A aposentada Teresinha e o aposentado Altair, são algumas ds dezenas de pessoas que se aglomeram na manhã desta quinta-feira, 20, em frente à Prefeitura Municipal para fazer uma consulta na Carreta da Saúde – Hanseníase.
O veículo está atendendo desde as 8h e deverá ficar até as 14h na cidade. Amanhã, 22, a carreta vai para Ecoporanga.
A aposentada dona Teresinha, que mora na saída para a Vila Miniguite, chegou cedo ao local e pegou a senha para a consulta. De origem europeia, ele tem problemas de pele e decidiu se prevenir contra a hanseníase. “Está demorando um pouco a chamar, mas vou esperar”, disse ela.
Outro aposentado, Altair, também disse que está fazendo os exames por precaução, mas não tem sentido nada que possa levar ao diagnóstico de hanseníase. “É sempre bom a gente se prevenir e quando tem uma oportunidade como essa, de graça, a gente não pode perder”, comenta.
O Espírito Santo registrou em 2018, 1,46 casos por 10 mil (aproximadamente 572 doentes em tratamento e com 5% de abandono). Em 1993, o Estado documentou 24,46 casos por 10 mil habitantes (cerca de 6.540 doentes, com percentual de abandono do tratamento em 59%).
Em relação à detecção de novos casos, também houve queda nos números durante o mesmo período, passando de 3,21 casos para 1,19 casos a cada 100 mil habitantes. Só no ano de 2018, foram registrados 467 novos casos da doença no Estado.
A carreta – Equipada para funcionar como uma unidade de saúde itinerante, a carreta tem cinco consultórios e um posto de coleta de exames destinados a ações que favoreçam a busca ativa de casos novos de hanseníase.
Até o dia 6 de dezembro, outras nove cidades do Estado serão contempladas com serviços de diagnóstico e conscientização sobre a hanseníase no Estado.
A vinda da carreta foi possível através de uma da Secretaria Municipal de Saúde, com a Secretaria Estdual de Saúde (Sesa) e o Ministério da Saúde, que estão realizando o Projeto ‘Roda-Hans: Hanseníase”, idealizado pelo Ministério da Saúde (MS), Novartis Brasil e Associação Alemã de Assistência aos Hansenianos e Tuberculosos (DAHW Brasil).
A carreta é utilizada também para treinamento de equipes municipais sobre diagnóstico precoce da doença, tratamento, prevenção de incapacidades e promoção em saúde. Ela ficará estacionada em locais estratégicos e de fácil acesso nas cidades. A ideia é que a unidade atenda a população do município sede e também pessoas vindas de municípios vizinhos, em dias e horários específicos.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, a iniciativa é importante para informar a população em geral sobre os aspectos clínicos e sociais da doença. “No Brasil, a hanseníase é uma doença que passa por uma falsa eliminação, pois há uma redução da incidência da doença por redução no diagnóstico e não redução, de fato, da carga de doentes. Então, ações como essa são fundamentais tanto para treinar, garantir o acesso, dar um diagnóstico oportuno, quanto para promover o debate sobre a doença”, ressaltou.
Hanseníase – Conhecida comumente como lepra, a hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que lesiona os nervos periféricos e reduz a sensibilidade da pele. Geralmente, o distúrbio ocasiona manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas com perda ou alteração de sensibilidade em áreas como mãos, pés e olhos, mas também pode afetar o rosto, as orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. A transmissão ocorre por meio das vias respiratória (tosse, espirro, fala e respiração).
Após o diagnóstico que está disponível nas unidades básicas de saúde, os pacientes recebem o tratamento completo baseado em poliquimioterapia (PQT), ou seja, associação de vários medicamentos, conforme forma clínica. O tratamento da hanseníase interrompe a transmissão e previne deformidades.
Dados – A diminuição dos casos no Espírito Santo é, de acordo com a coordenadora do Programa de Hanseníase da Sesa, Marizete Puppin, consequência do trabalho desenvolvido pelo Estado. “São quase três décadas de trabalho intensivo. Temos um serviço contínuo nos municípios e o Estado segue no fluxo contrário dos outros estados no País, que têm aumentado o diagnóstico. O Espírito Santo tem um dos melhores índices de cura, mas ainda assim precisamos de ações como esta da carreta para ampliar nossas ações de alerta”, explicou.
Mesmo com a diminuição no número de casos, a doença é considerada pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública. “É uma doença que persiste e os números são muito altos em comparação ao que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS), que é menos de 1 caso por 10 mil habitantes. Por ser uma doença crônica, precisamos estar em permanente vigilância. No Brasil se fala em eliminação da doença, que significa trazer os números para os parâmetros e índices de menos 1 caso para 10 mil habitantes para todos os estados”, esclarece Marizete Puppin.