Dona Clarinda Andrade, foi homenageada logo cedo hoje, 26, pela filha Sonia Andrade, pela passagem do Dia Mundial dos Avós. Professora aposentada, ela viveu quase toda a sua vida na região do Eraldo, hoje mais conhecida como Vila João Gomes, na rodovia que liga Barra de São Francisco ao distrito de Paulista.
Ali, na beira do rio São Mateus, ela criou os quatro filhos, que já lhe renderam pelo menos sete netos e foi professora numa escolinha hoje desativada. Mas muitos se lembram da figura sempre magrinha e sisuda que as ajudou com as primeiras letras. Hoje, logo pela manhã ela começou a ser homenageada nas redes sociais. Mas, no dia a dia, ela reclama da ausência dos filhos, uma vez que ficou morando sozinha na casa onde os criou. Porém, eles estão sempre por perto.
Se dona Clarinda influenciou a educação de muita gente que hoje também já está prestes a ter netos, no Espírito Santo, segundo indicadores do Programa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD Contínua) no setor de Educação, a taxa de analfabetismo das pessoas com 60 anos continua alta.
De acordo com o documento, o analfabetismo está diretamente associado à idade. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. Em 2019, eram quase 6 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais de idade no Brasil; 108 mil no Espírito Santo e 36 mil na Grande Vitória, o que equivale a uma taxa de analfabetismo para esse grupo etário de 18,0%; 17,8% e 12,9%, respectivamente.
Em Barra de São Francisco, pelo menos 10% da população tem acima de 60 anos. São 4.765 pessoas com 60 anos ou mais, de acordo com o IBGE. Embora as pessoas comecem a ser avôs ou avós hoje em dia já aos 50 anos de idade, geralmente, quem tem 60 ou mais já tem netos.
(Veja tabela por faixa etária mais abaixo).
Só na faixa dos 80 aos 84 anos, são 423 pessoas. Entre elas está o aposentado Cícero Heitor Pontes Pereira, que já está por fazer 85 anos. Cícero, que mora no centro de Barra de São Francisco, sempre recebe o carinho dos netos, mas, aos domingos, mesmo depois da pandemia, a família ainda costuma se reunir na casa dele para o almoço, levando a primeira bisneta, Heloísa.
IDOSOS EM BARRA DE SÃO FRANCISCO
100 anos ou mais…13
95 a 99 anos…21
90 a 94 anos…68
85 a 89 anos…93
80 a 84 anos…423
75 a 79 anos…665
70 a 74 anos…933
65 a 69 anos…1.168
60 a 64 anos…1.402
Fonte: IBGE
Mundo já tem mais avós do que netos pequenos
No Brasil, são mais de 30 milhões de idosos com mais de 60 anos, conforme aponta o IBGE, o que representa 14,6% da população.
Segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU), pela primeira vez o mundo tem mais avós do que netos pequenos. São 705 milhões de pessoas acima de 65 anos contra 680 milhões entre zero e quatro anos. Número simbólico neste mês de julho, quando se comemora o Dia dos Avós, data importante para reforçar os vínculos familiares e valorizar estas figuras que comumente exercem papel fundamental na formação dos netos. Neste ano, entretanto, as comemorações precisarão de uma dose extra de criatividade por conta da pandemia da covid-19 e da necessidade de isolamento social.
Cuidados com os avós durante a pandemia
Para a coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras de Linhares, Aline Peruch, o momento exige um olhar atento à saúde física e mental dos idosos, além de se tornar ainda mais importante a proximidade dos filhos e netos, mesmo que virtualmente
Aline destaca algumas dicas para comemorar o Dia dos Avós na quarentena, além de recomendações para apoiar os idosos que não possuem familiaridade com a tecnologia:
• É importante que todas as pessoas envolvidas na rotina dos idosos possam estruturar novas condições de contato. Vídeo chamadas diárias podem auxiliar no alívio do estresse e estreitar os vínculos afetivos;
• O uso da tecnologia no momento de pandemia é importante para estreitar laços e manter a saúde mental. Porém, é preciso destacar que nem todos os idosos têm familiaridade com esses recursos – é importante ensiná-los com paciência e atenção, pois eles aprendem por etapa. Pense que o processo de aprendizado pode ser um momento divertido entre netos e avós;
• Também é fundamental conversar com esses entes queridos, tirando dúvidas sobre a pandemia e explicando com detalhes e informações o momento que estamos vivendo. Os familiares precisam conduzir uma conversa, sempre reforçando que os dias sem contato físico são para o bem de todos;
• O contato constante dos avós ajuda no desenvolvimento dos netos e, para ambos, gera uma atenção genuína e de constante aprendizado. Neste momento, essa interação deve continuar com o uso dos recursos tecnológicos;
• E, por fim, a dica é usar a criatividade para avós e netos manterem a proximidade. Conversas por vídeo, jogos compartilhados e contação de histórias são caminhos. Além do convite para um almoço ou jantar, por exemplo, que também pode ser muito divertido se realizado virtualmente.
“Estabelecer uma nova rotina é a estratégia mais eficaz para lidar com o momento e manter a mente ativa e positiva nos idosos. O grupo de risco é responsabilidade de todos e com carinho e atenção podemos sim nos fazer presentes, afinal, é possível amar de longe”, finaliza. (Weber Andrade com Agência IBGE e Faculdade Pitágoras/Linhares)