Numa palestra bem humorada e didática, o especialista em Ciências Atuariais Igor França Garcia, falou nesta quarta-feira, 7, à tarde, para cerca de 150 servidores efetivos e aposentados do município, inclusive o prefeito Alencar Marim, sobre o déficit do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Barra de São Francisco.
Ele disse que, de acordo com os cálculos atuariais realizados por sua empresa, o instituto tem um déficit hoje de mais de R$ 166 milhões e chegaria a R$ 206 milhões caso não houvesse a compensação previdenciária que está sendo proposta ao Executivo.
O evento era voltado para os Conselhos Curador, Fiscal e Comitê de Investimentos mas acabou atraindo muitos servidores, preocupados com as suas aposentadorias e foi realizado no auditório da Secretaria Municipal de Educação (Semec) no antigo Colégio Santa Teresinha.

O presidente da Previdência Municipal, Roberto Ribeiro Martins, o Betão, abriu a palestra explicando que, até o final da gestão de Waldeles Cavalcante, o instituto tinha cerca de R$ 7 milhões em caixa e, hoje, possui pouco mais de R$ 1,3 milhão. Assim mesmo porque o prefeito Alencar Marim já fez um repasse para a entidade este ano, reduzindo a dívida do município com a Previdência.
Igor França começou a palestra dizendo que a situação da Previdência Municipal é “complicada” porque não é apenas atuarial e sim financeira. “O problema está acontecendo agora”, alerta ele.
“O déficit de acordo com o cálculo atuarial é de R$ 166 milhões contando com um reajuste de 1% ao ano nos salários. Se for 2% vai para R$ 186 milhões”, exemplificou.
Ainda segundo o palestrante, de acordo com os cálculos feitos com base em dezembro do ano passado, 74% dos servidores estão contribuindo com a Previdência, enquanto outros 26% não contribuem, o que é muito preocupante. “Hoje temos, em média, três pessoas contribuindo para cada benefício concedido. Em 2015 eram quatro pessoas por benefício”, informa.
França ofereceu ainda vários dados estatísticos sobre os beneficiários da Previdência Municipal, salientado que o mais jovem tem 24 anos e o mais velho tem 70. A idade média dos contribuintes é de 47,3 anos e a maioria deles tem 46 anos.
Outro problema observado pelo especialista foi a proporção de pessoas contribuindo e aposentadas por sexo. São 58% de mulheres e 42% de homens. “Enquanto vender seguro pra mulher é bom, para a Previdência mulher é horrível”, brincou, arrancando risos da plateia quase toda feminina. “Elas contribuem por menos tempo, vivem mais e anda são maioria”, observou.
Finalizando ele apresentou a proposta de reavaliação atuarial para definir o valor da contribuição dos beneficiários e da prefeitura, para equilibrar as contas e evitar a falência da Previdência Municipal.

Cálculo atuarial – O cálculo atuarial é um método matemático que utiliza conceitos financeiros, econômicos e probabilísticos para determinar o montante de recursos e de contribuições necessárias ao pagamento de despesas administrativas e benefícios futuros, como aposentadorias e pensões a serem concedidas, no presente e no futuro, entre outros setores, como seguros.
De acordo com o especialista Igor França, o cálculo atuarial serve para prevenir despesas futuras com um possível dano ou risco.
No caso da Previdência, as contribuições dos segurados e dos seus empregadores devem formar provisões técnicas e os benefícios previdenciários devem ser pagos com o rendimento financeiro e com a própria exaustão das provisões técnicas, (Fundo Previdenciário).
Desta forma, o cálculo atuarial é de suma importância para buscar proporcionar equilíbrio ao instituto para que as contribuições e os aportes sejam sempre suficientes para arcar com os pagamentos de despesas administrativas e benefícios dos segurados. (Weber Andrade)