Considerada a mulher mais velha do mundo, a japonesa Kane Tanaka completou 117 anos no dia 5 deste mês. Ela está no Guiness Book, desde o ano passado. Mas, em Barra de São Francisco pode estar a segunda mulher mais idosa do Espírito Santo. Embora o site Brasil247.com, aponte uma baiana de Paulo Afonso, dona Inocência de Jesus, que completou 113 anos em julho do ano passado, como a mulher mais idosa do país, o jornalista Claudio Caterinque, do TC Online, nos enviou reportagem onde informa que a mulher mais idosa do Espírito Santo e, quiçá, do país, seria dona Esberta Evangelista dos Santos, a dona Caçula, que mora em São Mateus.
Dona Caçula, nascida em Conceição da Barra, tem registro de nascimento datado em 18 de janeiro de 1905 e completa neste sábado, 115 anos ficando bem próxima do recorde de mulher mais velha do mundo.
Já a dona Maria Rita Pereira, que mora há mais de 90 anos em Barra de São Francisco está completando 113 anos nesta quarta-feira, 15. Ela foi “descoberta” pelo prefeito Alencar Marim, em meados do ano passado, quando ele entregava o título de posse de um terreno a uma família do bairro Nova Barra.
Hoje Marim fez questão de visitar dona Maria Rita, levando flores, bolo e refrigerante para celebrar junto com a família dela, os 113 anos de vida.
Feliz com as visitas, dona Maria Rita fez piada, cantou e até dançou com o prefeito. “Estou valendo mais nada, não”, disparou ela logo que o prefeito a cumprimentou e perguntou se estava bem.
Depois do “Parabéns pra você”, a anciã ficou mais solta, comeu bolo, lambeu os dedos, como uma criança e contou a história da sua paixão pelo tabaco. “Minha mãe gritava: Mariiiiia, ó Mariiia, vem acender o meu pito”, conta ela que tomava conta da casa enquanto os pais trabalhavam na roça, lá em São Manoel do Mutum, onde nasceu.
“Não dá vontade de sair de perto dela, tanta alegria, tanto carinho, tanta disposição numa senhora com essa idade, é muito gratificante poder fazer parte desse momento da vida dela”, disse Marim e emendou: “Se pensarmos que hoje temos tanta gente ainda jovem que nem consegue trabalhar e ela com essa disposição toda, é muito bonito. E a família está de parabéns por cuidar tão bem da dona Maria Rita. Espero poder comemorar o aniversário de 114 anos delas no ano que vem”.
“Eu quero viver mais uns 50, não sei se vai dar, mas quero”, disse ela ao prefeito na primeira visita à casa onde vive com a única filha, Zenilda, a dona Santa, que restou da prole de cinco filhos com Raimundo José Pereira, já falecido.
De acordo com a filha, a mãe tem mais saúde do que ela para se alimentar e não consegue ficar parada. “Mal acorda, fica rodando aí pelo quintal, senta para tomar um sol, mas quer trabalhar, como a gente. Se vê um tanque com vasilhas sujas, encosta e quer lavar. No Natal passado ela fez questão de fritar a carne do porco que nós matamos. Tinha muitos familiares descendentes dela aqui”, relata.
Ainda segundo dona Santa, a mãe é muito lúcida e se lembra até do nome dos avós e bisavós. Gosta de sentar com o bisneto, Anderson e ficar contando causos de quando era nova, de quando gostava de ir aos forrós. “Até hoje ela gosta de dançar”, revela dona Santa e exibe o vídeo gravado no celular para comprovar a saúde física da mãe.
O bisneto Adeildo, que é o “xodó” de dona Maria Rita, também comemora a vitalidade da “bisa” e diz que ela teve um problema de saúde recentemente mas ele conseguiu uma pomada “ungida no monte” que recuperou os movimentos dela.
Família veio de São Manoel do Mutum
Dona Maria Rita Pereira nasceu na região do Contestado, em 15 de janeiro de 1907, no município hoje conhecido por Mutum (MG). Mas, pela idade, o local ainda se chamava Vila da Guaxima, ou simplesmente Guaxima, nome dado pelo alferes Francisco Inácio Fernandes Leão, primeiro donatário daquelas terras, que foram tomadas aos índios botocudos, mais precisamente, os pokranes, que eram liderados pelo conhecido chefe indígena da época Guido Pokrane.
A data de fundação do município, que chegou a pertencer ao Espírito Santo, é 19 de junho de 1912, ou seja, 107 anos, cinco a menos do que dona Maria Rita. Antes de se emancipar, o local pertenceu aos municípios de Rio José Pedro (hoje Ipanema-MG) e Rio Pardo (hoje Iúna-ES).
Maria Rita, com certeza, veio para Barra de São Francisco montada em lombo de burros ou mulas, únicos meios de transporte de alimentos e outras provisões daquele tempo. As tropas saíam da região de São Manoel do Mutum em direção ao “norte”, como era chamado o promissor Patrimônio de São Sebastião (hoje Barra de São Francisco), subindo pelo rio José Pedro, até alcançar o rio Manhuaçu, onde atravessavam o rio Doce, em balsas e seguiam por Baixo Guandu e Pancas, ou mesmo por Resplendor até alcançarem a região.
Aqui dona Maria Rita criou seus cinco filhos e hoje tem dezenas de netos, bisnetos e tataranetos, a maioria deles radicada no Mato Grosso. “No ano que vem a família promete se juntar toda aqui para celebrar o aniversário dela”, afirma a filha dona Santa. (Weber Andrade com informações do IBGE)
Que linda história de Maria Rita!!Parabéns para ela e que Deus possa dá saúde e muitos de vida.. Bacana a iniciativa do Prefeito Alencar Marim.abraço