O fiscal de Vigilância Epidemiológica Adones Barbosa de Oliveira tem passado maus pedaços, junto com os agentes da Vigilância Sanitária de Barra de São Francisco, para promover o combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika. Ele contou à reportagem dos sites vozdabarra.com.br e ocontestado.com, que os agentes têm enfrentado resistência até entre aquelas pessoas de maior posse e que se consideram “instruídas”.
De acordo com Adones, esta semana ele teve que acionar a Policia Militar para inspecionar um posto de combustíveis na Vila Landinha, porque o proprietário não concordava com a inspeção. Adones também contou a história do promotor de Justiça, Luiz Carlos Vargas, que foi notificado por ter focos do mosquito em casa. “Ele pediu que eu divulgasse e citasse o nome dele, para mostrar que qualquer pessoa, por mais instruída que seja, pode estar criando o mosquito, por falta de atenção ou informação”, conta.
Hoje, a maior dificuldade no combate ao mosquito transmissor da dengue continua sendo a entrada nas residências e quintais. Segundo uma pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde (Semas), cerca de 80% dos focos estão dentro das residências e nos quintais das casas.
“Nós temos procurado ajudar. Temos acompanhado os agentes, em locais onde há dificuldades de diálogo com a comunidade. O objetivo é combater o mosquito e, para isso, estamos tendo que usar mecanismos legais, como a advertência, notificação e, por fim, a autuação daqueles que não permitem a entrada dos agentes em seus imóveis para verificação de focos”, comenta.
Adones salienta que a população não tem noção da dificuldade que é combater o mosquito e ainda cria mais dificuldade, alguns até agredindo verbalmente os agentes, que estão ali para fazer o seu trabalho.
“Só para ilustrar, esta semana encontramos um imóvel com mais de 50 focos do mosquito na Vila Landinha, perto da garagem da Moretti. No local estavam armazenados vários eletrodomésticos e outros produtos descartados pela comunidade. Foi uma dificuldade para entrar no local e remover os produtos”, conta ele.
O mecânico Jair Gervásio, conta que passou por maus momentos no final do mês passado, por conta da dengue. Contaminado, ele teve febre, dores no corpo e achou até que poderia ter algum problema mais sério.
Assim como Jair, centenas de pessoas estão procurando os postos de saúde em busca de remédios contra a dengue. De acordo com o Boletim Epidemiológico publicado pela Sesa na semana passada, Barra de São Francisco já está entre os sete municípios do estado com maior incidência de dengue.
A doença é hoje a maior preocupação dos agentes da Vigilância Sanitária e Ambiental do município, também porque já foi constatada a presença do vírus tipo 2. Significa que, quem já foi infectado pelo vírus tipo 1, não está mais imune, porque pode ser infectado pelo tipo 2. Neste caso, há risco aumentado para formas mais graves da dengue, como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue.
Como confirmam os agentes, mais de 80% dos focos da dengue estão dentro das residências e nos quintais, locais onde os agentes só podem entrar com autorização. “Está muito preocupante a situação da dengue na cidade. A chegada do vírus tipo 2 é um alerta para todo o sistema de saúde, pois a partir daí pode evoluir para a dengue hemorrágica”, explica o médico Aloysio Ribeiro Alves, que esteve na feira livre recentemente, em campanha de conscientização contra a tuberculose, a hanseníase e a dengue.
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. (Weber Andrade com Sesa e Secom/ES)