Primeiro município do Estado a decretar o “lockdown” por causa da disparada nos casos do Covid-19, Ecoporanga, não terá ponto facultativo nesta sexta-feira, 12, interrompendo o feriadão de Corpus Christi. Os servidores municipais vão ter que trabalhar, diferentemente dos estaduais, que não precisarão comparecer às repartições, pois o governo decretou ponto facultativo.
Não chega a ser uma surpresa para os servidores municipais, pois desde 2018 o prefeito Elias Dal’Col (PSD) não dá nenhum ponto facultativo. E, agora, ele justificou que há muitas obras e processos parados em função da ausência de funcionários afastados por estarem com o novo coronavírus e que não vai “dar folga para ninguém”. Para Elias, “o tempo está passando, o mandato está acabando e as obras não ficam prontas”.
Nas conversas informais, Dal’Col vai além e comenta, para quem quiser ouvir, que “os funcionários já estão folgados demais por causa da pandemia”.
O problema se agrava porque uma servidora do setor de compras da Prefeitura deu positivo para o novo coronavírus, foi afastada e todo o pessoal que teve contato com ela também foi colocado em quarentena. O setor está paralisado há uma semana.
Ecoporanga conseguiu conter a chegada do vírus por quase dois meses, mas, a partir do primeiro caso, em 10 de maio, as ocorrências dispararam e, no último boletim divulgado pelas autoridades municipais, em 30 dias são 80 casos confirmados, com cinco óbitos e 42 curados. No momento, não há mais ninguém hospitalizado. Ou seja, não há nenhum caso grave no município.
A avaliação é de que o lockdown de quase duas semanas – quando todo o comércio ficou fechado, só funcionando, com reservas de acesso, os setores essenciais – surtiu efeito no início, mas os casos voltaram a subir e, em consequência da volta massiva da movimentação nas ruas, bancos e comércio, na última semana houve um crescimento de 400% nos casos. Se isso permanecer, há risco de novo lockdown, ideia que Elias não gosta, mas diz que acata se vier do Governo do Estado.
Outro problema que está desafiando a administração é a iluminação pública. Há muitas lâmpadas queimadas e a empresa responsável pelo serviço, a Brito Dias Construções Elétrica (BCDE) chegou a divulgar uma nota atribuindo o atraso nos serviços à falta de material de reposição no almoxarifado, que é de competência da Prefeitura. Agora, com o setor fechado por causa do coronavírus, a tendência é atrasar mais ainda.
O prefeito Elias Dalcol reclama que, com a pandemia, os preços dos materiais subiram muito e as empresas demoram a mandar orçamentos na hora das compras. A BDCE recebe R$ 7.896,00 por mês para realizar o serviço de manutenção em todo o município, que tem sete distritos, além da sede, com área de 2.285 quilômetros quadrados, o terceiro maior em extensão no Estado, atrás apenas de Linhares e São Mateus. (Texto de José Caldas da Costa, editado por Weber Andrade)