Depois da ajuda de R$ 120 mil que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) concedeu às 27 federações estaduais e aos times que irão disputar as Séries C e D do Campeonato Brasileiro e os times das duas divisões do futebol feminino nacional, diversos clubes e jogadores também se viram no direito de pleitear um aporte financeiro da CBF.
Aqui no Espírito Santo, além do Vitória-ES, do Real Noroeste (ambos na Série D do Brasileiro), e do Vila Nova-ES (Série A2 do Brasileiro), a Federação de Futebol do Espírito Santo (FES) também recebeu esse aporte financeiro.
Porém, em solo capixaba, um grupo de jogadores oriundos de várias equipes que não foram agraciadas com esse dinheiro (e também de um dos times que recebeu a verba) iniciou um movimento que protesta contra a FES.
A queixa começou nas redes sociais, quando vários jogadores postaram uma foto que tem a hashtag #Respeito e a frase juntos pelo futebol capixaba. A ideia é chamar a atenção da opinião pública para a causa desses atletas, que por conta da paralisação dos campeonatos por causa da pandemia do coronavírus, também acabam ficando sem salários.
Os atletas gostariam que esse dinheiro que a Federação do ES recebeu, os R$ 120 mil, fosse rateado entre os outros 13 times que não receberam a ajuda da CBF. O que daria pouco mais de nove mil reais para cada equipe, caso a divisão fosse feita dessa forma.
Um dos líderes do movimento é o atacante Richard Falcão, que disputa a Série B do Capixabão pelo Espírito Santo SE (Esse). Uma comissão foi montada com jogadores dos 15 times em atividade no estado para buscar soluções em prol de toda uma coletividade, como atletas, comissões técnicas e demais integrantes dos times, como roupeiros e massagistas.
“Pensamos em como fazer pra melhorar o cenário do futebol capixaba, pra ajudar os jogadores que estão passando dificuldade nessa quarentena, porque muitos clubes não conseguem pagar os salários, porque não têm renda e patrocínio. Mas estamos cansados dessa Federação que não nos dá respaldo e nem respeito. E decidimos acordar, juntamos as cabeças e os jogadores estão unidos, lutando pela causa.
“Queremos melhorar o futebol capixaba, chamar a atenção da Federação para profissionalizar o nosso futebol. Chega com esse negócio da Federação fazer o que quer e de dirigentes amadores e despreparados. Queremos dirigentes profissionais e mais capacitados.”
A ideia também é formar um sindicato dos jogadores do ES (ou reativar o já existente), para que o órgão possa buscar melhorias para as condições de trabalho dos atletas perante clubes e Federação.
Outro personagem que encabeça o movimento é o meia Ronicley, do Rio Branco-ES. O “Inoxidável” se mostrou indignado com a situação e pediu providências à Federação e aos clubes para mudar o quadro atual em que se encontra o nosso futebol.
“O intuito é dar um “basta”, porque nós jogadores estamos defendendo a nossa classe, porque ficamos muito à mercê, ficamos reféns dos clubes, da Federação. Estamos cobrando que a Federação ajude mais os clubes, e que os clubes respeitem mais os jogadores, porque numa situação dessa que aconteceu de time não dar respaldo nenhum ao atleta é um amadorismo total.
“Chega, isso já ultrapassou todos os limites. Tem que ter um basta isso, eles têm que saber que a gente já está cansado disso, condições de trabalho, essas coisas, está difícil”
Federação se defende e revela destino da verba
Indagado sobre esse protesto dos jogadores profissionais, o presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo (FES), Gustavo Vieira, afirmou que respeita a manifestação dos atletas, e foi bem claro a respeito de como a entidade vai gerir o montante de 120 mil reais dado pela CBF.
“Esse valor foi repassado às Federações por conta desse cenário de total perda de receita, porque não teremos jogos nesse período. Temos as nossas demandas internas como qualquer empresa, e além disso tem quatro anos que a gente paga a arbitragem de todas as competições. Precisamos de receita para tocar a Federação e as despesas correntes continuam as mesmas, porque temos funcionários.”
“Estamos tentando fazer uma reserva para também pagar as taxas de arbitragem da Copa Espírito Santo, mas pra isso precisamos de recursos, pois não estamos gerando receita. Então, à princípio, será um recurso que vai ficar em caixa, porque estamos tentando retomar uma competição”. (Globo Esporte/Espírito Santo)