O Brasil não conseguiu registrar avanços significativos no desempenho dos estudantes em leitura, em matemática e em ciências no mais importante ranking mundial de educação. O resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira, 3, aponta ligeiro aumento da nota média, mas os estudantes brasileiros seguem entre os últimos 10 colocados na prova de matemática.
O exame, cujas provas foram aplicadas no ano passado, é realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os resultados negativos para a educação brasileira foram verificados mesmo com a expansão da lista dos países participantes, que passaram de 70 para 80.
Em leitura, o Brasil conseguiu manter sua posição de 2015, mas ainda está atrás de mais de 50 países e regiões econômicas. Já em ciência, o país caiu algumas posições, para uma colocação abaixo de pelo menos 65 participantes.
O Brasil obteve nota 413 em Leitura, 384 em Matemática e 404 em Ciências. Os resultados seguem muito abaixo da média dos países da OCDE, que foi de 487 em Leitura, 489 em Matemática e 489 em Ciências. Esses valores são usados como referência de educação de qualidade pelo Brasil e demais países.
A OCDE concluiu que o Brasil mantém uma tendência de estagnação ao analisar os resultados de sete edições do Pisa em leitura, seis em matemática e cinco em ciências. Embora as notas médias tenham variado alguns pontos para cima e para baixo, no decorrer da última década essa variação não foi considerada estatisticamente relevante para ser considerada uma evolução de patamar.
Ampliação das matrículas sem queda
Apesar de se manter num patamar estável, a OCDE destacou que o Brasil foi um dos países que conseguiu aumentar consideravelmente o número de adolescentes de 15 anos matriculados na escola, sem que isso fizesse cair sua nota média no Pisa.
“Entre 2003 e 2018, Brasil, Indonésia, México, Turquia e Uruguai matricularam muito mais pessoas de 15 anos na educação secundária sem sacrificar a qualidade da educação oferecida”, diz o relatório.
Atualmente, o patamar do Brasil deve ser comparável em Leitura com a Bulgária, a Jordânia, a Malásia e a Colômbia. Em Matemática, com a Argentina e a Indonésia. Já em Ciências, os países que estão no mesmo grupo do Brasil no ranking mundial são Peru, Argentina, Bósnia e Herzegovina e a região de Baku, no Azerbaijão.
O que é o Pisa?
O Pisa é uma avaliação mundial feita em dezenas de países, com provas de Leitura, Matemática e Ciência, além de educação financeira e um questionário com estudantes, professores, diretores e escolas e pais;
Ela é realizada a cada três anos – a mais recente foi aplicada em 2018 com uma amostra de 600 mil estudantes de 15 anos de 80 países diferentes. Juntos, eles representam cerca de 32 milhões de pessoas nessa idade;
A cada ano, uma das três disciplinas principais é o foco da avaliação – em 2018, o foco foi na leitura;
O Brasil participou de todas as edições do Pisa desde sua criação, em 2000, mas continua muito abaixo da pontuação de países desenvolvidos e da média de países da OCDE, considerada uma referência na qualidade de educação.
Pisa e Ideb – O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é o indicador objetivo para a verificação do cumprimento de metas fixadas no Termo de Adesão ao Compromisso “Todos pela Educação”, eixo do Plano de Desenvolvimento da Educação fomentado pelo Ministério da Educação. Nesse âmbito se enquadra a ideia das metas intermediárias para o Ideb. O objetivo é alcançar a média de 6,0 em 2022 – período estipulado tendo como base a simbologia do bicentenário da Independência. Para isso, cada sistema deve evoluir segundo pontos de partida distintos e com esforço maior daqueles que partem em pior situação, visando reduzir a desigualdade educacional.
A definição de uma meta nacional para o Ideb em 6,0 significa dizer que, considerando os anos iniciais do ensino fundamental, o país deve atingir em 2021 o nível de qualidade educacional médio dos países membros da OCDE observado atualmente, em termos de proficiência e rendimento (taxa de aprovação). Essa comparação internacional foi possível devido à compatibilização entre a distribuição das proficiências observadas no Pisa e no Saeb. (Weber Andrade com Agência Brasil e G1 Educação)