Os valores assustadores que os consumidores capixabas encontraram nas contas de luz que chegaram nos primeiros meses do ano credenciaram a EDP Escelsa, concessionária responsável pela distribuição de energia no Estado, a ser a pior empresa no quesito reclamações em 2019. De acordo com dados do Instituto de Defesa do Consumidor do Espírito Santo (Procon-ES) no ano de 2018 a empresa ocupava o segundo lugar neste ranking. O órgão não revela a quantidade de reclamações relacionadas à empresa.
Recentemente a Câmara de Vereadores de Barra de São Francisco lançou um movimento para convocar a população consumidora dos serviços da EDP que tenham reclamações a fazer sobre o aumento dos valores cobrados, para que se dirijam à Câmara, munidos de suas três últimas contas de energia elétrica cobrada. Estas contas deverão ser copiadas e anexadas a um documento que deverá ser protocolado na próxima semana, junto ao Ministério Público.
Posteriormente, os vereadores deverão realizar uma audiência pública, onde as autoridades e representantes da Escelsa, possam se reunir e apresentar informações, que nem sempre estão estampadas nas referidas contas.
Todos que quiserem questionar o aumento nas suas contas, seja residencial, rural, comercial e industrial, devem procurar a sede da Câmara Municipal, no horário de 8h às 17h na segunda-feira) e das 8h às 13 hs, de terça a sexta-feira, munidos de pelo menos três das últimas contas recebidas.
Reclamações – Do ano de 2018 até o momento foram 66.568 reclamações no total, média de 152 reclamações a cada dia. A principal demanda do Procon-ES é relacionada a cobrança indevida, justamente a queixa principal dos clientes da EDP Espírito Santo. As outras demandas dominantes são vício de produtos, descumprimento, rescisão de contratos, negociação de dívidas e cálculo de prestação e taxa de juros.
Atualmente, no ano de 2019, a empresa é seguida da Oi e da Vivo, respectivamente em segundo e terceiro lugares, no quesito quantidade de reclamações. Logo após vem a Caixa Econômica Federal e a Via Varejo S/A (administradora das Casas Bahia e do Ponto Frio). No ano de 2018, os bancos BMG e Bradesco também encabeçavam a lista das cinco empresas mais reclamadas – que não contava com a Vivo e nem a Via Varejo.
Enquanto no ano passado os bancos lideravam o ranking de assuntos reclamados, em 2019 o troféu é das empresas de telefonia móvel. Os demais assuntos que compõem o “top-5” neste quesito são financeiras, telefonia fixa e cartão de crédito.
Procon – A presidente do Procon-ES, Lana Lages, afirma que com a implementação do Código de Defesa do Consumidor as empresas tiveram que repensar o atendimento e as formas de tratar os clientes e suas posturas. Além disso, hoje o consumidor tem mais consciência dos seus direitos, o que, junto às facilidades para reclamações, possibilitadas pela tecnologia, tem aumentado o número de atendimentos. “Buscamos evitar que as empresas usem as brechas, fortalecendo nossos jurídicos”.
Ela confirma que o fato de a EDP ter o monopólio da energia facilita o desrespeito aos direitos do consumidor. “Se tivéssemos uma briga de mercado maior, teríamos a necessidade de tratamento diferenciado do consumidor”, diz a presidente. E afirma que quando o mercado é ampliado existe receio entre as empresas de ter a imagem maculada junto ao consumidor.
A EDP informou que o número total de reclamações recebidas pelo Procon-ES relacionadas à Companhia caiu 46% entre 2017 e 2018. A empresa acrescenta que no último ano, investiu mais de R$ 300 milhões na ampliação, modernização e manutenção da rede elétrica no Estado. “Além disso, a Distribuidora expandiu e criou novas ferramentas para facilitar a comunicação com seus consumidores, como o EDP Online, um portal de serviços completo que pode ser acessado pela web ou aplicativo”, informou a empresa em nota.
Mais reclamações entre 41 e 50 anos
Segundo a presidente do Procon-ES, o perfil dominante do consumidor que procura seus direitos no Espírito Santo está na faixa etária entre os 41 e 50 anos. “Chega uma fase em que pessoas estão mais maduras em busca dos seus direitos”, comenta ela.
Já com relação aos sexos, o número de reclamações feitas por mulheres é maior: 51,96%. “As mulheres buscam mais os seus direitos talvez porque consomem mais, vão mais ao supermercado, compram roupas para os filhos, fazem esses contratos. Então a mulher acaba consumindo mais em relação à família e daí tem mais chances de fazer reclamações”. (Weber Andrade com Folha do ES e Procon/ES)