de sua propriedade rural, mas que, hoje pela manhã, o nível da água já tinha voltado ao que era antes do início do represamento da água na barragem.
Ele disse que são poucos os produtores rurais que fazem irrigação de lavouras abaixo da barragem, mas acha que a recuperação da água retida vai demorar porque será difícil a água que está descendo chegar até a represa da Cesan, uma vez que, antes ela irá ocupar todo o espaço que perdeu.
De acordo com funcionários da Cesan, a represa baixou mais de 30 centímetros desde quarta-feira, impossibilitando a vazão do rio abaixo da mesma, que já tinha pouca água. Diante da situação o secretário municipal de Defesa Social, Renato Pinto Rosa e o coordenador da Defesa Civil, Arimatéia Oliveira, o Albuino, estiveram na barragem por volta de 14h de ontem, acompanhados dos funcionários João Pires e Diogo, da Cesan, para verificar a vazão do rio.
Ficou constatado que a passagem de água na barragem ficou represada por mais de oito horas nesta quinta-feira, passando apenas um cano de três polegadas de água pelo rio, água que logo era consumida pelas irrigações abaixo da barragem. “Não está chegando água desde anteontem (terça-feira, 17) na Cesan. Ainda não há risco de desabastecimento, mas se o represamento continuar lá na barragem da fazenda Bianquini, a situação ficará caótica”, comentou o engenheiro Diogo, da Cesan.
Depois de conversar com o encarregado da Monte Azul, Devair e com funcionário da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), Arnaud, ficou acertado que a empreiteira não vai continuar provocando a redução da passagem do rio até que ocorram as chuvas. “Nós estávamos colocando uma tábua de cerca de 20 centímetros por dia no monge, para provocar o enchimento da barragem”, informou o funcionário da Monte Azul.
A situação ficou tão caótica que, por volta das 15h30 de hoje, na ponte da Vila Landinha, dezenas de pessoas paravam para ver a imensa quantidade de tilápias buscando oxigênio desesperadamente nas pequenas poças negras que ainda restavam no local, formada mais por esgoto do que por água. Alguns moradores das proximidades chegaram, inclusive, a entrar no retiro na tentativa de pegar alguns peixes para consumo.
De acordo com o funcionário da Monte Azul, a ordem para iniciar o processo de retenção da água foi emitida pela própria Seag, o que levou o secretário Renato Pinto Rosa a tentar contato com o responsável pela obra na Seag, o subsecretário Rodrigo Vaccari, que esteve visitando o local na semana passada, para solicitar que a retenção da água seja interrompida. A decisão foi respaldada pela Cesan, que admitiu que, se o processo continuar poderá faltar água para abastecimento humano dentro de dois dias, já que os projetos de irrigação impedem que a pouca água que estava passando pela barragem não chega até a companhia.
Segundo a Cesan, o consumo diário de água em Barra de São Francisco gira em torno de seis milhões de litros por dia e a barragem dela perdeu boa parte dessa água, o que vai levar vários dias para recuperar e liberar água para o rio itaúna após a barragem da empresa na Vila Landinha.
Obra pronta – A Monte Azul já está desmontando o acampamento no local da barragem. Segundo o encarregado, Devair, a obra deverá ser entregue à Prefeitura já na próxima semana, mas será inaugurada apenas quando estiver totalmente cheia.
A obra teve investimentos de mais de R$ 1,360 milhão e vai provocar a inundação de cinco hectares de área (o correspondente a cinco campos de futebol), permitindo o acúmulo de 100 milhões de litros de água como reserva estratégica para a segurança hídrica.
Ainda de acordo com o encarregado, com apenas um dia de chuva forte, a barragem poderá ficar totalmente cheia. (Weber Andrade)
a Cesan esta preocupada agora, porque nunca se quer fez uma limpeza na sua barragem, só vende o que vem de graça, pagamos um preço muito alto para uma empresa que pega o produto de graça e que vem na sua porta,acorda Cesan, só viram sobre a Barragem pq eu fui lá e postei que já estava pronta, fui na parte da manhã postei as fotos aí que a Cesan foi verificar na parte da tarde
Você está enganado, nessse aspecto Mazinho. Não foi porque você fez as fotos. Eu, Weber Andrade, também já tinha feito e várias fotos foram publicadas durante a visita do secretário Paulo Foletto, mostrando que a represa já estava sendo enchida. Não entendo esse desejo de culpar a Cesan nesse momento em que a (i) responsabilidade da empreiteira é que provocou a falta de água na barragem da Cesan. A sua atitude é a mesma de todos os que acham que a Cesan é a culpada de tudo, mas nada fazem para mudar a situação. Concordo que a Cesan tem uma grande dívida com o município, mas o momento é de buscar soluções para a falta de água, o desabastecimento que pode acontecer até para consumo humano.
E acho que você, que também atua como profissional de comunicação e tem pretensões políticas, teria que ter sido o primeiro a denunciar o fato de a empreiteira Monte Azul ter represado a água num momento em que ela está escassa em todos os rios, por causa da chuvas, já que pretende que a ação da Cesan tenha sido provocada por causa das fotos (bonitas) que fez anunciando que a obra estava pronta. Por outro lado, o secretário municipal de Serviços está fazendo hoje a limpeza e dragagem do rio São Francisco, no córrego da Penha, você pode ver que o seu bairro já não tem peixes morrendo nesse momento, mas não me parece que você teve a preocupação de ir lá ver porque as águas do rio São Francisco não estavam chegando na área urbana…