A Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados divulgou nota nesta quinta-feira, 28, repudiando a iniciativa do presidente da República, Jair Bolsonaro, de comemorar o Golpe de Estado de 1964, quando os militares tomaram o poder, alegando que o Brasil estava prestes a se tornar um país comunista.
A situação é muito similar à atual, onde a esquerda foi “varrida” do poder central por artiluçãoes muito parecidas com as de 1964, quando o presidente João Goulart, o Jango, foi destituído por tentar implantar algumas inovações na política, como o voto livre e outros.
Tachado de “comunista” na época, Jango foi execrado pela mídia, assim como o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e a sua sucessora, Dilma Rouseff na atualidade. Depois do golpe teve início o período de “varredura” dos que eram contra o golpe e que dizimou boa parte da juventude politizada do país.
A nota da comissão, que é formada por quatro deputados federais de partidos de esquerda, como o PT, PSB e PDT, é contundente:
“Chocou o Brasil e o mundo que o Presidente da República tenha determinado, oficialmente, ao Ministério da Defesa, que ‘faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964’. A decisão é um atentado aos princípios civilizatórios. Durante a ditadura militar, resultante do Golpe de Estado de 1964, ocorreram prisões ilegais, torturas, assassinatos desaparecimentos e ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro. Além do fechamento do Congresso e da censura da imprensa.
Essas são conclusões da Comissão Nacional da Verdade que confirmou 434 assassinatos e desaparecimentos de civis o que, certamente, não corresponde ao total, mas apenas aos casos cuja comprovação foi possível. Sabe-se também que esses crimes eram de conhecimento e autorizados pelo Estado brasileiro.
A Comissão também destacou o reconhecimento, pelas Forças Armadas, de sua responsabilidade institucional pelas graves violações de direitos humanos, a responsabilidade jurídica dos agentes e a proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe militar de 1964.
Ao contrário de trabalhar no sentido da justiça, em defesa da memória e na busca da verdade, o presidente Jair Bolsonaro decide celebrar oficialmente crimes contra a humanidade, atos desumanos cometidos contra a população. Sua postura merece total repúdio. Ditadura e tortura não se comemoram.” (Weber Andrade com site da Câmara dos Deputados)