Todos os dias, de segunda a sábado, eles chegam aos açougues dos supermercados, ou mesmo no açougue do próprio bairro e começam a escolher as carnes do dia: “aranha”, chã de dentro, fraldinha, são algumas das mais utilizadas entre as carnes bovinas. Hoje já não se encontra mais aquele churrasquinho “gourmet” com espetinhos de picanha ou alcatra.
Na maioria dos pontos de churrasquinho de Barra de São Francisco, que somam mais de 20 durante a semana, a variação é muito pequena: carne de boi, porco, frango, coração de frango e linguiça com ou sem pimenta, é o cardápio de quase todos.
Hoje, os açougues vendem cerca de mil quilos de carne para espetinhos toda semana e alguns supermercados já têm até açougueiro treinado para lidar com os “churrasqueiros”. Mas esse número já foi muito mais expressivo. De acordo com o proprietário do Bar dos Amigos, Reginaldo Lopes, a pouco anos atrás ele chegou a vender média de 300 espetinhos por dia, de segunda a sexta-feira, mas hoje dificilmente vende mais de 100 por dia. “O que tiro hoje no espetinho mal dá pra pagar o funcionário. Só mantenho por causa da tradição, para manter os fregueses”, afirma.
O motivo da queda nas vendas, aponta Reginaldo, é a concorrência que aumentou muito nos últimos anos. “Só na Vila Landinha são pelo menos sete pontos vendendo espetinhos”, enumera.

O comerciante Denilson Teodoro entrou no negócio do churrasquinho recentemente, “pressionado” pela concorrência. Sem tira gosto para oferecer diariamente, optou por dar espaço ao genro, que chega por volta das 18h. Mas ele reconhece que a concorrência é grande e as vendas só compensam porque os clientes consomem bebidas.
Outro tradicional vendedor de churrasquinho, o Zé Antônio, que tem ponto na travessa Cecília Agostinho, bem de frente para a Matriz de São Francisco de Assis, confirma a versão de Reginaldo. “Eu já vendi mais de 300 espetinhos aqui em um dia, hoje vendo 60, 70. O que está me dando mais lucro é a comida barata”, afirma ele, apontando para as vasilhas de “mexido”.
Variedade – Hoje, o espetinho custa R$ 3 na maioria dos pontos, mas alguns ainda vendem linguiça e frango a R$ 2,50. Na feira livre, somente aos sábados, é possível encontrar espetinho de sambiquira, a R$ 2,50. (Weber Andrade)