As obras de construção da barragem no rio Itaúnas foram retomadas este mês e estão sendo feitas em ritmo acelerado, para compensar a paralisação de 30 dias, feito no início do ano, para revisão do projeto e busca de possíveis erros no mesmo.
A previsão é de que a barragem esteja totalmente pronta até o final de agosto deste ano, de forma que, quando chegar o período chuvoso, ela já esteja em condições, inclusive, de controlar o volume de água que desce pelo rio, evitando grandes alagamentos na Sede do município.
Há um mês, no dia 8 de fevereiro, uma audiência pública realizada no Colégio Santa Terezinha, mostrou que a mesma é totalmente segura e nem uma tromba d’água seria capaz provocar o seu rompimento. Mais de 400 pessoas, entre produtores rurais, moradores da sede, técnicos e curiosos participaram da audiência que foi realizada para tirar dúvidas da população sobre a segurança e o uso da mesma.
A mesa condutora do evento contou com a presença do deputado estadual Enivaldo dos Anjos, que buscou a audiência junto à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), para os esclarecimentos, além do prefeito Alencar Marim, vereadores, o líder do Comitê de Defesa da Bacia Hidrográfica do Itaúnas, José Carlos Alvarenga e técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
O prefeito Alencar Marim, que abriu e fechou o evento, falou da importância da barragem para o abastecimento de água em Barra de São Francisco e disse que audiência buscava dissipar dúvidas colocadas pela população.
A obra requer investimentos de R$ 1,360 milhão com a inundação de cinco hectares de área (o correspondente a cinco campos de futebol), permitindo o acúmulo de 100 milhões de litros de água como reserva estratégica para a segurança hídrica não apenas de Barra de São Francisco.
“A obra beneficia a toda a região, garantindo reforço para os tempos de estiagem, para uso na agricultura e no abastecimento humano. Tivemos que aprender com a última estiagem que castigou, principalmente, as regiões norte e noroeste do estado”, afirma Enivaldo dos Anjos”.
Durante a audiência ficou claro o desconhecimento das pessoas que tentaram aterrorizar a população francisquense comparando os riscos de rompimento da barragem no Itaúnas com o da barragem de rejeitos de Brumadinho. “São projetos e funções totalmente diferentes”, explicou o gerente de Infraestrutura e Obras Rurais da Seag, Patrick Ribeiro.
Ribeiro começou mostrando como funcionam as barragens de rejeitos, esclarecendo que a que rompeu em Brumadinho e a maioria das que são feitas em Minas Gerais, são projetos de baixo custo e que, por isso, correm mais risco de rompimento. “As barragens de rejeitos não têm escoadouro. O material vai sendo despejado nela e fica estático. Quando enche, constroem outra, tipo um puxadinho e quando se rompe, o peso dos rejeitos destrói tudo pela frente”, explicou o técnico.
No caso da barragem de água, como a do Itaúnas, existem equipamentos próprios para promover a vazão do excesso de água, em caso de grandes volumes de chuva, como o monge e o vertedouro (ver texto mais abaixo). De acordo com Patrick, para que a água passe por cima da “crista” da barragem, que terá seis metros de altura, seria necessária uma chuva como nunca aconteceu nos últimos 100 anos.
“Mesmo que chovesse mais de 200 milímetros em curto espaço de tempo, a barragem teria como escoar o excedente de forma segura. E mesmo se houvesse um rompimento, todo o volume de água da represa não causaria enchente em Barra de São Francisco, pois ela se espalharia por mais de 600 hectares de várzeas, ao longo dos 16,5 quilômetros entre a barragem e a Sede. Além disso, o desnível – diferença de altura – entre a barragem e a Sede é de apenas 25 metros e a água chegaria aqui com no máximo 2,5 centímetros de altura”, esclareceu.
O gerente de Sustentabilidade da Seag, Janil Ferreira da Fonseca, explicou que a velocidade da água nestas condições, que eles chamam de “maximorum”, a água avançaria 15 centímetros por segundo. “Ou seja, um jogador de futebol, um atleta, seria capaz de sair correndo junto com a água lá da barragem e ainda chegaria bem antes a Barra de São Francisco”, exemplificou.
Barragem de terra – O fato de a barragem não ser feita de concreto, como reivindicou o vereador que incitou a população contra a barragem, os técnicos explicaram que a barragem mais segura para o local é a de terra porque cimento sobre terra não é possível. “Se houvesse laje no local, então seria possível a barragem de concreto, porque haveria onde fixar o muro. Agora, um muro de concreto por cima da terra vai permitir infiltrações da água sob o cimento e, aí sim, o risco de rompimento seria grande.” (Weber Andrade)