O corpo do ex-governador e ex-senador Gerson Camata, morto nesta quarta-feira, 26, à tarde em frente a um restaurante na Praia do Canto em Vitória, será velado a partir das 8h de hoje, no Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. O sepultamento está previsto para as 16h no Cemitério da Serra, na Região Metropolitana da capital capixaba. O governo do estado decretou luto de sete dias e, com isso, foram canceladas todas as agendas festivas ou de inauguração no estado.
Em Barra de São Francisco foi cancelada a agenda do secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha, que estaria na cidade hoje pela manhã para a inauguração do Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (Ceemti) João XXIII. As obras de reforma e adequação da Escola Viva João XXIII, foram orçadas em R$ 6,5 milhões e tiveram início no final do ano passado.
A reportagem do site Voz da Barra tentou confirmar hoje, se a solenidade de entrega das reformas da 14ª Delegacia Regional de Polícia Civil, prevista também para esta quinta-feira, às 10h30, será mantida, mas não obteve retorno.
De acordo com informações do Blog do jornalista Elimar Cortes, o assassino, Marcos Venício, cometeu o crime com uma pistola prateada. Testemunhas ouvidas pela polícia disseram que o ex-senador chegou a conversar com o assassino, pedindo, inclusive, que o criminoso não o matasse: “Não faça isso, rapaz”, teria dito Gerson Camata, que, em seguida, foi alvejado.
O corpo ficou caído na calçada. Segundo testemunhas, o assassino se aproximou do ex-senador e atirou na cabeça. O criminoso foi identificado, localizado e preso pouco depois. O crime aconteceu a poucos metros do edifício onde reside o governador Paulo Hartung, num dos locais mais movimentados da capital capixaba.
História – De tão íntimo com o ex-governador Gerson Camata, o economista mineiro Marco Venício Moreira Andrade, 66 anos, passou a ser conhecido como “Marquinho Camata”. Mas desde 2005 as relações entre os dois se deterioram, quando o ex-assessor passou a queixar-se de ter sido abandonado por Camata e, agora, é apresentado pela Polícia Civil como o homem que matou, com um tiro no pescoço, o ex-governador, um dia depois do Natal.
Marco Venício confessou o disparo, ao ser preso. De acordo como secretário de Estado de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues, o ex-assessor teve R$ 60 mil bloqueados em sua conta por uma ação judicial movida por Camata.
Ele teria encontrado o ex-senador em uma padaria. Foi tirar satisfações sobre o bloqueio e, logo em seguida, já na calçada efetuou o disparo no pescoço. O Samu chegou a ser acionado por populares, mas o ex-senador, um dos políticos mais populares do Espírito Santo, não resistiu aos ferimentos.
Nascido em Venda Nova do Imigrante, quando ainda era distrito de Castelo no Sul do Estado, e criado em Marilândia, no Norte do Estado, Gerson Camata tornou-se conhecido nos anos 60 como radialista em Vitória.
Foi vereador da capital, deputado estadual por dois mandatos e deputado federal. Em 1982, foi o primeiro governador eleito depois do golpe militar de 1964. A partir de 1986, cumpriu três mandatos de senador. Sua mulher, Rita Camata, cumpriu cinco mandatos também de deputada federal.
Em 2009, Marco Venício, que trabalhou 20 anos junto com Camata, fez uma denúncia que virou manchete nos jornais nacionais sobre a prática de caixa dois em campanhas eleitorais do senador. Inclusive, envolvendo a Construtora Odebrecht, que concluiu as obras da Terceira Ponte ligando Vitória a Vila Velha. Tanto a empreiteira quanto o senador sempre negaram as acusações veiculadas em reportagem de Chico Otávio no jornal O Globo.
Marco Venício é economista, de tradicional família de Caratinga (MG), e chegou a ser nomeado presidente da Banestes Seguros no primeiro governo de Paulo Hartung, em 2003. Ficou dois anos e meio no cargo. Ao deixar a função, alegou que foi abandonado pelo antigo chefe e amigo. A partir de 2005, as relações entre eles se deterioram, chegando à denúncia de 2009. Camata entrou na Justiça contra Marcos Venício e seria decorrente dessa ação que, agora, ele teria tido R$ 60 mil bloqueados em suas contas bancárias. (Weber Andrade com informações do jornalista José Caldas da Costa)