Tudo tem seu lado positivo. Até mesmo a pandemia da Covid-19. Pelo menos é o que demonstra o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), em relação à dengue, doença que, no primeiro semestre do ano passado registrou 56.264 casos notificados por 100 mil habitantes, com 26 mortes, no Espírito Santo.
No primeiro semestre deste ano foram notificados 39.827 casos da doença. Isso representa 16.437 notificações a menos em relação ao mesmo período de 2019, segundo o boletim divulgado nesta quinta-feira, 25, uma redução de 29,2%.
Veja aqui o 25º boletim da dengue.
Um exemplo claro dessa redução está em Barra de São Francisco que, no primeiro semestre do ano passado, enfrentou um dos piores surtos de dengue da sua história, inclusive com a morte de uma empresária por dengue hemorrágica. No final de junho do ano passado, o município tinha média de 532 casos notificados por 100 mil habitantes e, este ano, até ontem, 25, a média era de apenas 22,4 casos por 100 mil habitantes, uma redução de 95,8%.
Para o prefeito Alencar Marim, essa redução drástica nos casos de dengue está relacionada com a pandemia da Covid-19. “Vejo que este ano, as pessoas estão mais conscientes dos problemas sanitários e o isolamento social, embora ainda esteja longe do ideal, tem contribuído para que todos cuidem melhor de suas residências e quintais, o que ajudou muito a evitar a proliferação do mosquito transmissor”, avalia
De acordo com o chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental, Roberto Laperriere Júnior, um dos fatores que influencia nesse resultado é a diminuição da temperatura, que tende a cair ainda mais durante o inverno. Nesse período, além da redução da circulação do Aedes aegypti (transmissor da dengue, zika e chikungunya), as pessoas também utilizam roupas que cobrem mais o corpo, ficando menos expostas às picadas do vetor.
“As arboviroses são multifatoriais. Mas, um fator que influencia na queda de casos é a temperatura. Este ano, percebemos que o clima está mais ameno, com o frio chegando mais cedo do que no ano passado. Dessa forma, o vetor fica menos ativo e o cidadão passa a utilizar roupas mais cobertas, estando menos exposto ao mosquito”, disse Laperriere Júnior.
Segundo ele, a diminuição dos casos também é observada no diagrama de controle, um instrumento epidemiológico que é utilizado para compreender a dinâmica da doença e traçar o seu prognóstico. Ainda de acordo com o especialista, é importante que os cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti continuem sendo intensificados. “Isso para que não haja aumento dos casos a partir de setembro, quando inicia o período sazonal da dengue”, explica. (Weber Andrade com informações da Secom/ES)