Um bolo preto exposto na tribuna do plenário na sessão desta terça-feira, 5, simbolizou os quatro anos do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, no município mineiro de Mariana. O aniversário da tragédia, que deixou 19 pessoas mortas além de vários danos ambientais e sociais, foi assunto de destaque nos trabalhos em plenário.
O deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), idealizador do protesto simbólico, requereu um minuto de silêncio em memória das vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de minério. “Pessoas continuam morrendo, desassistidas, tendo prejuízos materiais e físicos sem nenhuma solução a não ser a solução dada pela Vale, BHP e Samarco de criar a Renova com o intuito de enrolar mais ainda e não resolver o problema” criticou.
Enivaldo também divulgou nas redes sociais um post onde culpa a Vale por crime ambiental no caso do rompimento da barragem em Mariana.
Vários outros parlamentares se manifestaram sobre o assunto. Iriny Lopes (PT) disse que participará nesta quarta-feira, 6, de audiência pública na Câmara Federal sobre o assunto. “O número de atingidos no Espírito Santo é muito maior do que as pessoas pensam. Não apenas os pescadores foram atingidos, mas foram atingidos todos os pequenos agricultores, a água continua contaminada, as crianças estão contaminadas e três importantes municípios estão à mercê de ampliar essa contaminação”, disse a parlamentar referindo-se a Linhares, Colatina e Baixo Guandu.
“Infelizmente esses criminosos estão soltos e o grande problema é que estão soltos e dificultando as investigações. Tenho mais 39 meses de mandato e até meu último dia vou lutar em favor dos impactados”, disse Marcos Garcia (PV).
Dary Pagung (PSB) comentou os impactos da lama para o município de Baixo Guandu e cobrou respostas para algumas questões. “Eu gostaria de saber, por exemplo, quantas árvores foram plantadas na bacia do Doce, quantas nascentes foram recuperadas, quantas árvores foram plantadas no topo do morro pra recuperar o nosso Rio Doce”, questionou.
Para Sergio Majeski (PSB) o rompimento “não foi acidente, foi crime ambiental que poderia ter sido evitado”. O deputado cobrou rigor nas fiscalizações e nos critérios para concessão de licenças ambientais a empresas potencialmente poluidoras. Falou ainda sobre a importância do trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Licenças da Assembleia Legislativa (Ales) na averiguação das licenças concedidas a empresas como a mineradora Vale. “Esses crimes poderiam ter sido evitados não fosse a conivência do poder público para com essas empresas”, sentenciou.
Euclério Sampaio (sem partido) também questionou a concessão de licença à Vale. “Esse crime completa quatro anos sem resolutividade. Fico imaginando como uma empresa como a Samarco teve a licença suspensa e a Vale não”.
Brumadinho – O deputado Dr. Rafael Favatto (Patri) repercutiu reportagem da TV Globo sobre documento divulgado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) apontando que a mineradora Vale tinha conhecimento dos riscos de rompimento da barragem de Córrego do Feijão, localizada em Brumadinho (MG), que colapsou no dia 25 de janeiro causando mais de 250 mortes. “Três dias antes a Vale sabia que a barragem ia se romper pelos níveis críticos apresentados na vistoria e não informou à ANM. Isso comprova o caráter criminoso da empresa”, condenou. (Weber Andrade com Webales)