O chefe de um dos principais hospitais e líder na cidade de Wuhan, na China, epicentro do surto de coronavírus, morreu da doença nesta terça-feira, 18, informou a televisão estatal.
Liu Zhiming, diretor do Hospital Wuhan Wuchang, morreu às 10h30 (horário local). Ele é o segundo médico chinês a morrer infectado. No início deste mês, Li Wenliang, médico que foi repreendido por emitir um alerta sobre a epidemia, morreu.
Dezenas de milhares de trabalhadores médicos lutam para conter a disseminação do Covid-19, que se acredita ter surgido pela primeira vez em um mercado de frutos do mar em Wuhan, capital da província central de Hubei.
O número de mortos na China por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, chegou a 1.885 na segunda-feira, 17, informaram autoridades de saúde locais. O total de casos confirmados no país ficou em 72.460. Estes números incluem o balanço do dia da Organização Mundial da Saúde (OMS) mais a atualização da província de Hubei.
Casos ‘leves’ são maioria
Uma análise dos dados oficiais da China divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira, 17, mostra que a maioria dos casos confirmados de coronavírus é leve (80,9%), sem pneumonia ou com pneumonia branda. Todos os pacientes que morreram desenvolveram a versão mais grave da Covid-19, doença causada pelo vírus, que atingiu menos de 5% dos infectados.
O estudo confirma os indícios apresentados por outros cientistas: a maior taxa de mortalidade (14,8% dos infectados) está entre as pessoas com mais de 80 anos. Pacientes com outras doenças, principalmente as cardiovasculares, também têm uma chance maior de ter a versão crítica da Covid-19.
Foram coletadas as informações da epidemia na China até 11 de fevereiro, incluindo os casos confirmados naquele dia. A taxa geral de mortalidade se firmou como 2,3%, mas, além dos idosos com mais de 80 anos, pacientes com outras doenças têm uma probabilidade maior de desenvolver a versão mais crítica. Veja na arte abaixo:
Entre os infectados pelo 2019 n-CoV, 51,4% eram homens, que têm uma taxa de mortalidade maior do que a média, calculada em 2,8%. Já no caso das mulheres, o índice está abaixo: 1,7% não resistiram ao vírus. Fazendeiros e trabalhadores foram os profissionais mais afetados (22%). A maioria entre os 44 mil casos confirmados (85,8%) relatou exposição ao vírus na cidade de Wuhan, onde o primeiro caso foi detectado.
A taxa de mortalidade do coronavírus é menor que a de outros vírus da mesma família, como Sars e Mers. Ela está também abaixo de outras síndromes respiratórias, como o vírus Influenza no Brasil. No caso do H1N1, no ano passado, a média de idade era de 55 anos, e 72% apresentavam algum fator de risco, como outras doenças prévias.
Análise da propagação
Os cientistas chineses dizem que a epidemia é “mista”, com duas fases de disseminação – uma transmissão contínua no final de 2019 e uma propagação maior em 2020. Em dezembro, apenas 22 casos passaram a apresentar sintomas. O pico ocorreu em 1º de fevereiro e, desde então, a doença tem apresentado uma redução nas mortes.
“Esta tendência mista do tempo de surto é consistente com a teoria de que vários eventos tenham ocorrido no Mercado de Frutos do Mar em Wuhan, e que eles tenham permitido que o 2019 n-CoV fosse transmitido de um animal ainda desconhecido para os seres humanos e, devido às altas taxas de mutação e recombinação, ele se adaptou para se tornar capaz, em seguida, de uma transmissão eficiente entre humanos”, analisam os pesquisadores. (G1 Mundo)